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22 DE NOVEMBRO DE 1989 605

o País e nós próprios, que hoje em dia reforça uma situação de dificuldade. O Partido Socialista, hoje, não é um partido, acima de tudo é um clube do sinédrio.

Risos do PSD.

É uma zona onde, acima de uma capacidade de alternar, de afirmar com firmeza e frontalidade propostas alternativas, se cultiva o pessimismo português. Essa, Sr. Deputado António Guterres, é mais outra dificuldade que o Partido Socialista tem. E que quem gera, difunde e lança pessimismo coloca na opinião pública um reflexo causal, que projecta no próprio Partido Socialista uma dificuldade de a população poder apostar em alguém, cuja capacidade de intervenção é reduzida, cuja capacidade de alternativa é diminuída, cuja capacidade de afirmação política por si próprio é dependente e carente e, ao fim e ao cabo, se alimenta do pessimismo.
Os Portugueses, hoje em dia, só recolhem, e infelizmente - infelizmente, repito - e -, no PSD, e no seu Governo o sinal e o referencial de estabilidade e de progresso. Tal já não acontece nas oposições que, por flutuação estratégica excessiva, por incapacidade de afirmação própria ou por inexistência de referencial e estratégica, obrigam, hoje em dia, a que o Governo viva de si próprio e seja obrigado a auto-alimentar a sua própria crítica.
Apesar de tudo, Sr. Deputado António Guterres, o senhor é o único que, dentro do Partido Socialista, como dirigente, tem mérito em algumas críticas e formulações que faz, e o debate aqui, mesmo em alguns momentos diminuído, contribui para que possamos reflectir, ouvir e também aprender.

Risos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em segundo lugar, o Governo prometeu - e conseguiu - a afirmação de um poder nacional mais forte. No âmbito interno, e quando se contemplam os resultados da última sondagem à opinião pública, constatamos que uma esmagadora maioria do País diz que a consciência nacional está mais reforçada, a identidade portuguesa é mais visível e mais forte, o que significa que Portugal, nos últimos tempos, dentro da política empreendida, conseguiu que na integração na CEE obtivéssemos um reforço na nossa identidade. Os «velhos do Restelo», que pregaram contra a integração, cada vez estão mais isolados e sem t sentido. Às vezes, já não são mesmo uma força política, são mais uma espécie em vias de extinção.

Risos do PSD.

A tal ponto que hoje em dia o referencial de análise e '• de julgamento já tem pleno acolhimento no estrangeiro em termos favoráveis a Portugal. A nossa imagem interna/a imagem de nós próprios, Portugueses, reforçou-se; a imagem de confiança de nós próprios no País reforçou--se; a imagem pública, não vou dela dar testemunho, deram-nos instâncias importantes, a todo o momento, nos últimos tempos.
É por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que Portugal, integrando-se na CEE, reservou um espaço de manobra, um espaço de acção de política que privilegiou as nossas valências atlânticas. Nunca nenhum partido em Portugal, a não ser o PSD, conseguiu um reforço com as acções políticas com os países de língua portuguesa;
nunca nenhum partido em Portugal conseguiu que a lusofonia esteja, a ser um valor determinante na condução de acções políticas e culturais que unem povos de sítios diferentes, mas que tem entre si graus de relação e de parentesco elevadíssimos; nunca ninguém se centripetou no mundo como nós, nos últimos tempos.
Compreendemos o silêncio do PS: é o sinal político dá inveja de não o conseguir ter feito, mas também o sinal político da sua aceitação do que estamos a fazer.

Aplausos do PSD.

Não que nos queiramos gabar do facto, porque essa acção não corresponde a uma mera acção do Executivo, mas também a uma acção da Assembleia da República, e do Presidente da República, e, no momento em que este está em visita oficial à Guiné, é justo tributar homenagem a alguém que partilha, vive e pratica actos políticos que jogam em consonância com o sentido nacional e patriótico.

Aplausos do PSD e de alguns deputados do PS.

È por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que o PSD se apresenta neste debate respirando optimismo, vontade e determinação, aquilo que tem animado o País e aquilo que os partidos da oposição não conseguem fazer reflectir, protagonizar ou, no mínimo, tentar fazer produzir na opinião pública. Por estarmos em consonância permanente com o País, com, o sentir das populações, hoje em dia, é possível dizermos e manifestarmos que a discussão deste Orçamento e destas Grandes Opções do Plano são temas de fácil abordagem para nós, são evidentes, são lineares, e o ano de 1990 vão-no comprovar.
Uma última palavra para quem protagonizou e dirigiu essa política: o País vive melhor, sabe-o e sente-o. O Primeiro-Ministro é responsável por isso, mas a equipa do Ministério das Finanças também o é, e mal seria se nesta data e neste debate particularmente sensível uma palavra de um testemunho de solidariedade pessoal e política não fosse transmitido, porque somos todos partilhadores, como dizia e afirmava muito bem o Sr. Prof. Deputado Adriano Moreira, de uma certa forma de humanismo cristão e sentimos quando a crítica é moralmente injustificada e ultrapassa limites de ética. Nessas circunstancias, o é sempre bom e justificável um acto de solidariedade humana e política por quem o merece. Mas não serão atitudes destas que fazem minar a coerência, a vontade e a determinação de uma equipa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Estamos no Inverno, mas não o do nosso descontentamento. Estamos, antes, na preparação de uma nova esperança, esperança que países do Leste, em 1956, quiseram iniciar e, em 1969, quiseram lançar e que outros quiseram abafar. Hoje, partilhamos com eles uma nova esperança: a de que a liberdade, a capacidade, a determinação e o modelo ideológico libertador faça dos homens e das nações algo de que possamos ser dignos, livres e mais solidários.

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Deputado Ângelo Correia, confesso-lhe que tinha a tímida esperança de que o texto da minha intervenção fosse bastante mais