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21 DE DEZEMBRO DE 1989 955

fizeram bem, na medida em que, recordando as suas anteriores intervenções, se verifica que esta foi bem diferente.
Com efeito, o Sr. Deputado agiu num estilo tipo "madre Teresa de Calcutá", de maneira que foi beatífico e, efectivamente, nós gostámos e eu, em particular, gostei muito.
Vale isto para dizer que a sua intervenção foi efectivamente a oposta da do presidente do seu partido, o Sr. Primeiro-Ministro, e que o povo português, ao votar no domingo, obrigou, porventura, a arrogância "cavaquista" a antecipar-se.
Retemos, porém, a dúvida se este é o seu estilo pessoal - e eu cumprimento-o por isso -, ou se, efectivamente, é um avanço em relação ao comportamento da maioria do PSD, que não será, como V. Ex.ª anunciou, apenas vertido para o campo autárquico, mas, com efeito, .se reflectirá na forma e no comportamento da maioria nesta Assembleia e no comportamento do Governo perante a oposição e perante o País.
Pensamos que, efectivamente, o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro terão tirado essa lição, como V. Ex.ª, aparentemente, também tirou.
Queria fazer-lhe, Sr. Deputado Duarte Lima, apenas uma breve referência acerca do que disse quanto ao modo como se propõe o PSD assumir-se, enquanto oposição, nas autarquias onde efectivamente é oposição.
Gostava de dizer-lhe, Sr. Deputado Duarte Lima, que seria bom estudar o comportamento da tolerância, da concertação, isto é, um comportamento construtivo de oposição, tal como o PS teve, não só nas autarquias onde era oposição, mas aqui, nesta Assembleia, onde sempre foi oposição.
Que este exemplo seja um bom exemplo para VV. Ex.ªs reterem.
De qualquer forma, finalizo, mais uma vez, para o cumprimentar pela elevação da sua intervenção.

0 Sr. Presidente: - Para responder, se o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima.

0 Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero começar por agradecer a todos os Srs. Deputados que me colocaram questões as referências que fizeram à minha intervenção. A todos indiscriminadamente e até ao Sr. Deputado José Magalhães, que, acabado de regressar do INES, me dirige cumprimentos mais ou menos afáveis.
Começando pelo Sr. Deputado Armando Vara, que glosou como aliás também o Sr. Deputado Manuel Alegre este mote da "indignação do País", relativamente à intervenção do Sr. Primeiro-Ministro.

0 Sr. Manuel Alegre (PS): - Eu só falei da minha!

0 Orador: - Eu sei, mas o Sr. Deputado Armando Vara falou da "indignação do País".
Pretendo explicar que o Sr. Primeiro-Ministro, sem qualquer problema, reconheceu hoje, no fim da reunião da comissão política do meu partido, que no momento em que tinha feito...

Risos do PS.

VV. Ex.ªs, logo, poderão assistir, pois os noticiários já fizeram a isso referência!

Estava eu a dizer que tinha cometido um erro, pois os elementos de que dispunha, na altura, eram ainda transitórios. De resto, ele disse na sua intervenção que ainda não conhecia os elementos dos Açores. Contudo, reconheceu que, face aos elementos incorrectos que possuía, tinha cometido um erro e, portanto, também hoje, apresentou desculpas aos Portugueses por esse erro cometido na televisão.
Penso, pois, que VV. Ex.ªs não dispunham deste elemento, que, julgo, tranquilizará a vossa preocupação e as vossas consciências.
0 Sr. Deputado Armando Vara referiu que o que eu disse é muito pouco, por eu não ter dito que havia uma vitória inequívoca do PS.
Sr. Deputado, na minha intervenção, comecei por reconhecer que havia uma vitória do PS. Não disse, contudo, que era uma "vitória inequívoca", porque, em termos autárquicos, uma "vitória inequívoca" era aquilo que o PSD tinha há quatro anos atrás. 15to é, tinha maioria de votação e de mandatos nas assembleias de freguesia, nas assembleias municipais, nas câmaras municipais e também nas presidências.
Ora, espero que V. Ex.ª não tenha uma concepção só presidencialista do mundo autárquico, porque a representação democrática faz-se por excelência nas assembleias municipais - 0e VV. Ex.ªs prezam sempre tanto a instituição parlamentar- e nas assembleias de freguesia, que são as instituições parlamentares locais,
Portanto, a aferição deve ser feita pelo conjunto da votação nos três órgãos: assembleia de freguesia, assembleia municipal e câmara municipal, por mandatos e por votações.
Sucede, contudo, que se é certo que VV. Ex.ªs têm mais presidentes de câmara, têm maior votação nas câmaras municipais e nas assembleias municipais, a verdade é que estão atrás de nós na votação para as assembleias de freguesia, no número de mandatos para as assembleias de freguesia, no número de mandados para as assembleias municipais e no número de mandatos para as câmaras municipais.
Por isso, digo que VV. Ex.ªs têm uma vitória, mas não uma vitória inequívoca. Sê-lo-ia, porém, se estivessem à frente em todos estes indicadores.
Depois, V. Ex.ª toca no "papão de Lisboa". Ora, eu não sei por que é que V. Ex.ª tinha uma espécie de reacção pavloviana sempre que alguém do meu partido fazia referências à coligação por Lisboa. Não era para invocar papão nenhum porque ninguém acredita que o Dr. Álvaro Cunhal ou ali o nosso distinto colega Carlos Brito comam alguém. Como poderia um olhar celeste daqueles, um olhar tão manso e tão cheio de beatitude comer alguém?

Risos.

Não é nada disso. VV. Ex.ªs confundem tudo! A questão é outra. Nós chamávamos a atenção para uma situação política que preocupa pessoas, como o Dr. José Magalhães, como o Dr. Vital Moreira, que é o facto de o Partido Comunista ainda se não ter democratizado. Aliás, a isso se referiu - e muito bem - o Dr. Jorge Sampaio, há dias, numa entrevista a 0 Jornal, comentando outra entrevista do Dr. Vital Moreira, quando disse: "Ele há-de explicar o que é isso do comunismo democrático porque eu não sei." Quer dizer: só há comunismo antidemocrático.