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956 I SÉRIE - NÚMERO 25

Aquilo para que nós chamámos a atenção - e temos legitimidade política para o fazer - era para a incongruência política nesta coligação, de um partido democrático estar coligado com um partido antidemocrático.
A população não deu razão aos nossos avisos? Pois muito bem, aceitamos isso com toda a serenidade e com toda a tranquilidade. Não é caso para falar em papão nenhum!
Quando falo de perdas relativas, Sr. Deputado Armando Vara, quero dizer que tínhamos menos mandatos nas assembleias de freguesia do que temos agora, que temos uma maior votação nas assembleias de freguesia do que tínhamos antes, que temos mais mandatos nas assembleias municipais do que tínhamos antes. Por isso mesmo é que dizemos que tivemos perdas relativas. 15to está claro, é a lógica matemática, a lógica dos números.

0 Sr. José Lello (PS): - Então ganharam!

0 Orador: - Sr. Deputado Manuel Alegre, creio ter também respondido às suas preocupações.
Agora, vou responder ao Sr. Deputado Carlos Brito, se me permitem.
Diz o Sr. Deputado que eu fiz uma demonstração de quebra de arrogância. Muito obrigado, Sr. Deputado Carlos Brito, mas V. Ex.ª ainda não fez demonstração dessa quebra de arrogância. Espero que a faça, porque ainda tem hoje oportunidade para a fazer, porquanto, se é certo que o seu partido tem hoje mais três presidências de câmara, foi varrido eleitoralmente com a maior derrota em termos de votação, porque baixou cerca de 7 % para todos os órgãos autárquicos: assembleias de freguesia, assembleias municipais e câmaras municipais.
Espero, portanto, que V. Ex.ª faça aqui o acto de contrição e uma demonstração de quebra de arrogância e que reconheça, ainda, outra coisa: que esses votos são hoje uma conquista democrática, porque fizeram uma translação para o Partido Socialista, com o que estamos satisfeitos, embora não viessem para nós. Mas porque foram para o espaço democrático, a democracia enriqueceu-se com isso.
V. Ex.ª dê também uma prova de humildade democrática e venha aqui testemunhar isso. 0 líder do seu partido que faça coisa semelhante, já que o não fez ontem na televisão, mas que o diga hoje, porque tem oportunidade de declarar coisa semelhante.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Diz também V. Ex.ª que quero reduzir isto a um fenómeno, exclusivamente autárquico.
Não, não quero. Quero reduzir estas eleições a um fenómeno que é predominantemente autárquico e não exclusivamente autárquico.
Na vida política, como em todos os fenómenos da vida social, não há compartimentos estanques. Ora, o fenómeno não é exclusivamente autárquico, mas é predominantemente autárquico. Os senhores é que o querem tomar exclusivamente outra coisa que não autárquico, até porque ninguém até aqui andou a fazer campanha eleitoral a dizer que o que estava em causa era o governo do País. Os senhores fizeram isso em Borba, ou em Beja ou em Alvito, ou noutros sítios? Nem o Dr. Jorge Sampaio fez isso em Lisboa, pois na sua confrontação com o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa apenas disse: "Eu tenho um projecto para a cidade." E foi este projecto que

sempre quis discutir. Por sua vez, o eleitorado, naturalmente, achando que o seu projecto era o melhor e que foi melhor discutido, deu-lhe a vitória. Foi apenas isso que esteve em causa. Aliás, nem o Dr. Jorge Sampaio, no fim, da campanha, disse que estava em jogo uma dicotomia entre a esquerda e a direita nestas eleições. Assumiu isso. Por que é que o Sr. Deputado quer, agora, transformar isto, não num fenómeno predominantemente autárquico, mas exclusivamente outra coisa?

0 Sr. Carlos Brito (PCP): - Ali, é só autárquico!

0 Orador: - Não. É predominantemente autárquico,
como acabei de dizer. Se o Sr. Deputado me pergunta se
aqui há outros fenómenos, como de descontentamento em
relação ao Governo ou em relação ao PSD, não tenho
nenhum problema em o assumir, porque não tenho a
concepção, Sr. Deputado Carlos de Brito, de que um
governo de legislatura tenha que fazer só coisas que são
do agrado das pessoas, que tenha que estar em subida
permanente nas sondagens. Há altos e baixos e descontentamentos, com certeza! Claro que os senhores não
sabem muito isso. 0 Sr. Deputado José Magalhães faz
para baixo, mas ele não sabe bem isso porque nos vossos
governos só há altos. Mesmo lá fora, no Leste, só há
picos altos e nunca há picos baixos. Começa, porém,
agora a haver picos baixos, todos baixíssimos. E quando
os senhores se submetem a eleições, os picos são de
meter impressão a um anjo!
Portanto, Sr. Deputado Carlos Brito, é bom que nisto tenhamos todos um bocado de contenção e, nessa matéria, não venha V. Ex.ª dar-me lições porque não está muito à vontade para as dar.
Se há ou não uma mensagem nacional para o PSD? É capaz de haver. Acho que não devemos enterrar a cabeça na areia, mas pensar que deverá haver uma mensagem nacional para o PSD. Naturalmente, como disse na minha intervenção, vamos tirar disso as conclusões e as consequências.
Mas, Sr. Deputado Carlos Brito, há outra mensagem
nacional importante para o PCP nessa tal perda de 7 %
de votos, que eu referi atrás, e na translação desses votos
para o espaço democrático. Esse é outro dos sinais
importantes destas eleições. É, reconheço, um mérito do
Partido Socialista, mas não um mérito vosso. Os senhores não conseguiram segurar isso, o que vos vai dar dores
de cabeça com o INES, com os críticos e com tais
movimentos.

Aplausos, do PSD.

0 Sr. Presidente: - 0 Sr. Deputado Duarte Lima deseja continuar no uso da palavra para que efeito?

0 Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, é apenas para dizer que não foi por desconsideração, mas sim por lapso, que não respondi ao Sr. Deputado e meu querido amigo José Lello.

0 Sr. José Lello (PS): - Se fosse por escrito, eu aceitava!

0 Orador:' De resto, podia ser por escrito e por isso vou mandar-lhe a minha intervenção. É que parte das questões que me pôs estavam já respondidas na minha intervenção. Mas sei que V. Ex.ª estava aí a fazer os seus convites habituais de Natal, que são aqueles livros engraçados que nos oferece a todos por esta altura.