O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

21 DE DEZEMBRO DE 1989 959

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, dá-me licença?

0 Sr. Presidente: - 0 Sr. Deputado Pacheco Pereira pede a palavra para que efeito?

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, para defesa da consideração pela verdade visto que as referências que foram feitas são erradas.

0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado, tem a palavra.

0 Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, é apenas para rectificar a informação dada pelo Sr. Deputado João Amaral - a gente compreende o seu nervosismo neste caso -, mas o primeiro partido nas eleições para o Parlamento Europeu foi o Partido Socialista, em segundo lugar foi o Partido Comunista e o terceiro partido foi o PSD.

0 Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

0 Sr. João Amaral (PCP): - Eu veio que é com alegria que o Sr. Deputado se mantém no terceiro lugar.

0 Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

0 Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 Primeiro-Ministro cantou vitória antes do tempo, embalado pelo nomenclatura do partido, como afirmou hoje aqui o vice-líder parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Duarte Lima. 0 povo português foi votar pela segunda vez neste 2.º semestre de 1999 e. infligiu mais uma derrota - desta vez bem pesada - ao Prof. Cavaco Silva, aos seus ministros e ao seu partido.
Por causa do Prof. Cavaco Silva e pela mão do PSD, a direita portuguesa perde os seus bastiões tradicionais do poder local: Lisboa e Porto, Coimbra e Faro, Bragança, Chaves e Guimarães.
A sua operação longamente planeada e minuciosamente executada contra o CDS redundou num clamoroso fracasso, pois, longe de o aniquilar, refrescou as raízes fundas do partido dos democratas cristãos, demonstrou aos timoratos e incrédulos que o CDS é um partido vivo, actuante e imprescindível ao regime democrático português. Os oportunistas e os trânsfugas devem-se ter agora convencido de que o PSD não é afinal o tal projecto mobilizador do desenvolvimento económico que os passadores laranjas apregoavam aos ouvidos dos autarcas centristas, antes um partido em declarada desvalorização deslizante de mês para mês, um partido que, penosamente, dobrado sobre si próprio pelo fardo de constantes revezes, é empurrado na descida, depois de ter atingido o pico em Julho de l987.
Em 1991 chegará à sua base de 29 %, já despojado de arrogância política e de auto-suficiência tecnocrática.
Pelo caminho, a ruinosa reforma fiscal terá já desequilibrado a classe média, ampliando o fosso entre os especuladores cada vez mais ricos e as camadas populares a afundarem-se na pobreza.
Os sectores dinâmicos da sociedade portuguesa - com relevo para o norte empresarial e multiplicador de riqueza - acabam de dar um sinal inequívoco de que o discurso económico do Governo se esgotou ou não os

atrai, ao mesmo tempo que subscrevem as críticas da
oposição quanto à desastrada política financeira, ao bloqueamento da regionalização, à inexistência da reforma
administrativa, à desorganização do aparelho da justiça,
à pesporrência da política externa, à inoperacionalidade do
Ministério da Educação ou às injustiças da Segurança
Social.
Das capitais dos distritos apenas Aveiro, Castelo Branco, Leiria, Portalegre, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu se mantêm no hemisfério da direita, tendo perdido qualquer representação em Setúbal, Évora e Beja, praças fortes do Dr. Álvaro Cunhal, cujo prestígio o Dr. Cavaco Silva não conseguiu sequer beliscar, antes o promoveu à notoriedade.
0 País, desiludido, revoltado, refugia-se na abstenção e vira-se para a esquerda, sem se importar com a enorme propaganda ad terrorem desencadeada pelo Primeiro-Ministro contra o Dr. Jorge Sampaio e o Prof. Freitas do Amaral, como aliados do Dr. Álvaro Cunhal.
É gratificante para o CDS registar que a sua estratégia de resistir ao ataque impiedoso do PSD e ao apresentar-se autonomamente alcançou os objectivos fixados. Crescemos percentualmente mais do dobro em dois anos, acrescentámos câmaras e mandatos nas zonas tradicionalmente dominadas pelo PSD, e onde o partido do Prof. Cavaco Silva nos retirou uma ou outra câmara fê-lo com uma margem que não ultrapassa 500 votos. São vitórias de Pirro, meramente conjunturais, pois não abalam a malha do CDS, que se mantém forte e resistirá incólume, mesmo às novas investidas. 0 CDS é um dos quatro partidos fundamentais de Portugal e provou, pela segunda vez, que retomou o caminho da sua afirmação política, uma vez esvaziada a onda do voto útil num projecto que, a bem dizer, nunca chegou a existir.
0 Primeiro-Ministro é pessoalmente derrotado em Lisboa, Loures, Setúbal e Porto. 0 Vice-Primeiro-Ministro em Guimarães, onde se candidatou. 0 Ministro Silva Peneda soma à sua incompetência como Ministro do Emprego e Segurança Social a ineficácia como cabo eleitoral do PSD nos distritos ao norte do Tejo.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: -0 Ministro Fernando Nogueira cai vencido em Coimbra. 0 Secretário de Estado Oliveira e Costa em Aveiro, para não falar de outros pequenos comissários governamentais que se esfalfaram na propaganda anti-CDS por este país fora. É bom que eles continuem como membros do Governo, porque acabaram de mostrar a "obra feita" de que nos falou o Primeiro-Ministro na antevéspera das eleições. De facto, descer de 51 % para 31,2 % em dois anos é obra!

Risos do PS, do PCP e do CDS.

0 Sr. Primeiro-Ministro consola-se com os ganhos alternativos. Perdeu Aveiro mas ganhou Vagos; perdeu Braga, mas ganhou Terras de Bouro; perdeu Bragança, mesmo depois do desvio do seu presidente centrista, mas ganhou Mogadouro; perdeu Coimbra, mas ganhou Pampilhosa da Serra; perdeu Faro, mas ganhou Lagos; perdeu Lisboa, mas ganhou Mafra; perdeu o Porto, mas ganhou Póvoa de Varzim e, suprema glória, ganhou ao CDS Leiria e Vinhais! Aqui o aliciamento pagou ...

Risos.