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21 DE MARÇO DE 1990 1915

O Orador: - Não vai ser o socialista Monterroso, nem o socialista Narciso Miranda? Diga-me, por favor, quem vai ser, e ficar-lhe-ei muito agradecido! Não estou suficientemente a par dos últimos acontecimentos. Assim, Sr, Deputado, dou-lhe uma óptima oportunidade para nos anunciar quem vai ser o futuro presidente da Associação Nacional de Municípios.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Isso é que é defesa da consideraçâo, bem?!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lacão.

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Sr. Presidente, estou muito embaraçado! O Sr. Deputado Silva Marques pediu a palavra para defender a honra, mas fez-me uma pergunta cuja resposta vem nos jornais. Faça o favor de ler os jornais e, através disso, salve a sua honra, Sr. Deputado Silva Marques.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Eu não compro jornais!

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como é tradição nesta Assembleia, que o CDS cumpre com particular prazer e honra, a direcção do partido, eleita no seu IX Congresso, apresenta a todos os grupos parlamentares, sem qualquer excepção, e a todos os Srs. Deputados os seus respeitosos e cordiais cumprimentos.
Separam-nos óbvias divisões ideológicas, divide-nos o antagonismo da luta política, mas há, seguramente, um denominador comum que a todos nos une, que é a defesa do interesse de Portugal e dos Portugueses e a defesa da democracia, naquilo que ela tem de tolerância, de diálogo e de convívio.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O nosso Congresso foi amplamente participado e profundamente vivido e traduziu uma segunda e pesada derrota para aqueles que, tendo tentado aniquilar-nos nas eleições autárquicas, esperavam deste Congresso aquilo que os votos nessas eleições lhes não tinham dado.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O CDS saiu do seu Congresso rejuvenescido, pacificado, mais unido do que nunca. Fundamentalmente, saiu rejuvenescido!
Neste Congresso do CDS deu-se algo de importante no panorama político português: o aparecimento de uma ala jovem, uma ala formada na democracia crista portuguesa, que surge organizada, empenhada, comprometida com o seu partido, no sentido de dar uma prova insofismável de que a inovação e o futuro passam, necessariamente, por ela.
Pergunto qual é o partido português, em que a juventude normalmente serve para colar cartazes em tempo de campanha eleitoral, que pode surgir com uma força de ml maneira importante e capaz de ser uma voz cotada e determinante em termos de futuro de um grande partido como é o CDS.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Permitam um desabafo de um vosso colega que pertence à geração fundacional do CDS: nada mais grato para a geração fundacional do CDS e para aqueles que souberam estar e resistir quando o partido esteve efectivamente em perigo nos anos de 1975, que souberam resistir, crescer e transformar o CDS num partido de governo e imprescindível na sociedade portuguesa, do que olhar hoje para esta juventude democrata-cristã, que sentimos ser já capaz de tomar nas suas mãos o futuro de uma ideia e cumprir o compromisso fundacional do CDS para com o seu eleitorado. É, pois, uma profunda satisfação de dever cumprido aquilo que aqueles que, como nós, fundaram o CDS hoje sentem!
Em termos de conclusões políticas e estratégicas, podemos dizer que o CDS sai clarificado, de uma forma nítida, na sua doutrina, na sua natureza e na sua estratégia para os actos eleitorais que se avizinham. O CDS é hoje, como sempre, mas talvez mais do que nunca, um partido democrata-cristão. Um partido democrata-cristão comprometido com o Concilio Vaticano II, de uma democracia cristã inovadora e actuante, capaz de fazer uma ponte ou de marcar um encontro com correntes laicas do pensamento não fechadas à realidade crista"; capaz de ser um pólo inovador, conciliador da liberdade e da solidariedade, fonte de esperança, como é hoje (ou foi ontem) na RDA, como foi anteontem na Polónia, como é um pouco por todo o lado, nomeadamente na América Latina; capaz de dar da democracia, o bem precioso da liberdade e de outras correntes que não o conseguiram fazer com liberdade, o bem precioso da justiça e da solidariedade social. Partido democrata-cristão na doutrina, mas eminentemente centrista no método.
Quase poderia dizer que hoje se tem a sensação de que o que separa mais a sociedade portuguesa não é, por vezes, tanto a ideologia, mas mais aqueles que tom da sociedade a visão global da moderação, do equilíbrio, do consenso, do diálogo como arma fundamental do progresso e da inovação, aqueles quo continuam a ter uma visão radical, a visão das certezas feitas, que não tem dúvidas, que entendem que a dialéctica é um mal que atrasa o progresso económico e que as fronteiras que separam os homens são úteis para outros objectivos.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Que Deus o abençoe!

O Orador: - Para nós, o centrismo não é uma doutrina mas sim um método que não tem nada de indecisão nem se apresenta como uma situação morna perante os desafios da sociedade. Pelo contrário, o centrismo é algo de inovador que é necessário executar com coragem, com determinação e com espírito de total abertura.
Consequentemente, nesta Assembleia, temos de nos sentir perto de todos aqueles que se espalham pelas diversas bancadas, que tem da sociedade e do homem a visão personalista e humanista que nós, nesta bancada, com a necessária modéstia, nos orgulhamos de reivindicar.