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1918 I SÉRIE - NÚMERO 54

O CDS considera que é desejável o aparecimento de uma candidatura, na sua área de influência, que possa opor-se a uma eventual recandidatura do Dr. Mário Soares, mas entende que não está obrigado a fazer surgir essa candidatura, aguardando que ela resulte da sociedade civil.
Ora bem, não sei se o Congresso do CDS resolveu a questão que lhe vou colocar nem sequer se o Sr. Deputado Basílio Horta quer ou não tentar resolvê-la aqui connosco, e que é a seguinte: admitamos, por hipótese, que não surge da sociedade civil essa candidatura, ou seja, que a sociedade civil, por circunstâncias várias, não é capaz de a suscitar! Nestas condições qual vai ser a posição do CDS? Será que o CDS vai admitir que o eleitorado democrata cristão vença eventuais relutâncias e vote no Dr. Mário Soares ou pensará que, ainda assim, mesmo nessas circunstâncias, não deverá concordar com a candidatura do Dr. Mário Soares?
Creio que esta é uma questão interessante para ser abordada entre nós e que pode abrir perspectivas relativamente a toda esta problemática. Por isso a coloquei aqui!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa da Costa.

O Sr. Barbosa da Costa (PRD): - Sr. Deputado Basílio Horta, no rescaldo da reflexão que ocorreu no vosso Congresso, em que foi reafirmado, como aqui teve oportunidade de dizer, a política desenvolvida pelo CDS ao longo da sua existência, em nome do PRD, quero saudar, na pessoa de V. Ex.ª, toda a direcção eleita no Congresso, bem como todos os militantes, eleitores e simpatizantes do CDS, esperando que a vossa acção interventora no futuro continue a desenvolver-se de forma a beneficiar a sociedade portuguesa.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de mais, quero agradecer as questões levantadas, que foram do maior interesse, e as saudações que, de forma tão amiga e sincera, foram dadas ao CDS e à sua nova direcção.
O Sr. Deputado António Guterres, para além das saudações que dirigiu ao CDS e que, mais uma vez, com espírito pessoal e de amizade lhe agradeço, colocou o problema da verdadeira alternância que existe entre o socialismo democrático e a democracia cristã. Esperemos que, no futuro, como tive ocasião de dizer -pode ser já amanhã! -, essa alternância não seja apenas uma esperança mas, sim, uma realidade.
Quanto ao Sr. Deputado Duarte Lima agradeço igualmente as suas palavras e quero referir o seguinte: em primeiro lugar, eu não disse, com azedume, que o PSD tentou liquidar, salvo melhor expressão o CDS nas eleições autárquicas. Aliás, devo dizer, Sr. Deputado, que não tenho qualquer tipo de azedume para com o PSD; não é isso que está em causa! O que fiz foi, apenas, reflectir sobre realidades e o Sr. Deputado Duarte Lima, como pessoa objectiva e séria que é, há-de reconhecer que nas eleições autárquicas o PSD erigiu o CDS como principal adversário...

O Sr. Filipe Abreu (PSD): - Foi o contrário!

O Orador: -... e tudo fez para o destruir! Essa era a vossa estratégia! Aliás, ainda há dias o engenheiro Álvaro Barreto admitiu isso publicamente e honra lhe seja feita! -, dizendo, claramente, que foi mau que tal tivesse sido assim!

O Sr. Filipe Abreu (PSD): - Foi ao contrário!

O Orador: - Dizer isso é interessante, Sr. Deputado Filipe Abreu, pois significa que os senhores já vêem no CDS capacidade de tentar destruir o PSD a nível nacional!

Risos do CDS.

É um bom começo! De qualquer maneira, essa foi a vossa posição em termos de eleições autárquicas. É, pois, sem azedume, mas marcando este aspecto, que intervim.
Seguramente que o PSD não terá gostado que este nosso Congresso tivesse decorrido assim, talvez tivessem desejado que outra fosse a solução!...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Duarte Lima (PSD): -Sr. Deputado Basílio Horta, apenas quero dizer que o que referiu não é verdade. Sempre pensámos que o vosso Congresso iria decorrer da melhor maneira para o CDS e para o Prof. Freitas do Amaral. Mas o que nunca pensámos foi que na lista para o Conselho Nacional o Prof. Freitas do Amaral fosse derrotado...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O PSD não pensou nisso porque o Sr. Deputado faz parte de um outro partido que não é o nosso!

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Eu sei, eu sei!

O Orador: - No entanto, compreendo o embaraço do Sr. Deputado! É que no seu partido não há derrotas, há só vitórias! Enquanto os senhores e o Dr. Cavaco Silva estiverem no poder há só vitórias, mas quando passarem à oposição vai ver que não é só no Conselho Nacional que os senhores vão ser derrotados, é também na direcção do vosso partido!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao problema das presidenciais, quero dizer-lhe o seguinte: o Dr. Mário Soares é uma referência histórica do socialismo português, é - e peço desculpa, pois creio que compete ao PS dizê-lo, mas julgo que também o posso fazer porque se trata de uma questão pública - a primeira referência do PS. Repito, o Dr. Mário Soares é uma referência histórica do socialismo democrático em Portugal e é a primeira referência do PS.

O Sr. Filipe Abreu (PSD): - Mas não como Presidente da República!