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1916 I SÉRIE - NÚMERO 54

Somos, igualmente, um partido cuja natureza é claramente alternativa. De facto, o CDS saiu deste Congresso como um partido alternativo; um partido que vive por si, sem necessidade de estar à espera das vicissitudes que possam acontecer aos outros partidos. Pensamos pela nossa cabeça, temos a nossa estratégia e confiamos no povo português porque o nosso partido é, sem dúvida, o partido da esperança!
Quanto à estratégia para os próximos actos eleitorais que se avizinham no tocante às eleições presidenciais, devo dizer que o CDS não partilha da posição já assumida, nomeadamente pelo PSD, de apoio ao Sr. Presidente da República, não pelo particular apreço em que tem a acção deste órgão de soberania, mas pela simples razão de oportunismo, de evitar uma nova e mais pesada derrota.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O CDS tem um alto respeito pela magistratura do Sr. Presidente da República, mas diz, com total clareza, que não apoiará uma eventual recandidatura do Dr. Mário Soares. Mas, nem por isso, o CDS se sente obrigado a «fabricar» um candidato, prestando assim um mau serviço à instituição e dando provas, se assim acontecesse, de falta de autenticidade perante a .sociedade portuguesa.
O CDS entende que é útil que surja uma candidatura alternativa à do Sr. Dr. Mário Soares, mas uma alternativa seria, que tenha raízes profundas na sociedade portuguesa e que seja capaz de travar, com o Sr. Dr. Mário Soares, um debate que dignifique a democracia naquilo que ela tem de alternância a todos os níveis do poder político e que dignifique...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Só o Prof. Freitas!

O Orador: - Sr. Deputado Silva Marques, cada vez que me quiser interromper eu calo-me. De facto, V. Ex.ª tem vindo a interromper-me desde o início da minha intervenção, aliás como é seu hábito!... Portanto, a partir deste momento calo-me e V. Ex.ª interrompe-me quando quiser!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado, apenas gostaria de dizer que creio que uma das figuras que poderia representar o projecto que V. Ex.ª acabou de definir seria o Prof. Freitas do Amaral.

O Orador: - É só para isso que V. Ex.ª quis interromper-me? A Câmara julgará da acuidade e da ética da sua intervenção.
Como estava a dizer, o CDS entende que é útil essa candidatura alternativa, desde .que seja autêntica, por forma que os Portugueses se possam ver reflectidos em dois conceitos, em dois projectos, em duas formas diferentes de exercer o mandato presidencial. E essa decisão tem de compelir, antes de mais, aos eventuais candidatos, que devem ter eles sim uma ligação directa com o eleitorado, sem uma indispensabilidade de intermediação partidária.
Em relação às próximas eleições legislativas, o CDS apresentar-se-á com total autonomia e integral independência, sem quaisquer coligações pré-eleitorais, sem quaisquer compromissos pós-eleitorais.
Se o eleitorado, em próximas eleições, não der maioria absoluta a um só partido, como, aliás, é previsível, depois da experiência nefasta do PSD, é evidente que o CDS, como partido democrático que é, não recusará o diálogo indispensável para a formação de governos maioritários de coligação.
No entanto, só participará em qualquer governo de coligação desde que o núcleo essencial da sua proposta política e aquilo que entende ser o núcleo essencial das medidas que interessem ao País e que constem do compromisso feito para com o seu eleitorado tenham garantias suficientes de serem adoptadas e aplicadas.
A nossa única limitação é a vontade do eleitorado expressa nas umas!
Depois das eleições partimos em total equidistância, em termos de política de alianças, relativamente ao PSD ou ao PS. É bom que fique claro: com total liberdade, com total independência, em completa equidistância em relação ao PSD e ao PS no que toca a política de alianças. Apenas teremos em linha de conta a vontade do eleitorado expressa nas umas e a negociação, que se deseja transparente e feita à vista do povo português, no que toca à adopção do núcleo essencial dos nossos princípios e das nossas propostas.
Sr. Presidente, Srs, Deputados: O CDS saiu deste Congresso como um partido inteiramente livre, autónomo e independente: um partido que não anda ao mando de quem quer que seja, que não anda ao mando de qualquer tipo de interesses, a não ser daqueles que decorrem do interesse nacional e do eleitorado que nos honramos de representar.
O CDS é, hoje, em Portugal, o representante do movimento democrata-cristão, movimento esse que já é da esperança e que temos a responsabilidade de concretizar num futuro, que não temos dúvidas em dizer que é já amanhã. Assim, o movimento democrata-cristão será a principal força política de Portugal.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados António Guterres, Duarte Lima, Carlos Brito e Barbosa da Costa.
Tem, pois, a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Deputado Basílio Horta, quero, em primeiro lugar, em nome da minha bancada e do meu partido, saudar o CDS e a sua nova direcção política saída do recente Congresso.
A história política da Europa moderna, da Europa democrática, que é hoje, cada vez mais, exemplo para todo o mundo, tem sido, em grande medida, a história dos momentos dos pontos de consenso e de divergência democrática entre duas grandes famílias políticas: a família democrata-cristã, de que o CDS faz parte, e a família socialista democrática e social-democrata, a que o PS se orgulha de pertencer.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - É por isso mesmo, Sr. Deputado Basílio Horta - e quero aqui reafirmar isso com toda a sinceridade -, que a democracia portuguesa precisa de um CDS forte que seja o intérprete, em Portugal, de uma ideologia e de uma política que, não sendo as nossas, reconhecemos como complemento imprescindível da democracia portuguesa.

Aplausos do PS.