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2256 I SÉRIE - NÚMERO 66

da fraternidade, da solidariedade e da alegria que a música proporciona e que os jovens sabem, como ninguém, viver e transmitir.
Vários concertos realizados em diversificados locais de Vila Nova de Gaia, no Porto, em Espinho, em Matosinhos, em Cinfães e em Coimbra culminaram com um grandioso desfile e um festival de encerramento, que encantaram todos quantos tiveram a oportunidade de os usufruir.
A ansiedade e a expectativa da chegada dos grupos nacionais e estrangeiros foi rapidamente substituída pela participação repartida e por todos comungada, culminando, na hora da partida, com a saudade da separação e o desejo de regresso futuro.
As instituições e entidades que apostaram nesta realização e que acreditaram no seu êxito podem estar orgulhosas pelos resultados obtidos.
É que não se tratou só de um acontecimento musical de inegável interesse cultural, mas também de uma inestimável afirmação do poder único da comunicação da juventude, que derruba, com a maior facilidade, as barreiras linguísticas, civilizacionais e políticas para, num só corpo e numa só alma, criar um coro uníssono de apelo à concórdia e à partilha dos seus bens culturais e da sua postura perante o mundo e os homens.
Não seria justo deixar de salientar o empenho, a dedicação e a entrega totais, até ao sacrifício pessoal, da sua Comissão Organizadora e dos jovens que contribuíram para a sua efectivação, que deixaram no espírito dos participantes a mais grata recordação e o maior reconhecimento.
Um evento desta natureza mereceu dos jornais e das estações de rádio da região e de outros pontos do País uma divulgação e cobertura significativas, o que constitui um sinal positivo da atenção que órgãos de comunicação responsáveis têm por acontecimentos relevantes e importantes.
Em tal conjunto não alinhou a RTP, que, salvo esporádicas referencias em alguns momentos e apesar de estarem os seus estúdios do Norte sediados no concelho em que o festival se desenvolveu, não se dignou «descer ao povoado», para transmitir para o resto do País o eco desta manifestação.
A nossa, eventualmente limitada, visão da hierarquia de valores não julga tão importante a vinda de um qualquer e ignoto jogador brasileiro, apanhado a jogar a bola numa qualquer praia do país-irmão, que, quase sempre, merece a alargada reportagem, numa prova de indigência cultural de quem pontifica na doméstica televisão.
Penitenciam-nos, lambem, por não considerarmos que estas coisas da arte e da cultura sejam um discutível entretenimento de alguns maníacos que, no entender ridículo de alguns, deviam dedicar-se a questões mais pragmáticas e positivas.
Não pertencemos também ao número dos iluminados que julgam que os jovens devem crescer e aparecer e que têm muito tempo para merecer a atenção da sociedade. Todavia, alinhamos com aqueles que consideram que a política seguida pela RTP, como diria frei Bartolomeu dos Mártires, está a precisar de uma eminentíssima reforma.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Deixemos- os responsáveis pela RTP com os seus fantasmas e as suas arrevesadas orientações e fiquemo-nos com a indiscutível dimensão e significado do Festival Internacional- de Música para Jovens, que desejamos se desenvolva e se alargue, para que a cultura desenvolvida pelos jovens seja, cada vez mais, o veículo privilegiado da criação de espaços de encontro e de diálogo entre os homens.

Aplausos do PRD, do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Costa.

O Sr. Vítor Costa (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Assembleia da República reservou a sessão de hoje para o levantamento e discussão de problemas locais e regionais, na situação geral de um. país que, como reiteradamente vem sendo apregoado, vive tempos de «vacas gordas».
Em relação a Coimbra, se, em nome da razoabilidade, não podemos dizer que as «vacas» que nos tem calhado, até pela nossa localização no centro/litoral, são daquelas escanzeladas e tuberculosas que, em certas zonas raianas, subrepticiamente, passam a fronteira e vêm «a ares» em Portugal, lambem, em nome da verdade, temos de afirmar que os «bichos» que nos têm saído em sorte estão longe de serem fartos e luzidios, como o distrito e as suas populações reclamam e merecem.
Este quadro geral radica impressivamente, na constatação de continuar por suster a progressiva desertificação das populações e da paisagem natural das zonas serranas do interior do distrito. Ilhotas de crescimento industrial, como a de Oliveira do Hospital, ou inaugurações de centros energéticos de biomassa em Miranda do Corvo não contradizem, antes marcam, o contraste no tom geral. Também, por alguns números e índices disponíveis, se confirma que as grandes assimetrias e diferenciações, que caracterizam, tradicionalmente, o distrito de Coimbra não se têm esbatido mas que, pelo contrário, se têm acentuado.
As infra-estruturas viárias, mesmo nestes tempos de neofontismo, continuam a ser deficientes e em desenvolvimento lento.
Na rede rodoviária constatamos quanto penoso' está a ser para o pequeno troço Trouxemil-Raiva, do futuro IP 3, galgar o rio Mondego, a montante de Penacova.
Quando a tradicional e, até ver, insubstituível Estrada das Beiras entra, a seguir a Poiares, na serra de São Pedro Dias, regride e adquire o estatuto de picada florestal. Na ponte de Segade, que devia ligar Miranda a Condeixa e à estrada nacional n.º 1, já o mato cresce em cima da considerável massa de betão implantada, tal o tempo decorrido desde que a obra parou.
As estradas entre os concelhos vão-se degradando e a não construção de um viaduto sobre a estrada nacional n.º 1, em Condeixa, ligando para Soure e Figueira da Foz, continua a custar vidas humanas, como já se verificou esta semana, uma vez mais.
Na rede ferroviária, Soure vê cessarem - caso das tarifas - ou diminuírem de qualidade, os serviços prestados pela CP, enquanto os utentes do ramal da Lousã vivem em permanente sobressalto com a administração, que, em lugar de renovar e desenvolver de forma adequada a linha, pratica uma política imediatista de fechar e abrir apeadeiros.
As obras do Baixo Mondego arrastam-se e eternizam-se e parece que tiveram por objectivo único obrigar o Mondego a deixar, de ser «basófias». A sua não conclusão provoca ou facilita, entre outros prejuízos, a ocorrência de inundações, como as verificadas, no mês passado, nos campos de arroz e que podem, mesmo, ter comprometido as colheitas deste ano.