O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3642 I SÉRIE - NÚMERO 102

criminalidade, mas aquilo que podemos ler no relatório da segurança interna, discutido aqui há poucos dias, é que de ano para ano o relatório vem minimizando esta questão, pois este ano há apenas uma brevíssima referência dizendo que aumentaram drasticamente as suposições...
No entanto, não há qualquer referência a um presumível incendiário que tenha sido capturado e muito menos a qualquer um que tenha sido julgado, quando nos últimos relatórios ainda se referiam três ou quatro casos para desculpabilizar a consciência policial, digamos assim, do Governo.
No relatório da segurança interna apresentado este ano não se agarrou sequer um incendiário!... Então, não se agarra ninguém num país em que, por exemplo, desde Junho até agora, já se registaram 10 000 incêndios?... Ora, se destes 10 000 incêndios 80% são, presumivelmente, de origem criminosa, então são 8000 criminosos... Agarrem um, por favor! Mas não venham para aqui dizer que há uma mafia internacional... Agarrem alguém! E quando agarrarem alguém pode ser que a coisa comece a melhorar!...
Já não estamos no tempo de dizer que são os comunistas ou as celuloses que queimam!... Nada disso é verdade ou- parece não ser! Agarrem essa mafia do tráfego de madeira queimada, pois não basta fazer depósitos para a madeira.
Vejam a questão de uma forma integrada: como há pouco já referi, aquilo que são factores de risco podem ser factores rentáveis, como é o caso da utilização da biomassa. Se criarem centros de recolha de biomassa, nomeadamente nas regiões centro e norte do País, se houver incentivos por forma a que os matos sejam cortados, depositados, vendidos e possam depois produzir energia, essa biomassa, que é aproveitável, já não será libertada por combustão nos incêndios. É uma questão tão simples!...
Antigamente os povos faziam isto pelo instinto natural que a natureza os obrigava a desenvolver para poderem sobreviver. Mas, hoje, o povo que vive na floresta é gente à beira de partir: uns para o outro mundo, outros que já partiram para a outra Europa! As pessoas que vivem na floresta já não tem mentalidade florestal e o País não pode ser um país florestal sem mentalidade florestal.
É muito bonito termos bombeiros! Ninguém mais do que os bombeiros neste país merece os nossos agradecimento e reconhecimento,' mas os bombeiros são a fase posterior. O que nos falta são guardas florestais justamente pagos e tecnicamente preparados; o que nos falta são medidas de prevenção, e para isso o Governo declara, «candidamente», através do Sr. Director-Geral das Florestas, que as verbas ainda não foram transferidas... E depois? Bom, depois os guardas florestais vão fazer greve! E quando? Em Agosto! Ora, a juntar ao calor, aos matos que não foram cortados, enfim..., à falta de ordenamento florestal, temos os guardas florestais, os poucos que ainda temos, em greve, quando tudo vai arder... Nessa altura aí vão andar os incendiários, a mafia da madeira queimada -porque o nosso país tem reunidas as' condições óptimas para poderem continuar a «trabalhai»...-, a traficar, porque nunca algum deles será agarrado se continuarmos com este ritmo!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Silva Marques, solicitou a palavra para que efeito?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, para defesa da honra e consideração da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Herculano Pombo, tenho dificuldade em ouvir falar de questões tão graves para o nosso país com tantas palavras inconsequentes. Tenho razão para assim falar por 'que o Sr. Deputado, o ano passado, numa sessão da Comissão da Administração do Território, Poder Local e Ambiente disse que tinha sobrevoado uma zona ardida e que isso bastara e fora suficiente para ter enxergado, ao longe, uns incendiários. E, tendo sido solicitadora Comissão, sob minha proposta, a informar as diligências concretas que fizera, V. Ex.ª não foi capaz de o fazer.
Era esse o motivo por que, há momentos, lhe perguntei se este ano tinha feito algum voo. Se calhar nem isso! Como vê, está a andar para trás! Pelo menos não nos disse que voos tinha feito este ano.
Por isso, Srs. Deputados, perante questões da maior gravidade para o nosso país, penso que, desde logo, uma iniciativa útil seria sermos mais sóbrios relativamente a um assunto tão difícil e tão grave para o nosso país.
Os Srs. Deputados Comunistas dizem-nos aqui, no dia seguinte àquele em que terminaram uma visita..

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Silva Marques, vai-me desculpar...

O Orador: - Vou terminar.

O Sr. Presidente: - Não é para terminar...

O Orador: - Estou a enquadrar o problema, Sr. Presidente. Já sei que V. Ex.ª vai sugerir-me para não falar do Partido Comunista.

O Sr: Presidente:- É que a falar no Partido Comunista dará origem a dois direitos de resposta.

O Orador: - Então não falo e vou terminar imediatamente.

O Sr. Deputado Herculano Pombo, a primeira coisa que, a meu ver, devemos fazer perante questões tão graves para o nosso país é sermos sóbrios relativamente às catadupas de palavras que usamos.
Refiro-lhe, concretamente, o facto de o ano passado V. Ex.ª ter sido incapaz de, depois de ter afirmado, depois da catadupa das v palavras, que tinha enxergado um incendiário, informar, conforme lhe foi pedido; as «diligências» que tomara e, embora referindo-se, muito ligeiramente, a uma determinada personalidade que teria contactado por telefone, não foi capaz de dizer quem.
Por isso, Sr. Deputado, devemos ter um pouco mais de acção prática em vez de tanta, acção verbalista.
Devo dizer-lhe que no sábado comecei, às 10 horas, a visitar vários concelhos da zona do pinhal. Comecei em Castanheira de Pêra, acabei às 20 horas em Ansião. Aproveitei intensamente essa jornada e não fui capaz de visitar mais populações a não ser as que referi: Castanheira de Pêra, Pedrógão Grande, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos e Ansião. Tenho dificuldade em imaginar como foi possível alguém, em dois dias, visitar quase toda a zona do pinhal...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - É só multiplicar por cinco! Olhe que foram cinco deputados!