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21 DE NOVEMBRO DE 1990 413

Sr. Deputado Montalvão Machado, devo dizer-lhe que, efectivamente, não disse nada disso, pelo que a parle final da sua intervenção é completamente desajustada.
Na verdade, e porque vários deputados da sua bancada se referiram à necessidade e ao gosto que leriam em ouvir o Sr. Presidente da Câmara de Lisboa, o secretário-geral do Partido Socialista, Jorge Sampaio, o que eu disse foi que iriam ter oportunidade de o ouvir logo à noite, uma vez que ele irá falar sobre várias matarias e se o jornalista o questionar sobre o Orçamento certamente lambam se referirá a ele. Portanto, como pode ver, não foi nada disto o que o Sr. Deputado disse.
Quanto à interpretação que fez das minhas palavras, devo dizer-lhe que respondi apenas aos remoques, esses, sim insultuosos, por parte da sua bancada, sobre a ausência do deputado Jorge Sampaio, que agora tem o mandato suspenso.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Insultuosos porque?

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, poço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Para exercer o direito de defesa da consideração pessoal, por ter sido acusado de utilizar uma cassette sem o ter feito.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado, mas solicito-lhe que seja breve.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Na verdade, trata-se de uma prerrogativa que o Partido Comunista tem, que eu não quero utilizar e, sobretudo, não quero plagiar.

Sr. Deputado Manuel dos Santos, V. Ex.ª referiu-se ao meu colega por ele ter dito «catalinária» e não «catilinária». Gostaria de dizer-lhe que o senhor também pronunciou 35 vezes a palavra «berba» e não verba.

Risos do PSD.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sou do Porto, Sr. Deputado!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Ó Sr. Deputado Duarte Lima, essa deveria ser publicada no Jornal de Notícias.

O Orador: - E faço esta correcção em homenagem a deputada Edite Estrela, que, neste momento, não está presente no Plenário.
Por outro lado, o Sr. Deputado Manuel dos Santos, acusando de tom pretensamente monocórdico a minha bancada embora visse que muitos deputados lhe colocaram questões, não foi apenas uma voz, e, de resto, irá ver, na continuidade do debate, que não faltarão vozes deste lado disse que o PS tem muitas vozes. E certo que o PS tem muitas vozes, são é todas desafinadas, e muito desafinadas, Sr. Deputado Manuel dos Santos!
Mas insisto na pergunta que lhe fiz, que é a de saber se o líder do seu partido vem ou não a esta sede. Não é porque esta discussão seja meramente um ritual, é porque, na verdade, estamos na discussão mais importante do ano político, facto que não deverá ser de menos relevo para o principal partido da oposição.
Temos muito prazer em ouvir o Sr. Deputado Manuel dos Santos, que â um deputado com todo o mérito, esforçado, e que fez o seu papel Mas, na sua qualidade de ministro-sombra neste momento o senhor é a maravilha fatal do Partido Socialista para a área das finanças -, perdoe-me que lhe diga, mas não lhe reconhecemos credibilidade como tal, porque não temos qualquer garantia de que para o ano, o senhor cá esteja novamente na mesma qualidade. É que já por cá passou a Sr.ª Deputada Helena Torres Marques a fazer a declaração inicial do seu partido numa destas mesmas discussões, também já por cá passou o deputado Ferro Rodrigues e, igualmente, o deputado João Cravinho, todos na mesma qualidade. Desta vez, coube-lhe a si, mas não tenho garantias de que. para o ano. seja V. Ex.ª quem cá estará.
Queríamos ouvir, hoje, o líder do seu partido para sabermos o que o homem que diz querer ser o primeiro-ministro de Portugal tem para dizer sobre esta proposta de lei do Orçamento do Estado.
Portanto, não se trata de desvalorizar o que V. Ex.ª disse, só que, formalmente, o líder do seu partido pode vir a esta Câmara e, ultimamente, ele tem sido um verdadeiro homo mobile, andando por todo o lado, por iodas as conferencias de imprensa.
Ora, nesta bancada, o que queremos é saber por que é que o Sr. Deputado Jorge Sampaio, numa conferencia de imprensa, pode dizer o que pensa vagamente sobre o Orçamento do Estado e não pode vir a esta Câmara, com profundidade e ao longo destes três dias, dizer ao partido do Governo e aos outros colegas da oposição o que pensa sobre este documento.
É que não se trata de uma questão de ritual embora a democracia também se construa com rituais- mas 6 uma questão de fundo e de princípio a que VV. Ex.ªs fim de dar esclarecimento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Em primeiro lugar, o Sr. Deputado Duarte Lima acaba de provar, claramente, que o PSD não quer discutir o Orçamento.
Sr. Deputado, quero dizer-lhe que o Sr. Dr. Jorge Sampaio virá ao Parlamento quando o PS entender que assim deverá ser e não quando o senhor e o PSD o entenderem.

Aplausos do PS.

Também quero significar que, de maneira deselegante, V. Ex.ª insultou milhões de portugueses que, no Norte do País, utilizam expressões e pronúncia semelhantes às minhas próprias, com as quais tenho muito orgulho em identificar-me.
Ao que parece, V. Ex.ª, que saiu de Trás-os-Montes há alguns anos, já se esqueceu da maneira de falar da sua região e já se adaptou aos métodos políticos...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - V. Ex.ª certamente não quer que eu venha para esta sede falar em mirandês!

O Orador: - Portanto, se o Sr. Deputado já está adaptado à linguagem lisboeta, desejo que lhe faça muito