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1030 I SÉRIE -NÚMERO 30

encontrar-nos, sólidos, combativos e determinados, tolerantes, abertos para a vida e voltados para o futuro, capazes de uma visão rasgada e inovadora, destacados protagonistas de um incomparável empenhamento democrático.»

Aplausos do PCP.

Com efeito, o PCP sai destas eleições presidenciais mais confirmado como uma grande força política nacional que há que tomar em consideração em todos os projectos políticos para o País.
Os resultados das eleições presidenciais fazem cair pela base as apressadas simplificações bipolarizadoras. É uma evidência, mas que urge sobremaneira explicitar, que sem o PCP não há alternativa credível à direita.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Salientamos esta conclusão, não para criar novas dificuldades ao entendimento entre as forças que se colocam à esquerda do actual Governo, mas precisamente para contribuirmos para a convergência das forças democráticas que é a única base realista em que pode assentar uma alternativa.
Respondendo ao Dr. Jorge Sampaio, afirmamos a nossa disposição para todo o debate na esquerda. Mas um debate em que não nos coloquem sob suspeição, um debate sem condições. Também nós, Sr. Deputado Jorge Sampaio, não somos reféns de ninguém.

Aplausos do PCP.

A candidatura de Carlos Carvalhas situou-se sempre neste campo da luta e tomou como um dos seus principais objectivos contribuir para a convergência das forças democráticas.
Os resultados obtidos dão mais força e dão mais fôlego à acção oposicionista que tem em vista a substituição do actual Governo do PSD e da sua política.
O Governo e o PSD beneficiaram de uma espantosa trégua, durante a pré e a campanha eleitoral, concedida especialmente pela candidatura de Mário Soares, mas também por outras candidaturas e pelo próprio PS, envolvido pelas vagas oceânicas do MASP.
Só a candidatura de Carlos Carvalhas demonstrou que é impossível definir um rumo presidencial sem inventariar os grandes problemas do País, questionar as orientações que lhe são imprimidas e a acção governativa que lhes dá expressão concreta.
O Governo e o PSD aproveitaram a trégua para compor a maquillage e gizar, como foi aliás tornado público, o seu plano de assalto às legislativas com o uso e o abuso, naturalmente, do aparelho e dos recursos do Estado.
A suspeitíssima operação da sondagem para as legislativas, obviamente manipulada, lançada pela RTP na noite do apuramento dos resultados das presidenciais, dá novas indicações dos métodos que o Governo se propõe utilizar.
É tempo de revigorar decididamente a acção oposicionista. No entanto, isto não se faz apenas com declarações programáticas e ainda mais se são abstractas e vagas. Os grandes problemas do nosso povo e do nosso país não dão tréguas. Centenas de milhares de trabalhadores vão ser envolvidos em grandes processos de contratação colectiva. O Governo prepara-se para concretizar a toda a pressa o iníquo «pacote laborai». A inflação não abranda e deteriora rapidamente os magros aumentos salariais e das reformas e pensões. Estão por solucionar os processos retributivos dos médicos, dos professores e, em geral, dos trabalhadores da função pública. Iniciada a segunda fase da integração europeia, a situação da agricultura é caótica. Apesar dos escândalos denunciados, o Governo insiste em prosseguir com o programa de privatizações. Estão por esclarecer casos de corrupção, ou suspeita dela, que fizeram sensação nos últimos meses e outros que se lhes juntaram.
Aos partidos da oposição é exigida uma atitude e uma intervenção clara e enérgica em relação a estas e outras questões da maior importância para o País.
O PCP, que pela sua parte não concedeu qualquer trégua ao Governo, está na firme disponibilidade de dialogar, se entender e convergir com as outras forças da oposição democrática, incluindo em acções parciais, em tomo destes grandes objectivos.
Tendências hegemonizamos, alimentadas em certos sectores da oposição (e que nada justifica), são hoje o principal obstáculo à concretização de uma alternativa democrática.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Esperamos que os resultados das presidenciais, em especial a mensagem e a votação da candidatura de Carlos Carvalhas, contribuam para desfazer as ilusões das «alternativas sozinhas» e abram as portas a uma ampla e aguerrida convergência democrática a caminho das legislativas.
Aplausos do PCP e dos deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Raul Castro.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Ferraz de Abreu.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lilaia.

O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mário Soares foi reeleito. Foi uma vitória anunciada, permitida pelo insólito unanimismo que se gerou em torno da sua candidatura. Mas foi uma vitória incontestável. Por isso, queremos felicitar o novo Presidente da República e desejar-lhe os maiores sucessos no exercício das suas altas funções.
O grande leque de apoios de que o candidato Mário Soares disfrutou no momento do lançamento da sua candidatura, uns reais, outros de mera circunstância, foi manifestamente prejudicial para o esclarecimento das suas opções políticas e das propostas concretas que ele teria a fazer ao povo português para o segundo mandato que disputava. Sobretudo para alguns dos seus apoiantes, tal postura foi inibidora e castradora de críticas e de tomadas de posição, deixando passar em claro atitudes e posturas do candidato que em outras alturas teriam merecido da sua parte sentidos reparos políticos.
Ainda que por pouco tempo - é esse o nosso desejo - instalou-se na sociedade portuguesa um «unanimismo político», ditado por circunstâncias momentâneas, por vezes mesmo «comodismo» e que levou em momento menos feliz da campanha o candidato ganhador a dizer «quem está contra mim está contra Portugal».
É necessário que as forças políticas que se acomodaram se libertem e que continuem a apreciar com sentido político