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19 DE JANEIRO DE 1991 100

ao voto branco ou nulo, numa atitude nada consentânea com a democracia que vivemos e a fazer lembrar apelos no mesmo sentido, há poucos anos ainda, de franjas políticas radicalizadas na sociedade portuguesa e inconformadas com o evoluir democrático que o País havia lucidamente escolhido.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Para quem dele linha a imagem de um dirigente político que sabia temperar a sensatez com alguma irreverência, o Presidente do Governo Regional da Madeira, com a postura adoptada nas eleições presidenciais, decepcionou e revelou a sua mais verdadeira face perante o País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Já de há muito conhecido por quem assume a obrigação cívica de na Região se lhe opor, o Dr. João Jardim conseguiu sempre fazer passar uma imagem pouco condizente com o seu verdadeiro perfil. A estratégia que teve o cuidado de montar para as eleições presidenciais revelaram um dirigente político autoritário e intolerante, capaz de sacrificar, com uma arrogância desmedida, a sua própria imagem, no delinear de uma estratégia de animação interna no PSD que facilite a sua ascensão dentro deste partido.

Vozes do PS: - Muito bem!

A Sr.ª Cecília Catarino (PSD): - Não apoiado!

O Orador: - Perdeu as eleições; ruiu a estratégia! Os Madeirenses não corresponderam a um apelo que não era entendível e votaram no seu candidato sem se deixarem levar nem coibir por uma linguagem permanentemente ameaçadora e por um ambiente de intimidação que, durante todo o período que precedeu as eleições, se fez sentir.
O Dr. Mário Soares ganhou de modo inequívoco a batalha eleitoral que entendeu, e bem, dever travar, O Dr. João Jardim perdeu a confiança de parte do seu eleitorado, perdeu as eleições presidenciais e perdeu estrondosamente a primeira etapa da sua candidatura à liderança do seu partido.

Vozes do PS: - Muito bem!

Risos do PSD.

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sem dúvida que as eleições presidenciais constituíram um momento ímpar na vida nacional. Na Região Autónoma da Madeira elas transformaram-se numa inegável manifestação de apoio a Mário Soares, mas também de repúdio pela prática política que o Dr. Jardim vem seguindo, incompatível com o modelo de democracia que os portugueses do todas as regiões fim vindo sucessivamente a ratificar.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Pela minha parte, estou confiante de que, num futuro próximo, as populações da Madeira e do Porto Santo saberão fizer a distinção, que cada vez mais se impõe, entre os que estuo dispostos a promover a mudança - e confiantes nessa mudança e os que se limitam já a gerir um poder que mamem ao longo de 14 anos, com todo o cortejo de inconvenientes que tal situação comporta.
Dispostos a dar corpo a essa inadiável mudança, os socialistas da Madeira não deixarão de estar na primeira linha da sua reivindicação. É essa a sua obrigação, é também esse o sentido útil da sua existência enquanto colectivo, mas não é menos verdade que constituem cada vez mais a esperança de todos num futuro mais promissor para aquela Região Autónoma.

Aplausos do PS.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Ferrai de Abreu.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados Guilherme Silva, Cecília Catarino e Carlos Lélis.
Tem a palavra o Sr. Deputado Guilherme Silva.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Sr. Deputado Mola Torres, lamento, a todos os títulos, que V. Ex.ª tenha lido necessidade - penso que para ganhar algum espaço no PS/Madeira, que anda tão perdido e que, eventualmente, necessita de quem se vá salientando para o liderar melhor do que tem sido...

A Sr.ª Cecília Catarino (PSD): - Boa!

O Sr. Mota Torres (PS): - Não é verdade!

O Orador: -... - de, com muito mau gosto, fazer a intervenção que acabou de proferir. Aliás, fê-lo com muito mau gosto a dois títulos. Em primeiro lugar, porque todos vivemos um momento extremamente grave, que a todos preocupa e que é de aproximação e não de hostilização; de solidariedade e não de divergência. Inclusivamente, V. Ex.ª esqueceu as declarações feitas pelo Sr. Presidente da República após a sua reeleição, ou seja, que as questões da campanha estavam enterradas, que tinham findado naquele momento.
Por outro lado, queria igualmente dizer que o Dr. Alberto João Jardim, cuja frontalidade é conhecida, fez também declarações idênticas, afirmando que a sua contenda com o Dr. Mário Soares linha acabado no momento em que este tinha sido reeleito e que o respeito institucional que lhe é devido seria efectivamente assegurado.
Estas declarações do Dr. Alberto João Jardim e do Sr. Presidente da República eram bastantes para que V. Ex.ª não viesse aqui fazer renascer questões de campanha já ultrapassadas, tal como o respeito pelas nossas instituições democráticas, particularmente pelo Sr. Presidente da República, o exigia.
V. Ex.ª teria eventualmente motivos para fazer um aproveitamento político - todos o fazemos - em normal pugna parlamentar. Porém, não desta forma, não neste momento e com os argumentos que utilizou.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, V. Ex.ª fez afirmações politicamente erradas, designadamente a de que o Dr. Alberto João Jardim teria perdido as eleições. No entanto, que eu saiba, o Dr. Alberto João Jardim não foi candidato à Presidência da República e, portanto, não pode ter perdido as eleições!