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1910 I SÉRIE -NÚMERO 59

Agora virar contra mim, neste preciso momento, a falta de convicção democrática, quando estou aqui a fazer a defesa da democracia, que entendo que devo fazer e que fiz?! Bom, isso de maneira nenhuma!

O Sr. José Cardoso Ferreira (PSD): -Eu não disse isso, Sr. Deputado!

O Orador: - Depois diz que fiz críticas moles. Então, afinal de contas, são moles ou duras? Elas doeram-vos e são moles? Então, quando é que uma crítica mole dói tanto como parece que vos doeram estas que fiz?
Bom, de qualquer modo, diz que já sabemos que os senhores vão ter outra vez a maioria absoluta. Eu não sei isso! Sinceramente não sei! O senhor está a insultar o povo português. Penso que se para alguma coisa valem as sondagens é para haver mais alguma prudência nessa expectativa.

O Sr. Fernando Cardoso Ferreira (PSD): - A melhor sondagem é a que os senhores revelam!

O Orador: - Enfim, eu nem sequer invoco sondagens, que entendo que valem o que valem, mas agora, neste momento, os senhores estarem a dizer que vão ler com toda a segurança a maioria absoluta é mais uma manifestação de arrogância que já copiaram do vosso chefe.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado José Silva Marques, normalmente, eu era aqui acusado de ser irónico; hoje, fui, pela primeira vez, acusado de ser cínico.

O Sr. José Silva Marques (PSD):É um grau acima, Sr. Deputado!

O Orador: - Não creio que seja cinismo aquilo que eu disse, pois até penso que fui muito frontal e que não havia maneira mais frontal, dentro da correcção, de fazer-vos as perguntas que tinha a fazer - e elas continuam sem resposta, não só no vosso discurso como, tenho a certeza, continuarão sem resposta no vosso comportamento!
Dizem ainda que os arquitectos estão satisfeitos com o «mostrcngo». Mas que me importa a mim que os arquitectos estejam satisfeitos?... Normalmente, as mães e os pais acham bonitos os filhos feios!
O que é que me interessa a opinião dos arquitectos? Então, eu não tenho opinião sobre o «mostrengo»?! Não tenho opinião sobre o Mosteiro dos Jerónimos?! Pensam que, na verdade, tenho de achar que vocês, os arquitectos, colocaram bem aquela monstruosidade que está ali?! É isso que os senhores querem que eu conclua?! Os senhores não conseguem isso comigo nem conseguem isso com o povo português. Não tem defesa, é «mostrengo» mesmo e a palavra mostrengo ainda é bastante amável.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado, depois diz que estamos invejosos das obras do Governo!...

Srs. Deputados, devo dizer-lhes que para fazer obras públicas quando há dinheiro, arquitectos, empreiteiros e engenheiros, a única coisa necessária é o «despacho». É a glória do despacho,...

Risos do PS. ... que, na verdade, não gasta assim tanta tinta!...

De qualquer modo, o que é preciso é ver que obras... Que obras?! São obras de fachada ou são obras úteis? E, depois, durante quanto tempo se fazem essas obras e com que custos são elas feitas?
Vocês não puderam desmentir que as obras, inclusivamente as do «mostrengo», começaram por custar 6 milhões de contos, e que já vão em 40 milhões de contos - aliás, há-de custar mais do que isso, pois as estradas estão a ser feitas de noite para que se possam inaugurar antes do próximo acto eleitoral!... Quer dizer, estes aspectos não interessam nada à democracia, isto é, obra de fachada em primeiro lugar -ainda por cima, feia e errada e mal situada; em segundo lugar, obras feitas com preocupação eleitoralista para inauguração antes das eleições- custando duas ou três vezes mais aquilo que deviam custar!... Em nossa opinião, tudo isto é «plenamente democrático», não é merecedor de crítica, é apenas objecto da nossa inveja!... Bom..., se os senhores não vêem na nossa crítica mais do que «inveja», na verdade, têm de ir ao oftalmologista!...

Vozes do PS: - Muito bem! Risos do PSD.

O Orador: - Sr. Deputado José Silva Marques, depois gosto de ouvir as sua intervenções «chocarreiras» e, nesse aspecto, não me chocam. Elas são «chocarreiras» e, para lhe ser franco, não me chocam. E mais uma vez o Sr. Deputado foi «chocarreiro», mas também não foi tão talentoso como costuma ser... No fundo, o Sr. Deputado estava lá com um problema de consciência e diria: «Este 'malandro' tem alguma razão e estou, de facto, sequestrado do pleno domínio da minha vontade!...»

Aplausos e risos do PS.

O Orador: - Depois não sei onde é que o Sr. Deputado descobriu que fui eu o autor do slogan «PS só»!... Bem!... O Sr. Deputado lá deve ter inventado isso, mas acredite que não é verdade. Não fui o inventor dessa política. Agora o que dizemos - e não confunda - é o seguinte: apelar à maioria absoluta é um direito de todos os partidos, sobretudo daqueles que têm algumas chances de consegui-la. O que não é direito de qualquer partido é recusar-se a governar se tiver ganho as eleições e não tiver a maioria absoluta.

Aplausos do PS e do deputado do CDS, Basílio Horta.

Se assim fosse o Primeiro-Ministro Michel Roccard não estaria a governar em França... e a Itália se, desde a guerra tivesse tomado a atitude que tomou o vosso Primeiro-Ministro, não tinha tido um só governo!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, os senhores não desmentiram isto, que é óbvio: é que o Primeiro-ministro quando diz isto é para fugir às incomodidades que vêm aí, ou seja, às que resultam de governar no após-governo.

Vozes do PS e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Depois, Sr. Deputado, fala na minha «submissão» ao meu líder partidário!... Sr. Deputado, não sou submisso ao meu líder partidário! Pelo contrario, o