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19 DE JUNHO DE 1991 3183

A Oradora: - Aliás, se também quiser recorrer às críticas que foram feitas ao dito documento («1990-1994, anos de projecção»),...

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr.ª Deputada...

A Oradora: -... o Sr. Deputado pode ler o brilhante artigo publicado pelo meu colega António Barreto, no jornal Público. Recomendo-lhe vivamente essa leitura!
De qualquer modo, para não citar os «santos da casa», vou referir uma crítica publicada num semanário e assinada pelo Sérgio Tréffaut e pelo Eurico de Barras - penso que serão também fontes idóneas... - e na qual inclusivamente se insurgem contra a gramática do Secretário de Estado da Cultura.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Sr. Presidente, isto não é defesa da consideração! Isto é uma intervenção!

A Oradora: -Referia, então, tal crítica: «Pedro Santana Lopes redigiu uma introdução de duas páginas para a apresentação pública cultural 1991-1994.»

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, V. Ex.ª já despendeu quatro minutos, o que, para defesa da consideração, é mais do que o normal. Peço-lhe assim que termine...

A Oradora:-Termino já, Sr. Presidente. Não esteja nervoso, porque eu também não estou!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): Mas que falta de respeito!
Não esteja nervoso?!

O Sr. Presidente:-Sr.a Deputada, eu não estou nervoso. Estou apenas a dizer aquilo que é normal dizer.

A Oradora: - Sr. Presidente, apelo para a sua benevolência, tal como foi concedida a outros oradores no período da manhã.

O Sr. Presidente: - Sr.ª Deputada, quando se traia de pedidos de esclarecimento, a regra da Casa, estabelecida desde há muito tempo, é a de que o Presidente avisa o orador aos três minutos, volta a avisar aos quatro minutos, cortando a palavra aos cinco minutos.
Relativamente as outras figuras regimentais, são três minutos e nada mais.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Termino então, Sr. Presidente, continuando apenas a ter a crítica que referi: «Pôs em epígrafe alguns versos de António Nobre e explicou: citámos O Desejado para ilustrarmos o espírito que não nos anima [...]»
Srs. Deputados, «citámos [...] para ilustrarmos» não é gralha de jornal; é gramática do Secretário de Estado da Cultura!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado António
Sousa Lara.

O Sr. António Sousa Lara (PSD): - Sr.ª Deputada Edite Estrela, em primeiro lugar, queria dizer-lhe que VV. Ex.ªs não podem estar à espera que uma interpelação ao Governo seja exclusivamente destinada à oposição e à sua apetência incondicional de zurzir o Governo.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: - Incondicional e muito triste!...

O Orador: - Como é evidente, tom de saber escutar-é preciso ter fair play em democracia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Em segundo lugar, devo dizer-lhe que fiquei triste com a sua intervenção. É que V. Ex.ª manifestou uma incapacidade de humildade, persistindo no caminho errado que os senhores assumiram e que, de certa forma, é difícil de reconverter.
Com certeza que a Sr.ª Deputada leu, com a mesma atenção com que eu o fiz, as críticas a que me referi. E, na verdade, trata-se de críticas definitivas!

A Sr.ª Edite Estrela (PS): - V. Ex.ª não leu a resposta!

O Orador: - São críticas que só não serão definitivas se os senhores arrepiarem caminho, isto é, se, de facto, resolverem fazer uma autocrítica e mudar toda a perspectiva em que assenta a vossa proposta de política.
Por conseguinte, vejo que, com a sua pertinácia e sendo contumaz, assume a minha crítica, que é uma crítica de quem sente que a oposição, sobretudo o PS, é indispensável à democracia portuguesa. Com efeito, valorizamo-nos se a oposição for melhor; nós, bancada que apoia o Governo, valorizamo-nos se a alternativa for mais credível! E fazemos gosto que seja mais credível!
No entanto, pelos vistos, VV. Ex.ªs não estão ao menos animados dessa vontade de concorrer connosco, de nos ganhar, de serem melhores do que nós! De facto, insistem no arcaísmo e no anquilosamento!
Paciência!... São os senhores que perdem, embora o País também perca, já que ganharia com uma boa oposição.
Lamento, Sr.ª Deputada, que tenha assumido essa posição- e digo-lhe isto com sinceridade e não com argumento de quem está numa bancada parlamenta Espero que os senhores não fiquem assim para sempre gostarei de vê-los mudar no bom sentido!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para exercer o direito regimen de defesa da consideração, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Deputado António Sousa Lara, em vez de tecer considerações sobre política cultural do Governo, quis V. Ex.ª fazer aqui processo ao programa cultural do PS.
Como socialista, penso que o PS nem necessitam ter um programa cultural, pois penso que o socialista ou deveria ser, uma outra cultura. O socialismo, tal e qual o pensava Antero, deve ser uma outra ... sobretudo, deve ser a recusa do conformismo; deve ser um outro inconformismo; deve ser a recusa da ... como moda - tal como os senhores a pretendem