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154 I SÉRIE - NÚMER0 7

Temos profundas dificuldades na evolução para a economia de mercado dos países do centro e leste europeu.
Temos a crescente interdependência das economias nacionais devido à globalização dos mercados, tornando a economia europeia e, portanto, também a portuguesa, cada vez mais inseridas na economia mundial.
Temos um novo modelo de desenvolvimento industrial e tecnológico que a economia portuguesa terá de acompanhar.
Não podemos deixar de assinalar as dificuldades que as economias industrializadas enfrentam hoje, o que se traduz, nomeadamente, numa quebra significativa do ritmo de crescimento económico. Inicialmente, esta quebra foi vista como resultado de factores não económicos, nomeadamente da guerra do Golfo.
Porém, e em meados de 1991, tolos tivemos a noção clara de estarmos perante um abrandamento bem mais profundo do que o inicialmente previsto. Tal abrandamento encontra explicação na necessidade de correcção de importantes desequilíbrios macro-económicos nas economias dos países industrializados, confirmados, de resto, com o registo de crescimentos negativos nalguns deles.
Hoje é bem nítido que a recuperação tem vindo a processar-se de uma forma menos expressiva do que a prevista, levando a que as perspectivas de uma retoma significativa do crescimento mundial não tenham sido confirmadas.
Obviamente que este cenário não poderia deixar de marcar a economia comunitária.
Permitam-me que, a este propósito, concretize o que disse apresentando alguns indicadores.
Os Estados Unidos da América esperam registar em 1992 um crescimento de cerca de 2 %, contra-1,2 % em 1991, o que mesmo assim representa um ajustamento para baixo do que inicialmente estava previsto.
O Japão está confrontado com um forte arrefecimento da sua economia. Trata-se actualmente do mais baixo crescimento da economia japonesa verificado desde meados da década de 70.
A economia comunitária, que registou uma taxa de crescimento de 1,3 % em 1991, espera para 1992 um valor próximo de 1 %.
No Reino Unido, a taxa de crescimento deverá ser negativa em 1992, à volta de -1,5 %.
Portugal, pequena economia aberta, cujo crescimento económico tem no sector exportador o seu tradicional e grande motor, não poderá obviamente ficar imune à situação internacional.
É neste cenário internacional adverso que temor de conduzir a nossa economia rumo à união económica e monetária.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - É um oásis, Sr. Minis-

O Orador: - Este enquadramento internacional teria naturalmente de se reflectir no comportamento da economia portuguesa em termos absolutos. Contudo; vamos continuar a manter em 1992 e 1993 um diferencial positivo em relação à taxa de crescimento da Comunidade, continuando assim o caminho para a convergência real.
O Programa de Convergência Q2 e o Orçamento do Estado para 1993 balizara o nosso raminho para a união económica e monetária, procurando as convergências real e nominal da nossa economia com a economia comunitária.

Vejamos, então, alguns indicadores: para 1993 é expectável que o crescimento real da actividade económica assente no investimento e nas exportações. Assim, o investimento deverá crescer em termos reais a uma taxa de 5 %, taxa a que também se deverão situar as exportações. O consumo público deverá registar, em 1993, um crescimento virtualmente nulo.
Quanto à taxa de inflação, é muito credível que venha a situar-se entre os 5 9ó e os 7 %, sendo fundamental, para que este imposto oculto se reduza e atinja os valores necessários, que se registe uma moderação no crescimento dos salários reais respectivamente aos valores atingidos em 1992, valores esses que permitiram termos um crescimento cerca de quatro vezes a média comunitária em termos dos salários reais.
Com essa mcxleraç3o salarial, podemos prosseguir, com sucesso, no próximo ano, o processo de convergência nominal para a média comunitária, que temos vindo a seguir e que já é bem reflectido, nos resultados obtidos para a inflação em 1992, para o mês de Setembro.
Este quadro de estabilidade exige também, para a sua concretização, que todos nós aprofundemos o consenso social em torno do objectivo da convergência nominal.
Por outro lado, o grau de utilização da capacidade produtiva na indústria transformadora manteve-se, no 1.º semestre de 1992, acima dos valores registados em igual período de 1991, a taxa de desemprego baixou em Agosto último de 4,1 % para 3;9 %. As taxas de juro, na sequência da recente liberalização dos movimentos de capitais começaram a descer.
Tudo isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, mostra que essa visão de catástrofe é totalmente infundada.

O Sr. Rui Carp (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, todos conhecemos as recentes perturbações nos mecanismos de taxas de câmbio do sistema monetário europeu. Também aqui o escudo resistiu bem à forte especulação então verificada.
Tudo isto mostra que vão longe, felizmente, as tempos em que uma crise internacional era sentida de forma ampliada na economia portuguesa.
Os recentes acontecimentos demonstram uma muito maior capacidade de resistência e absorção dos choques externos, o que prova a solidez da nossa economia e a validade da nossa política económica e social.
A indústria é, e continuará naturalmente a ser, um motor do nosso desenvolvimento económico e social.
Os tempos de mudança que estamos a viver na presente década, bem como os condicionalismos que daí decorrem, estão a pressionar a nossa estrutura industrial de forma nunca sentida até aqui.
É isto que V. Ex., que não consegue perceber.
Não poderemos deixar de reconhecer que muito foi feito nestes últimos anos, quer na modernização empresarial quer no ressurgimento de uma nova cultura empresarial, trais dinâmica e mais moderna, e, por isso, capaz de superar os desafios do futuro.
Temos consciência de que existem dificuldades no sector exportador, não só em Portugal como também noutros países - e há países como a Espanha, a Itália e o Reino Unido cujas dificuldades não se conseguem comparar, pela sua gravidade, às nossas dificuldades.
Temos consciência de que existem dificuldades de adaptação de alguns sectores industriais aos novos desafios da concorrência e temos consciência de situações especificas