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157 30 DE OUTUBRO DE 1992

grosso do Partido Socialista que teria constituído o início do referido ciclo político...
Portanto, repito que as frases que citei são muito reveladoras da principal motivação da intervenção do Sr. Deputado António Guterres e desta interpelação ao Governo, apresentada pelo PS, e que, mais do que falar sobre o País, é a de tentar superar as dificuldades objectivas em que se encontra o Partido Socialista.

Protestos do PS.

Ora, o Partido Socialista fala sempre de crise quando se refere ao País porque este partido não sabe fazer política a não ser com a linguagem da crise. Mais: para tentar fazer política, o Partido Socialista precisa que o País esteja em crise. Claro que não digo que os dirigentes do Partido Socialista queiram que o País esteja em crise, digo é que não sabem falar do País, a não ser partindo do pressuposto que está em crise. Aliás, bata recordar-vos as soluções económicas que o PS propôs ao Governo por ocasião da guerra do Golfo, proclamadas com o mesmo ar doutoral com que foram ditas agora É que, também naquela altura, os senhores diziam que íamos entrar numa crise ...

Protestos do Deputado do PS Raúl Rêgo.

Se o Governo tivesse aplicado as soluções que o PS preconizava, estaria agora em grandes dificuldade.
Se quisermos retirar algo de essencial da intervenção do Sr. Deputado António Guterres será a constatação de que a mesma constitui uma espécie de defesa sindicalista dos maus empresários. Na verdade, a única substância do seu discurso é um sindicalismo dos maus empresários, dos que querem soluções de facilidade tais como a desvalorização do escudo ou os subsídios. Srs. Deputados, é esta, hoje, a política do Partido Socialista.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Guterres, pretende responder já ou no final?

O Sr. António Guterres (PS): - Prefiro responder já, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem, então, a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, há um dado comum nas intervenções de V. Ex.ª e do Sr. Ministro Mira Amaral, que é aquilo a que eu chamaria, em futebol, a tentativa de «desvio para canto».

Protestos do PSD.

15to é, quando se fala seriamente de política económica, quando se discutem seriamente os problemas económicos do Pais, o Sr. Ministro Mira Amaral vem falar da crise do PS e o Sr. Deputado Pacheco Pereira vem continuar a sua estratégia de embrulhar os problema internos do PS nos problema do País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quero dizer que poderíamos ir pelo mesmo caminho, ou seja, eu poderia dizer, por exemplo, que o Governo se comporta hoje como o Benfica, substituindo o Sr. Ministro das Finanças, como o Benfica substituiu o Ivic pelo Toni, por não ter confiança na sua capacidade para treinar a economia portuguesa.

Aplausos do PS.

Risos do PSD e do CDS.

Mas não vamos por aí, porque o que está em causa é muito sério. Só espero que, apesar da política do Governo, o País resolva os seus problemas com a mesma dificuldade com que o PS resolve as suas crises.
Em relação ao argumento da conjuntura internacional o Governo só o utiliza nos maus momentos, porque nos bons momentos a conjuntura não conta, só conta o mérito do Governo!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Ora bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas, diz-nos o Sr. Ministro: com um crescimento de 0,75 96, segundo o Ministro das Finanças disse há dias, estamo-nos a aproximar da Europa, mesmo com esta conjuntura difícil. Mas nós sempre nos aproximámos da Europa, mesmo sem os fundos comunitários e mesmo com conjunturas difíceis

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Agora oiçam!
De 1976, quando o PS chegou ao poder pela primeira vez, a 1985, no fim do bloco central, com a absorção de dois choques petrolíferos, com as dificuldades que tivemos cromo consequência da descolonização, de uma revolução, etc., com tudo isso e sem um tostão da Europa, nós crescemos mais 0,8 % por ano, em média, do que a Comunidade Europeia, tal como agora crescemos mais 0,75 3'0, em média, do que a Comunidade Europeia.

Aplausos do PS.

Ou seja, na vossa própria análise, este Governo não está a fazer rigorosamente nada, a não ser a dificultar o impacte dos fundas comunitárias.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Depois, dizem-nos que a economia vai crescer com o investimento e com a exportações. Não é possível. Os vossos números para 1993 são uma pura fantasia. Só um milagre!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Ninguém acredita nisso!

O Orador: - Ninguém acredita nos vossos números respeitantes a investimentos e a exportações para 1993 ..., e nem sequer nos números para 1992.
Mas vamos à questão decisiva do Sr. Deputado Pacheco Pereira: a grande diferem entre este Governo e a Câmara Municipais de Lisboa e do Porto é que este Gover-