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160 I SÉRIE-NÚMERO 7

nos tais três pilares: por um lado, o Orçamento do Estado; por outro, a concertação social, e, por outro, as políticas de reestruturação e financeiras.
Sempre se procurou ligar o êxito das políticas macro-económicas ao bem-estar social, ao progresso social, e o Governo sempre procurou atingir as convergências nominal e real. É falso, portanto, que nas empresas não se pense na economia real como o corpo social de trabalhadores e empresários. Defender a economia real não é só talar em taxas de câmbio e de mercado. Não se detende a economia real nas empresas talando exclusivamente nisto Há que falar de investimento e de reestruturações.
Concretamente, Sr. Deputado António Guterres, falar em economia real é falar em investimentos, como o projecto Ford/Volkswagen e, nomeadamente, no efeito multiplicador que ele está a ter no nosso país. O Sr. Deputado sabe que há cerca de 47 empresas (algumas novas e outras já existentes) que estão neste momento qualificadas como fornecedoras do projecto Volkswagen? O Sr. Deputado sabe que, no projecto de apoio às indústrias novas do Vale do Ave, que são indústrias diferentes das tradicionais, já há 28 projectos no valor de 14,6 milhões de contos de investimento!
Falar de economia real é também falar dos programas de reestruturação em curso, na liberalização do movimentos de capitais, nos Fundos de Reestruturação e Internacionalização Empresarial (FRIE), nos fundos de capital de risco Tudo isto é que é economia real, Sr. Deputado!
Na verdade, a política de estabilidade cambial que o Governo tem vindo a seguir é correcta. Se tivéssemos ido atrás de desvalorizações apressadas, das flutuações ao sabor dos mercados, onde é que estaríamos neste momento? Estaríamos agora a permitir a especulação, mesmo sendo o mercado do euroescudo um mercado estreito, como V. Ex.ª bem sabe.
O Sr. Deputado demonstrou, no seu discurso, que prefere a desordem cambial, que pretere deixar a nossa economia à mercê dos especuladores, que prefere que o nosso país caia numa situação de crise declarada, como aquela que existe neste momento no Reino Unido, na Itália e em Espanha Se, efectivamente, quer isso, então digo-lhe que vai num mau caminho e que só podemos dar graças a Deus pelo facto de estar cada vez mais afastado do poder.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, uma resposta brevíssima ao meu quando amigo Guido Rodrigues cujas boas intenções mereciam, aliás, que estivesse no Governo, em vez daqueles que seguem uma política contrária às suas intenções
Sr Deputado, hoje, eu não quis talar de políticas estruturais e já o disse aqui expressamente. Tenho feito aqui várias intervenções sobre isso e algumas das coisas que o Governo procura hoje dizer sobre a necessidade das políticas estruturais já foram ditas há muito tempo pelo Partido Socialista.

Risos do PSD.

A primeira coisa que ouvimos dizer ao Governo foi a de que não era preciso uma política industrial, pois o mercado resolvia por si só todos os problemas.

Vozes do PS: -É verdade!

O Orador: - Nós sempre defendemos as políticas estruturais, Sr. Deputado, V. Ex.ª falou de instrumentos e não da economia real. Quanto aos instrumentos, vamos ver o eleito que terão. Aquilo que afirmamos é que eles são muito limitados e, na maior parte dos casos, muito caros para as necessidades da economia
Falou do projecto Ford/Volkswagen. Sr. Deputado, nós não fizemos sequer a demagogia, que outras forças políticas e sociais fizeram, de acusar o Governo de gastar 100 milhões de contos para subsidiar esse projecto, em vez de gastar a mesma verba na indústria nacional. Não o fizemos, porque reconhecemos a importância que o projecto pode ter para o futuro da nossa economia. Agora, Sr. Deputado, não esqueça do custo enorme que ele tem para o erário público e para todos nós. Por isso não lance esse projecto como argumento contra aquilo que eu disse, porque não tem nenhuma razão.
Desordem cambial? Pelo contrário! O que dizemos é que, para evitar uma desordem cambial, sobretudo se houver a irresponsabilidade de liberalizar, no fim do ano, os movimentos de capitais monetários, as autoridades monetárias portuguesas deviam ter aproveitado o último realinhamento para aí incluir o escudo e para, de uma forma segura, salvar os interesses da economia portuguesa. O problema que está em causa não é o da desvalorização mas, sim, do excesso de revalorização, continuada durante três anos, que coloca enormes dificuldades à nossa economia.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não queremos, pois, nenhuma desordem cambial. Queremos é evitar que aconteça a este Governo o mesmo que sucedeu ao governo inglês, que recusou a possibilidade de um realinhamento e que depois teve de baquear face à pressão dos especuladores, que, em relação à libra, tinham instrumentos que ainda não têm relativamente ao escudo, mas que vão passar a ter no fim do ano.
Como VV. Ex.ªs gostam muito de fazer citações - e por acaso a sua até tinha uma gralha, porque essas duas entrevistas dizem precisamente o mesmo, só que a gralha não lhe permitiu compreender (enfim, é um pormenor) -

Risos do PS.

... vou ler declarações de um alto funcionário do Banco de Portugal (do Danai de Portugal, autoridade monetária) ao Finantial Times: «Penso que, quando estabilizarem os mercados cambiais, veremos uma dramática desvalorização do escudo. Não é sustentável e será inevitavelmente reflectida na deterioração das contas externas o actual valor do escudo.» Quem diz isto ao Finantial Times é o Dr. Miguel Namorado Rosa.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Castro Almeida.