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30 DE OUTUBRO DE 1992 167

como Primeiro-Ministro, tem de interiorizar a ideia de que é Primeiro-Ministro -,já esguia, neste momento, a discutir a concertação social. Já deveria, portanto, ter uma noção do que significava, em termos quantitativos, moderação salarial. Portanto, tem a obrigação de nos dizer o que isso significa.
Sr. Deputado António Guterres, temos uma crise económica. É evidente, ninguém o nega, ...

Aplausos do P.S.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - É o oásis!

O Orador: - Sr. Presidente, visto estas patinas não pertencerem à defesa da consideração, peço que o tempo seja descontado.
Srs. Deputados do PS, temos uma crise económica em termos relativos.

Vozes do PS e do CDS: - Ali!...

O Orador: - Exacto! Os senhores têm de analisar a situação da economia portuguesa em termos relativos. De facto, existem sinais de abrandamento no crescimento de alguns sectores, ...

Vozes do PS: - Ah!...

O Orador: - ... tal como...

O Sr. Presidente: - Relativo também é o tempo, Sr. Deputado Silva Marques.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente.
A questão está nisto: se não é seguro classificar o abrandamento do crescimento da economia, que o Sr. Deputado invocou e que danos como bom, como uma crise maior do que a de 1983, isso representa ou não um elogio ao Governo, sobretudo se compararmos com a situação de outros países? Tem de responder, Sr. Deputado António Guterres, porque, lembro, em termos imaginários, é, neste momento, o Primeiro-Ministro português.
Para dar explicações, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, acaba de me fazer lembrar o Frei Luís de ,Sousa, porque se lhe perguntássemos, depois do seu «ninguém o nega», quem está sentado na bancada do Governo e na do PSD, o senhor responderia: «Ninguém!»

Risos do PS.

O que quiseram fazer, durante tala esta hora de debate, foi negar aquilo que o senhor, finalmente, com honestidade intelectual, no último momento, de joelhos, aqui confessou.

Aplausos do PS.

E, tal como em Scxloma, bastaria um justo para salvar a cidade, talvez essa sua confissão acabe por salvar o Governo da perdição!...

Risos do PS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito obrigado!

O Orador: - Mas vamos às questões, Sr. Deputado Silva Marques.
Perguntou-me se eu teria ou não desvalorizado o escudo, se tosse Primeiro-Ministro. Devo dizer que, no respeito por uma autonomia saudável do Banco de Portugal, que este Governo não gosta de respeitar,...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não se desvie!

O Orador: mas seria isso que recomendaria e organizaria as coisas nesse sentido, teria mantido, desde 1989, a taxa de câmbio efectiva real do escudo, em vez de a ter revalorizado, como aconteceu.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Muito betu!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Está a fugir!

O Orador: - Deixe-me acabar. Infelizmente para o Pais, o seu cenário de eu ser Primeiro-Ministro não se concretizou até ao momento em que se promoveu o realinhamento das moedas, porque, caso contrário, eu teria recomendado e agido, uma vez que a1 poderia agir o Sr. Ministro das Finanças sob minha orientação, no sentido de que o escudo realinhasse no último realinhamento geral das moedas, pelo menos, mantendo a sua paridade com a peseta. É esta a resposta que dou, que é clara e evidente.
Não se trata de fazer uma desvalorização unilateral do escudo mas, sim, de ter um estratégia global de inserção do escudo no sistema monetário europeu.

Aplausos do P.S.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Ficámos a saber!

O Orador: - Mas existem coisas que nunca conseguirei explicar ao Sr. Deputado Silva Marques, porque nunca as quererá apreender.
Sobre a questão da moderação salarial, já disse mais do que foi dito pelo actual Primeiro-Ministro...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Quanto?

O Orador: - ... porque já defini um critério e o actual Primeiro-Ministro nem isso fez. Quando o Primeiro-Ministro disser qual é o critério que adopta, darei mais um passo e avançarei com dados numéricos.

O Sr. Silva Marques (PSD): - É a segunda questão a que V. Ex.º foge!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Correcção!

O Orador: - Espero que ele leve mais a sério o trabalho que faz do que aquele a que me candidato.
Finalmente - segunda questão -, pergunta se não é um elogio dizer-se que esta é a crise mais grave desde 1983. Não! É a constatação de um facto. Desde 1985, o País beneficiou de duas circunstâncias extremamente favoráveis: uma conjuntura muito positiva, ...

Vozes do PSD: - E agora?