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172 I SÉRIE - NÚMERO 7

Aliás, quero saudar a forma como o Ministro da Indústria defende toda uma política do Governo orientada para o poder da banca e dos grupos financeiros, que espalham os seus tentáculos na economia portuguesa e a mantêm na subordinação ao estrangeiro. Enquanto os grupos financeiros engordam, a indústria e a agricultura afundam-se e com elas o nível de vida.
Queixam-se os agricultores, queixam-se os industriais, queixam-se os trabalhadores! Dizer que os salários se estão a aproximar dos salários europeus, ... só se forem os dos administradores! São explorados dez milhões de trabalhadores para que os grandes grupos lucrem, uma vez que têm tudo na mão, gerando, não já corrupção na política, mas uma política corruptiva.
As consequências estruturais de toda esta política fá-las o Governo cair sobre quem trabalha. 0 Governo fala dos aumentos salariais dos últimos anos, mal os trabalhadores muito se esforçaram e deveriam ter ganho muito mais, porque nem sequer viram ganhos de produtividade.
É preciso, mesmo assim, saltar das estatísticas para a vida e para o devir. E o que vemos é uma maior contenção salarial para os trabalhadores - os aumentos prejudicam o desenvolvimento, disse o Sr. Ministro das Finanças -, vemos a demissão do Estado quanto às prestações sociais, alegando o Governo que a saúde, a educação e a habitação dão prejuízo, ao mesmo tempo que o INE diz que o desemprego está a aumentar. Os índices do Governo são um espelho chapado da tal história dos dois homens em que um come a galinha por inteiro e as estatísticas referem que cada um comeu meia galinha.
O Governo, em vez de entregar milhões de contos para pensões, prefere entregá-los aos grupos económicos em isenções e coisas parecidas e, com a actual política cambial, fomenta as importações e dificulta as exportações, sabotando assim a economia e o desenvolvimento, abrindo as portas ao desemprego e a um pior nível de vida dos portugueses.
Ora, pergunto se é com esta política, em nome de uma convergência nominal que está a impedir a convergência real, que o Governo quer o consenso social, como disse o Sr. Ministro.

0 Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Indústria e Energia.

0 Sr, Ministro da Indústria e Energia: - Sr. Deputado, o que V. Ex.ª acabou de referir está de tal modo desfasado das realidades económicas e sociais dos nossos dias - está esquecido da falência económica do modelo dos países do Centro e Leste europeu que defende que não vale a pena responder-lhe. A única questão a que gostaria de responder é a relativa aos grupos económicos que o Sr. Deputado referiu.

0 Sr. Mário Tomé (Indep): - 0 Sr. Ministro está a dizer que não vale a pena responder-me?! O Sr. Ministro está a dizer isso?!

0 Orador: - 0 Sr. Presidente, dá-me licença que continue?

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro é senhor do seu tempo e responde como entender. O Sr. Deputado Mário Tomé não tem o direito de interromper, a não ser, que a interrupção lhe seja consentida pelo orador.
Queira fazer o favor de continuar, Sr. Ministro.

O Orador: - De tudo quanto o Sr. Deputado disse, há apenas um assunto que gostaria de referir, para lhe dizer que gostaria que Deus o ouvisse quanto à existência dos grandes grupos económicos! É que, infelizmente, não temos grandes grupos económicos e na economia portuguesa bem necessitávamos deles. Só que a política que o Sr. Deputado defende foi a responsável pela nacionalização da economia portuguesa e pelo impedimento que de uma revisão constitucional que permitisse, ao longo do tempo, que, antes de entrarmos na Comunidade, gradualmente, tivéssemos grupos económicos. Esses grupos não são constituídos por decreto-lei e, apesar de os devermos ter, infelizmente não os temos.
Deus o ouvisse nessa matéria, Sr. Deputado!

O Sr. Mário Tomé (Indep.): -- Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da consideração.

O Sr. Presidente: - St. Deputado, fá-la-á no fim.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep.): - Sr. Ministro, a intervenção de V. Ex.ª pareceu-me exageradamente optimista e contraria, ao que parece, as posições recentes de variadíssimos industriais, a julgar por aquilo que vem publicado na imprensa; a não ser que utilizem também a estilo de V. Ex.ª, com a seguinte argumentação: «não fui eu quem publicou, a responsabilidade não é minha!» Mas a verdade é que os nossos industriais não estão muito satisfeitos, Sr. Ministro. V. Ex.º fala da solidez da nossa economia e diz, nomeadamente, que «no ano 2000 a nossa indústria será diferente, mais diversificada e compatível». Esperemos isso! A esse respeito, a minha primeira pergunta é a seguinte: para esse esforço, de modo a que no ano 2000 tenhamos uma indústria mais «compatível», o Governo já contabilizou o tipo de custos sociais que iremos ter no País? A julgar pela prática política levada a efeito até agora, não iremos ter, Sr. Ministro, mais empresas a encerrar, mais desemprego e muito maior instabilidade familiar?!
Sr. Ministro, retive da sua intervenção uma questão que me parece importante: V. Ex.ª referiu-se e fez um apelo ao «consenso social». Mas, ao mesmo tempo que faz apelo ao consenso social, V. Ex.ª acentua a necessidade de moderação no crescimento salarial e aqui bate o ponto, Sr. Ministro. Á moderação do crescimento salarial, que V. Ex.ª exige, aliam-se outros (e bem graves) problemas sociais que o Governo não pode esquecer. E esta interpelação não respeita apenas a questões industriais. Assistimos a ataques à Lei da Greve, vem aí a lei dos disponíveis, vamos ter mais impostos, menos justiça social, maior desemprego e maior agravamento das questões relacionadas com a saúde, habitação social e ensino- como ficou, aliás, patente na interpelação que o Governo fez a si próprio na semana passada. V. Ex.ª, ao dizer que a nossa indústria continuará a ser o motor do nosso desenvolvimento económico e social (acentuou bem isso), torna evidente também que não há uma modernização industrial desejável, há ...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Dizia eu, há pouca eficiência empresarial, não há valorização neste sector, creio que aí estamos. Sendo assim,