O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1110 I SÉRIE - NÚMERO 31

confiou em mim. Logo, posso fazer tudo o que quiser, logo
posso extinguir o INIC e, daqui a algum tempo, quando o
novo período eleitoralista, perdão, eleitoral se aproximar,
então o povo será chamada a pronunciar-se nas umas sobre
o INIC. Noutra uma, entretanto, o INIC jaz morto e
arrefece.

Claro que há sempre quem discorde deste modelo de Risos.
aproximação às coisas. Há sempre alguém que diz não.

Há sempre alguém - e desta vez esse alguém foi quase
toda a comunidade científica e académica portuguesa -
que (que diabo!) entende que deveria ter sido ouvido! Ou
que, tendo-o sido, entende que as suas propostas, fruto de
uma experiência concreta da vida na investigação, nos
laboratórios e nas universidades portuguesas, deveriam ter
merecido algum acolhimento.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mas a ciência deste
governo - ou a governamentalização da ciência - por
outros parâmetros se rege.
No momento em que, mais de 300 anos passados sobre
o seu julgamento, a Igreja finalmente se decidiu a reabilitar
Galileo, o governo PSD/Cavaco Silva executa friamente o
INIC, sem qualquer julgamento, sem verdadeira audição
das testemunhas de defesa.
Que confrontado com o repúdio de toda a comunidade
científica, o Sr. Ministro Valente de Oliveira, em plena
Comissão de Educação desta Casa, se tenha limitado a
classificar esse repúdio como "natural, e até saudável, uma

vez que a insatisfação mora paredes-meias com a curiosidade científica e com o espírito crítico", não é senão uma
blague (passe o galicismo) de mau gosto, incompatível

com uma abordagem séria deste problema.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Muito bem!
0 Orador: - Aliás, o Sr. Ministro e o seu governo
têm sobre esta questão mais uma ou duas ideias interessantes, que, aqui reveladas, poderão ajudar esta Câmara a
melhor enquadrar este crime a sangue frio, praticado sobre
a ciência em Portugal. $ que este Governo tem um fétiche:
quer "re-sul-ta-dos". E, desesperado, porque a ciência não
se inaugura como as auto-estradas, bem avisado do longuíssimo tempo que decorreu entre a fórmula einsteiniana
E = mc2, de 1906, e a investigação atómica concreta da
resposta à ameaça do nazi-fascismo, em 1944-1945, este
governo, sábio, profundo conhecedor da história, sempre
capaz de aprender com os erros dos outros, quer resulta
dos, já!

Vozes do PCP: - Cifrões!

O Orador: - Ou há resultados, ou não há dinheiro!
E essa história de as condições propiciadoras da caiação
científica viverem, ao mesmo tempo, da criação artística,
ou de uma e outra não serem, afinal, mais do que cias
formas de expressão de uma mesma capacidade base, tudo
isto não é mais do que poesia! E este governo, prosaico,
é prosa o que prosaicamente faz! Tudo nos seus devidos
lugares: os cientistas fazem ciência, o Governo governa
Que a investigação, a ciência e o desenvolvimento temo
lógico se não compadeçam com formas estritas e estreitas
de governamentalização e de controlo financeiro e
burocrático, pior para eles. Que se atirem para o mercado,
e ele lhes dará, ou não, a resposta que merecem.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Não é mais do que, afinal, a sobrevivência dos mais aptos - e Darwin vem aqui muito a propósito.

Os dinossauros não eram tão simpáticos e não se extinguiram?... Foi há maio de 65 milhões de anos, e não havia ainda o governo PSD/Cavaco Silva.

Admiramo-los agora, em plástico e computadorizados, fruto da tecnologia japonesa, no Museu de História Natural da Faculdade de Ciências, à Rua da Escola Politécnica.

O INIC morreu. Aliás, foi morto. Desta vez, pelos dinossauros do Governo, os quais, estou convicto, havemos de admirar, a muito breve prazo, extintos e de plástico, computadorizados pelos cientistas portugueses, esses sim, e apesar do Governo, ainda vivos.

Aplausos do PS e do Deputado independente Mário Tomé.

O Orador: - Porque, creiam-me, não é por causa do Governo que o trigo nasce para cima e os rios correm da nascente para a foz.

Aplausos do PCP e do Deputado independente Mário Tomé.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando de Sousa.

O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A sociedade portuguesa enfrenta hoje um conjunto de desafios científicos e tecnológicos, que não têm merecido, da parte leste governo, as respostas adequadas, susceptíveis de definirem e articularem as estratégias de curto e médio prazo do nosso desenvolvimento científico.

Desenvolvimento cientifico cuja construção exige linhas estratégicas de acção, das quais salientamos: a internacionalização da actividade científica portuguesa através da ligação concertada de instituições e investigadores a "contextos científicos internacionais mais avançados, muito especialmente, no âmbito europeu, onde se exige uma participação mais alargada de Portugal no âmbito dos programas em curso; a avaliação rigorosa e atempada de projectos e programas, em ordem a estimular a qualidade científica; o reforço dos meios financeiros destinados à investigação e desenvolvimento, no âmbito de projectos concretos; uma maior participação das empresas no processo de inovação e difusão das novas tecnologias, através da ligação às universidades e aos centros de investigação, e a criação de programas específicos destinados às pequenas e médias empresas; uma maior integração das ciências sociais e humanas no contexto de programas científicos específicos; a difusão pública das medidas tomadas pelo Governo, assim como dos projectos e programas científicos em curso; a implementação de uma política nacional de ciência e tecnologia, ainda não claramente expressa, mediante a definição de objectivos e projectos que tenham em conta as realidades que o mercado, as empresas e os consumidores apresentam, de forma a conhecerem-se as prioridades do financiamento.
Lamentavelmente, nada disto se passa em Portugal. A ligação a projectos internacionais e a centros de investigação estrangeiros é tímida. Não há avaliação da actividade cientifica, e as comissões de acompanhamento do