O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1408 I SÉRIE - NÚMERO 39

soas, que não pertencem a qualquer destes extremos, a dizerem: «Não temos emprego! Não há emprego! Não há segurança no emprego! Não há salários! Não há segurança no futuro! Isto manifesta uma nova situação no nosso país.
Durante os 15 dias de Presidência Aberta - e V. Ex.ª diz que o PS faz política para as pessoas - houve uma grande manifestação popular nas ruas, mostrando não só as coisas boas, até com alegria, mas também revelando, profundamente, os males que hoje existem nesta sociedade. E também foram convocadas as forças políticas da oposição para a luta contra esta situação, luta que exige uma nova política, passos concretos, do ponto de vista de táctica eleitoral para as novas eleições autárquicas, no sentido de o PSD não conseguir resultados além dos 30 % que teve na últimas eleições - o que foi uma derrota e espero que se repita desta vez -, o que só é possível se houver, por parte dos partidos da oposição, unidade.

Vozes do PSD: - Exacto!

O Orador: - É nessa perspectiva que pergunto ao Sr. Deputado António Guterres se não considera necessário haver, hoje, nesta situação, a unidade possível, através de listas únicas ou de coligações, onde for possível - não digo que isso seja um traço geral, mas onde isso for possível...

Vozes do PSD: - Não!...

O Orador: - A Presidência Aberta mostrou também, para além dos males que há na sociedade, a importância das autarquias ao nível regional e local, onde se pode fazer essa unidade,...

O Sr. Rui Carp (PSD): - Viva a unidade, a unidade de esquerda!

O Orador: - ... e pergunto se isso não deve ser um objectivo e se os congressos não devem ser «camisas de força» em absoluto numa situação em que a vida muda...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... tão rapidamente como estamos a ver.
Em relação a isto, já houve um partido que teve de fazer um congresso, em 1985, para responder a uma necessidade como esta, que foi a da eleição de Mário Soares. Logo, o PS deve, a meu ver, entender a necessidade de unidade como uma exigência premente da população do nosso país.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Mudam muito depressa!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Mário Tomé, em primeiro lugar, quero saudar o carácter moderado e construtivo da intervenção do Sr. Deputado,...

Risos do PSD.

... que contrasta apreciavelmente com a anterior.

Vozes do PSD: - Ah!,..

O Orador: - Espero que o convívio existente hoje entre o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português e o Sr. Deputado Mário Tomé venha a facilitar a evolução necessária desse partido e que o Sr. Deputado possa ser, pela moderação do seu discurso, um fermento das transformações indispensáveis ao PCP.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado Mário Tomé, não há pior unidade que a feita de equívocos.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Isso é verdade!

O Orador: - Ninguém tem maior empenhamento na conjugação máxima de esforços em relação ao PSD, o nosso principal adversário, do que o PS, mas importa que essa conjugação possa assentar em projectos políticos claros e na identificação clara de objectivos políticos comuns para a sociedade portuguesa, e ainda há, a meu ver e infelizmente, um longo caminho a percorrer...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Longo, não! Isso é uma grave injustiça!

O Orador:- ... por algumas forcas políticas, em Portugal, para que uma perspectiva de unidade credível junto da população e do eleitorado português possa triunfar. Pela nossa parte, aguardamos serenamente esse caminho e essa transformação, com a consequência de que agora, sim, ela será inelutável na história.

Aplausos do PS.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Lisboa mostra que é credível, que é possível!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nogueira de Brito.

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Guterres, fez V. Ex.ª uma intervenção que não só dignifica o Parlamento como também justifica uma intervenção tribunícia, chamando a atenção para os males e problemas da sociedade portuguesa, com a qual, no fundo, estiveram todos de acordo, ou pelo menos o grande auditório a que V. Ex.ª se dirige, atendendo ao velho princípio de que «quem cala consente». E como o PSD nada disse é porque está de acordo!

Aplausos do CDS e do PS.

O Sr. Deputado António Guterres apontou dois mates fundamentais: a crise de confiança, induzida pelos casos de corrupção e de tráfico de influências, e o risco de ruptura na coesão social, induzida por uma política económica errada e persistente em remédios próprios do monetarismo. Podia ter-se ficado pelo panorama nacional, que lhe dava margem de manobra suficiente para um grande discurso, mas V. Ex.ª não quis deixar de ir aos casos paralelos. Falou-nos do Japão, que estava a pôr em prática políticas keynesianas, dos Estados Unidos da América, de Bill Clinton, de França...

O Sr. António Guterres (PS): - Na França, não! Na CEE!