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1482 I SÉRIE-NÚMERO 41

De facto, Srs. Deputados, não vou tão longe. Mas, para todos os efeitos, pretendi trazer à Câmara uma visão mais realista da situação presente da economia portuguesa, de forma que não se confunda uma árvore com uma floresta.
Se analisarmos a economia portuguesa numa perspectiva macro-económica e não meramente sectorial- ninguém nega que sectorialmente existem questões-, obviamente, tiraremos conclusões diferentes das que têm vindo na comunicação social e que têm correspondido à posição dos partidos da oposição.
A conjuntura internacional, no passado, serviu para desculpar todo e qualquer insucesso quando o Partido Socialista liderava o Governo. Ora, o que afirmei foi que a conjuntura internacional influencia Portugal, facto a que não podemos fugir, mas também que o Governo pretende que a conjuntura internacional não determine as condições económicas em Portugal. O que é francamente diferente! Influenciar, com certeza! Baixar os braços, como os senhores fizeram no passado- porque tinham a desculpa da conjuntura-, é o que não pretendemos fazer!

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - Srs. Deputados, o que pretendi dizer foi que, por exemplo, Portugal tem o maior decréscimo na taxa de inflação relativamente a todos os países comunitários.
Ao contrário do que VV. Ex.as queriam, o que afirmei foi que Portugal tem a segunda taxa de desemprego mais baixa da Europa!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Muito bem!

O Orador: - VV. Ex.as dizem que o desemprego é uma catástrofe em Portugal, mas se forem a Badajoz ou a Vigo encontram taxas de 20 % de desemprego! Neste momento, temos 4,5 % de desemprego, portanto, não é correcto, não é justo, basear o discurso nesse argumento!

Aplausos do PSD.

Não prometemos um crescimento de 4 % ou S % do PIB. Prometemos, sim, um crescimento do PIB acima da média comunitária! Foram estas as promessas do PSD e VV. Ex.as sabiam-no de cor...

Protestos do PS.

VV. Ex.as já sabiam que isso estava previsto no relatório do Orçamento do Estado, mas esqueceram, agora, o que aprenderam aqui durante o debate do Orçamento!

Aplausos do PSD.

A dívida pública portuguesa apresenta valores pouco superiores a 60 % do PIB, enquanto a dívida pública italiana, por exemplo, ronda os 105 % do PIB!

Protestos do PS.

É inegável! Tal significa que estamos claramente a desempenhar o futuro de Portugal.
A comunicação social tem referido que as exportações tem caído, aliás, até estou admirado por não atacarem o Governo por causa da quebra das exportações, o que revela uma atitude de bom senso. De facto, numa altura em que há uma recessão internacional profunda é evidente que as
exportações portuguesas não podem crescer a ritmos semelhantes aos verificados no passado. Isso deve ser um temor do Partido Socialista, um temor do passado...
Mas, mais importante do que isso, a balança de transacções correntes portuguesa está perfeitamente equilibrada e a balança básica está superavitária.
Em conclusão, apesar do temor de VV. Ex.as - traumatizados pelo passado -, não vai ser preciso chamar o Fundo Monetário Internacional, como VV. Ex.as fizeram quando por lá passaram!

Aplausos do PSD.

Relativamente à questão das falências - era inevitável que a colocariam-, devo dizer-lhes que ela é muito simples de equacionar.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Ai é?!

O Orador: - Há falências, sim senhor! Agora vamos ver se esse processo de falências é positivo ou negativo.

Vozes do PS: - Ah!

O Orador: - Sr. Presidente, assim é difícil falar. VV. Ex.as devem estar preocupadas, porque no Partido Socialista Francês Michel Rocard propôs a extinção, pura e simples, do partido. De facto, devem estar com medo que surja algum iluminado a fazer uma proposta idêntica. Deve ser isso que os enerva!

Aplausos do PSD.

Talvez o antigo Deputado António Barreto, quem sabe... Srs. Deputados, retomando a questão das falências...

Protestos do PS.

Se me quiserem ouvir, talvez até seja didáctico. Como dizia, as falências poderão ser positivas ou negativas. Tudo isso se mede pela taxa de desemprego.

Vozes do PS: - Ai é?!
O Orador:- Se VV. Ex.as não prestarem atenção ao que estou a dizer, tenho a certeza que a seguir vão dizer as mesmas asneiras! Enfim, como fizeram uma pergunta, parto do princípio de que querem ouvir o que tenho a dizer.
Assim vejamos, o processo de falências será positivo se tal significar a reconversão da economia portuguesa, isto é, se significar que quando fecha uma empresa outras empresas, em sectores mais modernos, abrem.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - É isso que está a suceder?!

O Orador: - Srs. Deputados, para tanto, dou-vos um exemplo: se o Partido Socialista existisse quando abriu o primeiro supermercado em Portugal, com certeza que diria que isso não se deveria fazer, porque as varinas, os merceeiros, as hortaliceiras e toda essa gente que andava com a canastra à cabeça ia parar ao desemprego!

Protestos do PS.

É essa a postura de VV. Ex.as Contudo, hoje vão ao supermercado e encontram lá toda essa gente empregada. Está, pois, aqui em causa um processo de reconversão.