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26 DE FEVEREIRO DE 1993 1483

Porém, as falências poderão ser mais graves se, realmente, não houver a reconversão e se não começarem a surgir novas empresas que absorvam essas pessoas.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Há ou não há? Responda a isso!

O Orador: - Há Sr. Deputado Manuel dos Santos. Mas enquanto a taxa de desemprego se situar ao nível dos 5 % - de acordo com o Boletim de Conjuntura do Banco de Portugal de ontem - a situação é controlável. No dia em que a nossa taxa de desemprego começar a atingir os valores existentes nos outros países da Comunidade, aí a situação poderá ser mais preocupante no plano social. Actualmente, a minha resposta é não. E a taxa de desemprego que responde por mim.

Aplausos do PSD.

Quanto à questão do escudo alto, o que os senhores pretendem é dinamizar as exportações com base numa desvalorização cambial.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Vê-se logo que nunca esteve na indústria!

O Orador: - Ora, isso quer dizer que as empresas não se muniram de menores custos de produção, de melhor produtividade, para fazer face à concorrência exterior e que, no fim, recorrendo à taxa de câmbio, tentam ganhar competitividade lá fora através dos preços. Isso é, como disse na minha intervenção, adiar o futuro, fazer a fuga para a frente e solucionar o presente para adiar o futuro. Isso foi o que VV. Ex.as fizeram.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - V. Ex.ª nunca esteve na economia real!

O Orador: - Nessa medida, dou uma ajuda aos Srs. Deputados Ferro Rodrigues e António Guterres, já que este último anda por aí aflito com as diferenças entre o PSD e o PS. Ora, aqui está uma boa diferença para o leque daquelas de que andam à procura: enquanto os senhores olhavam para o presente, nós olhámos para o futuro.

Aplausos do PSD.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Isso não é verdade!

O Orador: - Sr. Deputado Manuel dos Santos, V. Ex.ª, assim, vai, inevitavelmente, continuar a dizer a mesma coisa lá fora, porque não ouve o que eu digo, e vai continuar a fazer as mesmas críticas!
Sr. Deputado, gostava de trazer a esta Câmara aquilo que tem sido a minha leitura -e que é, obviamente, a leitura dos Portugueses - das políticas alternativas da oposição para fazer face à crise internacional.
Em primeiro lugar, em matéria de política orçamental, os senhores defendem mais défice público para aquecer a economia. Esta primeira medida é profundamente inflacionista.
Em segundo lugar, em matéria de política de rendimentos, o que é que VV. Ex.as defendem? Defendem que se deve puxar ao máximo o acordo de concertação social para subir os salários acima da inflação. Trata-se também de uma medida perfeitamente inflacionista.
Em terceiro lugar, em matéria de política cambial, o que é que os senhores defendem? Defendem a desvalorização do escudo, que é também uma medida perfeitamente inflacionista.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Essa é a perspectiva de um bancário!

O Orador: - A minha pergunta não é para o Partido Comunista Português, porque esse joga na política da "terra queimada" e, por isso, é evidente que defende uma situação deste género, mas, sim, para o Partido Socialista, que aqui ratificou o Tratado de Maastricht, em que a inflação é o primeiro objectivo da convergência nominal. Para onde iria a inflação se os senhores fossem Governo? Iria, com certeza, para os 29 % ou 30 %, pois foi onde esteve quando W. Ex." passaram pelo Governo.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Estas são as medidas alternativas da oposição, nomeadamente do Partido Socialista e do Partido Comunista.
Para acabar, Srs. Deputados, diria, muito simplesmente, isto: não há dúvida de que, em Portugal, os próprios índices do Instituto Nacional de Estatística, relativamente ao conforto dos Portugueses, demonstram que temos andado no bom sentido e que muito se tem feito - isso é inegável! -, mas também é verdade que muito há por fazer.
Sabemos que muito há por fazer não pelo facto de se terem feito passeatas por Lisboa e por Setúbal e se ter visto que ainda existem barracas, pois nós sabemos que existem e queremos acabar com elas, mas, sim - e essa é a melhor prova -, porque o povo português votou no PSD. Se não hovesse nada para fazer, teria votado do PS, quase de certeza absoluta.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para defesa da sua honra pessoal, tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Rio, V. Ex.ª veio, no fim de contas, na fase inicial da sua intervenção, procurar branquear uma intervenção que aqui fiz, neste Plenário, há cerca de 15 dias, dizendo que que os fundos comunitários foram aplicados com rigor.

O Sr. Rui Carp (PSD): - Ninguém falou em si!

O Orador: - Sr. Deputado, começaria por lhe dizer que se, em Portugal, houvesse uma medalha para o trio da grande anedota nacional, ela teria de ser dada a V. Ex.ª, ao Sr. Ministro das Finanças e ao Sr. Ministro da Agricultura, e eu explico porquê.
O Sr. Ministro das Finanças disse que vivemos num oásis, o Sr. Ministro da Agricultura deu hoje uma entrevista a um jornal, dizendo que não há crise na lavoura e o Sr. Deputado Rui Rio vem hoje dizer que Portugal é um País de sucesso.

O Sr. Rui Carp (PSD): - O Dr. Mário Soares também o disse!

O Orador: - Repare, Sr. Deputado, que o Governo do seu partido recebe, por ano, 500 milhões de contos de fundos comunitários, recebe 250 milhões de contos das privatiza-