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2206 I SÉRIE - NÚMERO 69

progressivas em matéria de tecnologia, de gestão e de marketing, viáveis quando se desenvolve uma massa crítica suficiente para que as empresas concebam e prossigam estratégias ofensivas, visando a sua internacionalização. Defina-se uma política, confiemos nos nossos empresários.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Por tudo isto, Srs. Deputados, importa realçar que os apoios públicos à indústria devem ser, sobretudo, apoios qualitativos de natureza organizativa, formativa e informativa, reservando os incentivos financeiros e fiscais para os mencionados «projectos âncora» que promovam a criação não só de verdadeiros grupos económicos de matriz portuguesa mas também de constelações de médias empresas que cresçam em torno daqueles, elas próprias também com características de modernidade, para que possam vingar nos mercados interno e externo, assegurando um desenvolvimento harmonioso do tecido empresarial no nosso país.
Há que ter a coragem e o discernimento de proceder à selectividade na atribuição dos apoios, designadamente os incentivos às empresas, evitando a dispersão dos recursos e procurando estimular a capacidade estratégica empresarial.
Impõe-se salientar nesta Câmara, eminentemente política, que não se pode continuar a percorrer a via clientelista de dispersão de apoios financeiros nem consentir por mais tempo a falta de um só sistema integrado de incentivação ao investimento industrial que envolva e articule as diversas linhas dessa incentivação por forma a proporcionarem-se eficazmente estímulos e efeitos estratégicos às empresas industriais e de serviços ligados à indústria.
Como foi possível, Srs. Deputados, consentir a coexistência do PEDIP - do SIN-PEDIP, se preferirem - e do SIBR, repartidos regionalmente numa caricatura de «Tratado de Tordesilhas»?
Esse sistema único terá de atribuir prioridade à área do sistema financeiro e do capital de risco. Esse sistema deverá valorizar com verdadeiro empenhamento a qualidade, o design e o ambiente, pondo-se termo ao discurso mole, demagógico e repetitivo que vem sendo adoptado pelo Governo também nesta matéria.
Passemos, embora levemente, a um tema polémico.
A articulação entre a política regional e industrial não é matéria fácil, mas é indispensável que seja encarada concretamente nesta sede parlamentar.
Em meu entender, tal articulação ganhará em ser feita em duas vias simultâneas: através dos sistemas produtivos e de decisão integrados e regionalmente centrados, que se vem divulgando, na terminologia recente dos especialistas, por clusters e que, agora, estão muito na moda no Ministério da Indústria; através dos eixos de penetração litoral/interior, de que são exemplos evidentes, embora não forçosamente únicos, os que ligam a região do Porto, envolvendo ambas as margens do Douro, a Vila Real, os que ligam Coimbra a Mangualde, passando por Viseu e podendo chegar a Covilhã/Fundão, os que ligam a Grande Lisboa, de um e outro lado do Tejo, a Santarém e Torres Novas e os que ligam Setúbal a Évora.
O investimento estratégico no sector da indústria e- dos serviços que lhe são afectos passará muito por algo do que aqui disse.
Mas permitam-me VV. Ex.ªs, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que utilize mais um minuto para vos dizer que este clima de diálogo, que é fundamental para definir com nitidez as regras do jogo, não pode passar por um governo ou por uma Administração arrogante que faz dessa mesma arrogância a sua maneira de estar na cena política, que utiliza como regras técnicas de propaganda desinformativa, que baralha argumentos e manipula números, apresentando aos interlocutores ora uma imagem optimista do País ora um ambiente sinistro, conforme .lhe parecer mais ajustado aos seus propósitos eleitoralistas.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Se nós quisermos ir tão longe quanto a indústria necessita e quanto o País precisa, então, temos de habituar-nos, no nosso discurso e no nosso debate político, a encarar, sem perspectivas parti-docráticas nem facciosismos, esta realidade económica que hoje se nos depara e a encontrar, pelo diálogo, os caminhos que se nos oferecem como fundamentais, definindo, a médio prazo, as condições para que haja um novo investimento, para que os empresários encontrem formas de associação que os façam responder aos desafios que enfrentam e para que eles próprios tenham vontade de persistir nestes tempos de «mar encapelado e de nevoeiro espesso».

Aplausos do PS.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Ferraz de Abreu.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, há três inscrições para pedidos de esclarecimentos, mas o PS já não dispõe de tempo para responder, a menos que os Srs. Deputados inscritos resolvam ceder tempo ao Sr. Deputado Joaquim da Silva Pinto...

Pausa.

Desistem, então, dos pedidos de esclarecimentos?

O Sr. Rui Carp (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para uma interpelação à Mesa.

O Sr. Presidente (Ferraz de Abreu): - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Rui Carp (PSD): - Sr. Presidente, tanto V. Ex.ª como o Sr. Deputado que acabou de intervir sabem que os grupos parlamentares devem programar as intervenções dos seus membros dentro dos tempos disponíveis e queremos registar que, para além de todo o tempo disponível para o Partido Socialista, a Mesa concedeu ainda mais seis minutos ao Sr. Deputado. Assim, não venha agora o Partido Socialista, ao abrigo desta derrapagem por falta de programação, típica da bancada socialista, dizer que nós, PSD, ainda somos culpados por não terem tempo disponível e por prescindirmos de esclarecer muitas dúvidas e muitas imprecisões que estão contidas na intervenção do Sr. Deputado Joaquim da Silva Pinto.

Aplausos do PSD.

O Sr. Joaquim da Silva Pinto (PS): - Dúvidas talvez, mas imprecisões nenhumas!

O Sr. Presidente (Ferraz de Abreu): - Sr. Deputado Rui Carp, naturalmente, as suas observações não serão dirigidas à Mesa, mas ao Sr. Deputado Joaquim da Silva Pinto, pois a Mesa nada tem de intervir na organização da intervenção de cada Deputado.
De resto, o Sr. Presidente da Assembleia da República, que era quem anteriormente presidia à sessão, couce-