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9 DE JUNHO DE 1993 2585

política socialista aproximar-se do centro e não vejo nova realidade para o socialismo, vejo mimetismo, Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. José Magalhães (PS): - Até parece que foi o PP que ganhou!

O Sr Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Mário Tomé, o senhor aproveitou para fazer um comentário, uma intervenção, exprimir os seus pontos de vista e, por isso, não tenho nada a dizer em relação à sua intervenção.
No que diz respeito à alternativa que o Partido Socialista deve representar na sociedade portuguesa, creio bem que, se o Sr. Deputado Mário Tomé está atento às sondagens de opinião e à evolução da vida política portuguesa, pode verificar que o Partido Socialista é a alternativa natural e, lógica ao actual Governo.

O Sr. Joaquim da Silva Pinto (PS): - Muito bem!

O Orador: - No entanto, se o Sr. Deputado Mário Tomé pretende dizer que o Partido Socialista ainda não tomou todas as medidas, ainda não elaborou todas as propostas, ainda não refinou todo o seu discurso para se substituir a este Governo, dir-lhe-ei que é necessário deixar passar ainda algum tempo. Aliás, o primeiro desafio que lancei ao Governo foi o de ele próprio não deixar que a vida política portuguesa caia num vácuo e num pessimismo tal de forma a que isso se reflicta negativamente sobre o andamento da vida nacional.
Apôs as eleições autárquicas, teremos oportunidade de fazer o balanço da situação política e de extrair consequências dos resultados eleitorais Será esse o momento de pensar mais estreitamente naquilo que acabo de dizer.
O Sr. Deputado António Lobo Xavier referiu que eu não resisti às tentações. Sabe o que dizia Oscar Wilde? Dizia o seguinte: «resiste-se a tudo menos a tentações».
Ora, o Sr. Deputado também não resistiu à tentação de trazer aqui os argumentos que o PP usou durante a sua campanha eleitoral em Espanha. E não trouxe os argumentos de Felipe González, nem era caso para isso.
No entanto, se hoje aqui saudei a vitória de Felipe González foi porque ela tem um grande valor não só político mas também simbólico. O Sr. Deputado não ignora, porque é um homem inteligente e acompanha a vida política europeia, que os partidos não são só um programa de princípios ou um programa governamental Há referências culturais, símbolos, formas de ver, de interpretar e de compreender que fazem uma tradição política, tradição essa em que se insere o Partido Socialista é o Partido Socialista Operário Espanhol. E mais não digo, porque, de resto, seria supérfluo.

Aplausos do PS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - O melhor bocado dessa tradição é nosso. Sr. Deputado!

O Sr. Presidente: - Para exercer o direito regimental de defesa da honra ou consideração da sua bancada, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos, por três minutos, no máximo.

O Sr. Manuel dos Santos (RS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Duarte Lima, já me ouviu dizer, várias vezes, que considero as intervenções dos Deputados do PSD, quando se afastam da linha ortodoxa imposta pelo Prof. Cavaco Silva, como o tal fenómeno que, há pouco, referi, em aparte,- do PSD no poder e do PPD na oposição.
Quero dizer-lhe que, quando o ouvi, ontem, na televisão, acreditei na sua sinceridade.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - E fui sincero!

O Orador: - Acreditei que V. Ex.ª estava indignado e, portanto, quando fez aquela declaração, aliás, uma declaração politicamente correcta que, do ponto de vista humano, também posso qualificar da mesma forma, acreditei sinceramente na sua sinceridade.
No entanto, quero dizer-lhe que considero de muito mau gosto e quase ao' nível da intervenção do Sr. Ministro do Ambiente, que revelou ser um homem com pouca perspicácia política e com pouca sensibilidade - e V. Ex.ª não pode ser acusado disso, porque tem uma enorme perspicácia política e uma enorme sensibilidade-, a intervenção que o Sr. Deputado aqui fez, hoje, brincando sem categoria e, nesse sentido, ordinariamente com a vida humana, ao compará-la com um fenómeno que, a ter existido, seria apenas um acto de intervenção política.
Por outro lado, V. Ex.ª já ouviu uma das partes referir claramente que esse fenómeno não ocorreu, que não existiu nenhum «governo-sombra» criado por um secretário-geral do Partido Socialista, e, portanto, nem sequer, essa tábua de salvação a que V. Ex.ª poderia, eventualmente, agarrar-se, existe. Mas, insisto, mesmo que existisse, foi de muito mau gosto e realmente pouco louvável para si fazer esta comparação macabra entre aquilo que foi efectivamente um jogo com a vida humana e este fenómeno.
De resto, se eu quisesse seguir pelos caminhos de V. Ex.ª também era capaz de duvidar da sinceridade do Sr. Primeiro-Ministro e, provavelmente, teria oportunidade de lhe atribuir uma carga bastante elevada de cinismo, quando, ontem, às 19 horas, disse desconhecer uma notícia que, obviamente, a não ser que tenha um gabinete a funcionar mal, não podia desconhecer, uma vez que, desde as 13 horas, uma estação de rádio, das mais ouvidas neste país, matraqueava de meia em meia hora a história da anedota do Sr. Ministro do Ambiente.
Ora, o Sr. Primeiro-Ministro, mentindo ao País, declarou, às 19 horas, que desconhecia completamento o que se estava a passar. Portanto, se eu quisesse seguir pelo caminho que o Sr. Deputado Duarte Lima seguiu, poderia fazer este tipo de comentários.

Aplausos do PS.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente:- Sr. Deputado Manuel dos Santos, peço-lhe para se cingir ao tema.

O Orador: - Vou terminar exactamente como comecei, Sr. Presidente.
Ao ouvi-lo ontem, Sr. Deputado Duarte Lima, julguei, com sinceridade, que V. Ex.ª tinha um perfil de estadista; ao ouvi-lo hoje verifico que não passa de um sobrevivente político.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel dos Santos, antes de mais, quero dizer-lhe que