2580 I SÉRIE - NÚMERO 81
de Santiago do Cacém contrariamente ao que seria de esperar; uma vez que a área de influência daquele Hospital abrange o concelho de Odemira; mas, sim, para o Hospital de Beja e para o Centro de Saúde de Ferreira do Alentejo, o que vem comprovar a falta de meios e a consequente incapacidade de resposta do sistema de saúde no litoral alentejano.
A este problema está ainda associada uma outra carência que agrava a situação é que por, isso, urge resolver o problema das acessibilidades intra-regionais. A actual ligação rodoviária entre Odemira e Santiago do Cacém é deficiente, tornando-se, fundamental que, por esta e por outras razões que não cabem neste contexto, se concretize, a breve trecho, a construção do IC14, particularmente troço que liga Sines a Odemira; diria mesmo, o troço entre a Tanganheira e Odemira, que são cerca de 30 km. Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Hospital Distrital de Santiago do Cacém funciona num edifício, construído em 1842 e dispõe hoje de apenas duas valências, medicina interna e cirurgia geral, já que perdeu-as outras duas de que dispunha de obstetrícia/ginecologia e pediatria; dista cerca de 100 km dos hospitais distritais mais próximos, Beja e Setúbal, servindo, uma população dispersa predominantemente rural.
Conseguiu-se, recentemente; a obtenção de alguns equipamentos e, através deles, pôr a funcionar, novas especialidades em regime de consulta externa. Assim, à obstetrícia e à urologia que já funcionavam desde inícios de 1992 vieram juntar-se, já em 1993, a ginecologia e a traumatologia, esperando-se que, em breve entrem também em funcionamento a gastroenterologia, a oftalmologia e a otomnolanrigologia.
Apesar destes ganhos, as, carências são notórias. Além, das que já salientámos, há a acrescentar os elevados gastas no transporte de doentes em ambulâncias da periferia para o Hospital Distrital de Santiago do Cacém, devido à precariedade de funcionamento da generalidade dos centros de saúde da região,- e daquele para, Setúbal e Lisboa. Caberá, a propósito referir que a taxa de ocupação média da medicina, naquele Hospital, foi, no mês de Janeiro último, de 83%, enquanto, a partir, de Fevereiro se registou uma taxa de ocupação média de 130 %. E isto com uma demora média de internamento de apenas 8 dias por doente.
É de salientar ainda a existência de 40 doentes; do foro oncológico que actualmente ali recebem os seus tratamentos de quimioterapia.
A evolução do número de análises, laboratoriais merece-nos também; a devida atenção. Assim de 24 512 análises efectuadas em 1991, passou-se para cerca de 40 000 em 1992 e estima-se em mais de 60 000, as análises esperada em 1993.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em 1988 o Ministério da Saúde mandou elaborar um projecto; de remodelação e ampliação do Hospital Distrital de Santiago do Cacém, necessidade que o próprio PROTALI-(Plano Regional de Ordenamento do Litoral Alentejano) salienta, ao propor a «ampliação e reclassificação (nível 2) do Hospital Distrital e a instalação de laboratório de saúde pública de nível intermédio(grau 2) nesta cidade.
Corroboramos e patrulhamos estas propostas? Defendemos a necessidade de concretizar, tão breve quanto o Orçamento do Estado o permita, aquela remodelação e ampliação, do velho hospital- aspiração antiga da população do litoral alentejano e que os números aqui expostos bem justificam- ou mesmo a construção de um novo moderno e funcional edifício que, juntamente com as medidas preconizadas pelo próprio Ministério, da Saúde,-, para o País e para a região se que salientámos no início da nossa, intervenção, associadas à melhoria da assistência domiciliária e à implementação, de programas de saúde para idosos, tragam ao litoral alentejano um efectivo «sistema de saúde moderno, mais eficaz e justo, assente numa ideia de qualidade», como todos esperamos e desejamos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.
O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não vou saudar o Futebol Clube do Porto pela sua brilhante vitória no campeonato, o que se justificava, mas corria risco de dividir este Plenário. Assim, passo à abordagem de outro assunto.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, há sinais claros de viragem na política portuguesa São fáceis de observar o partido governamental parece ter perdido o seu estatuto maioritário, embora o mantenha formalmente no Parlamento. A tentação hegemónica, que pairou durante muitos anos no horizonte político nacional, está a esboroar-se rapidamente perante á resistência cada vez maior da sociedade, dos indivíduos e dos grupos e pelo generalizar de contestações às políticas governamentais.
A imagem do Primeiro-Ministro está em queda. Para muitos cidadãos, já se deu a transição da atracção para a rejeição; o Primeiro-Ministro já não seduz nem transmite autoridade e as vaias começam a surgir espontâneas quando se apresenta perante as pessoas ou quando o seu nome é porventura evocado.
Nos últimos tempos; o Sr. Primeiro-Ministro acumulou um repertório de erros políticos e gestos simbólicos absolutamente impressionante As vozes críticas estão num crescendo mesmo dentro do seu próprio partido!
Quem pode negar este panorama?
Mas as profundas alterações nas atitudes dos cidadãos na recepção da mensagem política verificam-se, melhor do que em qualquer outro campo de interpretação na evolução mais recente da própria linguagem política. De facto, o discurso político prevalecente nos anos posteriores a 1987 foi o do «sucesso». Simplista, mas impregnado de uma enorme carga positiva, esse discurso tomou-se quase compulsivo e de difícil «desconstrução»; porque, na verdade, assentava no sentimento de euforia que percorria a sociedade portuguesa.
Vozes do PS:- Muito bem!
O Orador: - O sucesso pessoal, o individualismo egocêntrico foram os valores que acompanharam no, plano subjectivo, esse discurso governamental.
Recentemente o conteúdo semântico e simbólico da linguagem mudou. Quem se (atreve ainda a fazer o discurso do sucesso a não serem os pequenos ideólogos do partido governamental?
De repente, a sociedade portuguesa descobriu-se vulnerável, ameaçada no seu presente e desconfiada quanto ao futuro, não obstante a imensa e quase messiânica esperança posta na integração europeia imaginário social avariou e deu-se uma crise de representação do futuro.
O Governo ficou sem discursos. As palavras-chave passaram a ser, doravante, recessão, derrapagem, desemprego, exclusão social, falências. Trata-se do outro lado do sucesso que acaba por submergir aquele como uma pequena ilha.
O Governo e o Primeiro-Ministro reagem fazendo o discurso a que chamarei do ressentimento. Trata-se de projectar «treudianamente» sobre os outros as culpas por uma situação que já não pode negar-se. Eram as forças do blo-