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2 DE JULHO DE 1993 2989

Esta não é hora para semear nevoeiros ou incertezas sobre a nossa capacidade nacional tão amplamente demonstrada perante o mundo, nem é hora de hesitar sobre o rumo da nação portuguesa.
Nenhum responsável político tem o direito de abalar a confiança dos portugueses nas suas próprias capacidades e de enfraquecer a vontade colectiva de vencer.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Esta é a hora do trabalho e da coesão; do trabalho e do consenso, do trabalho e da mudança.
Esta é a hora de ter coragem para transformar Portugal e de ter confiança nos portugueses.
Esta é a hora de cumprir Portugal!

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente:- Srs. Deputados, o tempo que o Sr. Primeiro-Ministro utilizou a mais vai ser descontado no tempo do PSD.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Almeida Santos, Círios Carvalhas, Adriano Moreira, André Martins, Mário Tomé. Raúl Castro, Freitas do Amaral, Manuel Alegre, Octávio Teixeira, António Campos, João Amaral, Ferro Rodrigues e Lino de Carvalho, que. nos termos regimentais, dispõem de três minutos para formular a pergunta.
Tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Primeiro-Ministro, V. Ex.ª acabou de nos ler um discurso cujo tamanho só é ultrapassado pela decepção.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Diria que, se a crise que assola o País fosse de palavras, teria morrido neste preciso momento.

Risos do PS.

Infelizmente, é de pessoas, de empresas, de trabalhadores, de famílias, de empregadas, de gente que existe e que sofre a realidade do País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Tenho de concluir que o Sr. Primeiro-Ministro falou dei um país que ralo é o nosso...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... e de uma crise que não é a nossa, porque nem sequer admitiu que ela existe. Já admitiu que existia há uns dias, mas agora voltou a deixar de admitir. O discurso é novamente panglossiano, irresponsavelmente optimista. Provavelmente, inspirou-se num país de ficção: talvez na Disneylândia, talvez na Negrícia, talvez na Ilha dos Pinguins, não sei! Em Portugal não foi com certeza!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Começou por nos falar na coragem para mudar. Então, por que não mudaram? Ou mudaram apenas para pior?

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Depois, deu-nos uma lição de confiança nos portugueses. V. Ex.ª teria confiança nos portugueses, enquanto que nós não a teríamos, nem teríamos confiança na confiança que as portugueses têm em si.

Risos do PS.

Peco-lhe que não volte a ser deselegante ao ponto de, admitindo nós- porque temos de admitir- a confiança do Sr. Primeiro-Ministro nos portugueses, pôr em, causa a nossa confiança neles.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não é bonito da parte de um Primeiro-Ministro.

Aplausos do PS.

Até porque, devo dizer-lhe, a esse tipo de acusação - de falta de patriotismo, cada vez que criticávamos alguma coisa dos governos, de pessimismo, de discurso miserabilista, de miopia, de cenários negros, de hipocrisia- ganhámos suficiente experiência durante o regime anterior.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Ficámos vacinados para esse tipo de crítica.

Aplausos do PS.

O que está em causa não ó a nossa, a sua ou a confiança dos portugueses em si mesmos mas, isso sim, a confiança dos portugueses em V. Ex.ª e no seu Governo. Esse é que é o problema e nenhum outro.

Vozes do PS: - Exactamente! Muito bem!

O Orador: - Disse também V. Ex.ª que Portugal é um grande país. Frase banal, como é óbvio! Claro que Portugal é um grande país, não precisava de dizê-lo. Todos temos muito orgulho no nosso país, no seu passado e no seu presente. O que queremos é continuar a ter orgulho no seu futuro, e V. Ex.ª comprometeu esse futuro. Quando nos acusou de andarmos em busca do tempo perdido, falou verdade. Andamos em busca do tempo perdido, mas do que foi perdido por V. Ex.ª e pelos seus governos,...

Aplausos do PS.

... durante os últimos sete anos, em que teve meios excepcionais para preparar o País para poder resistir às competições a que está agora sujeito, e não o preparou.
Por isso, compreendo agora as opções vazias e nulas que nos mandou para aqui e que provam a total ausência de ideias e a que ponto este Governo e V. Ex.ª se encontram pobres de iniciativas e de ideias: «preparar Portugal para o novo contexto europeu», «preparar Portugal para a competição numa economia global», «preparar Portugal para uma vida de mais qualidade». Aqui estão as originais opções deste Governo!

O Sr. Presidente: - Queira terminar, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Estamos a preparar-nos para aquilo que já tínhamos obrigação de ter começado a fazer há sete anos e vem o Governo confessar-nos que não estamos preparados e vamos preparar-nos agora!