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2990 I SÉRIE - NÚMERO 91

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Então a última opção é, de facto «chumbo na instrução primária», porque se diz: «preparar Portugal para uma vida de mais qualidade». Portugal e os portugueses estão sempre preparados para uma vida de melhor qualidade!

Risos do PS.

O que é preciso é preparar uma vida de melhor qualidade para as portugueses!

Aplausos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, com a frontalidade com que sempre o critico- não me vai acusar do contrário-, digo-lhe que o pior e mais grave da crise que assola o País- e é uma crise real, que amargura os portugueses, sobretudo, porque não sabem o que vai acontecer no Cm desta década, quando acabar o dinheiro da Europa e não estivermos preparados para viver sobre nos próprios, uma angústia que felizmente não é comum aos outros países que nos ajudam e tutelam, apesar de, na ideia de V. Ex.ª, estarem pior do que nós - é, de facto, V. Ex.ª, o seu Governo e a total ausência de respostas que tem para a crise inequívoca que o País atravessa.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Almeida Santos, é com muito gosto que vou responder-lhe. No entanto, começo por dizer que em matéria de palavras e de uso das palavras o senhor bate-me sempre, incontestavelmente.

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

Ninguém consegue ser, talvez nesta Casa, superior ao Sr. Deputado Almeida Santos em termos de manipulação das palavras. Presto-lhe aqui a minha homenagem por aquilo que consegue fazer ao manipular essas palavras e tentar enganar, às vezes, a audiência Presto-lhe a minha homenagem.

Aplausos do PSD.

Porque quanto ao fundo do meu discurso, Sr. Deputado, desculpe que lhe diga. disse nada!
Gostaria que, eventualmente, encontrasse um ponto concreto para que eu lhe pudesse responder. Mas o senhor não fez isso. Foi novamente falar do regime anterior.
O Sr. Deputado democracia e liberdade estão conquistadas, são activos que ninguém já vai destruir. O problema, hoje, é de desenvolvimento!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E, por isso, o senhor invoque outras coisas, invoque a sua experiência no contributo para o desenvolvimento e a modernização do País,...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... mas não invoque mais o seu contributo para a defesa da democracia, porque senão também eu leria de dizer que fui vítima do fascismo, dado que tive de ser mandado para a guerra colonial.

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

O Orador: - Portanto, Sr. Deputado, deixemos de lado essa questão da democracia e da uberdade porque elas estão bem sólidas e bem alicerçadas.
Juntamente com o Major Tomé estive na altura em Moçambique a fazer a defesa da Pátria, que então era grande, era enorme...

Risos e aplausos do PSD.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Não tivemos a felicidade de nos encontrarmos!

O Orador: - Uma pequena resposta em relação ao tempo perdido: Sr. Deputado, já tinha notado em si, por discursos de que há dias tive conhecimento, uma certa nostalgia do passado. Por essa razão, quando falou no tempo perdido, pensei que se estava a referir ao tempo da queda do poder de compra dos salários; quando o desemprego atingia 10 % no nosso país, ou seja, 500 000 portugueses; quando, em cada ano, o poder de compra das pensões baixava; ou quando Portugal era um país com dívida externa controlada por instâncias internacionais. Esse é que foi o tempo perdido. Por Isso, compreendo que o Sr. Deputado, hoje, deve ter sentido algum incómodo ao ter tido conhecimento do relatório que a OCDE acaba de publicar.

O Sr. Presidente: - Atenção ao tempo. Sr. Primeiro-Ministro.

O Orador: - Termino já. Sr. Presidente.
Porque, de alguma forma, o relatório da OCDE, que com certeza ainda não teve oportunidade de consultar, apresenta poucos países com possibilidade de crescimento em 1993. Como sabe, na própria Comunidade Europeia, apenas apresenta quatro países com essa possibilidade.
O tempo perdido, Sr. Deputado, era aquele em que, normalmente. Portugal fazia pior quando as outros países estavam em dificuldade. O tempo ganho é aquele em que um país, como Portugal hoje, consegue fazer melhor do que os outros países com recursos mais abundantes. Esta é a diferença. Sr. Deputado.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, V. Ex.ª reconheceu, na sua intervenção, alguns problemas óbvios, mas no essencial, ignorou o país real e pairou sobre o estado da Nação. Não quis reconhecer que, fruto de uma política errada e injusta- que se traduziu, por exemplo, na sobrevalorização do escudo, que nada tem a ver com a estabilidade cambial, e na alta taxa de juro -, levou à penalização da actividade produtiva, com graves consequências na agricultura, nas pescas, em áreas da indústria, do turismo e do comércio, que, por sua vez, tem levado ao aumento do desemprego e do trabalho precário.
E coloco-lhe a seguinte questão: reconhece ou não, Sr. Primeiro-Ministro, que, fruto de uma política errada e