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3006 I SÉRIE - NÚMERO 91

conhecer que o que está em causa não são os caprichos pessoais do Ministro da Saúde mas, sim, a responsabilidade política global do Governo e, em primeira Unha, a do Primeiro-Ministro.
A consciência que seguramente tem dessa responsabilidade e do juízo que os portugueses cada vez mais fazem da sua política já levou o Primeiro-Ministro a confessar publicamente que desistiu de ganhar as eleições autárquicas.
Segundo o seu líder, o PSD já não quer ser o partido mais votado, o que mobiliza a confiança do maior número de portugueses. Ao PSD já só interessa ter mais câmaras, como se fosse a mesma coisa ganhar em Lisboa ou ganhar na Ilha do Corvo!...
E para ter mais câmaras, aí andam os Ministros, correndo o País, ameaçando e aliciando autarcas de outros partidos com aquilo que é de todos nós e procurando, em desespero, ganhar na secretaria o que julgam já ter perdido no terreno.
Trágica situação esta, a de um partido que. há dois anos apenas, vencia com mais de 50 % e que, agora, recorre a tudo, viola todas as regras da política e da ética, só para derrubar o Engenheiro Mário Almeida da presidência da Associação Nacional de Municípios.
Mas nem essa alegria as portugueses lhe darão!

Aplausos do PS.

O Primeiro-Ministro já não consegue disfarçar o {estado da Nação com a sua «crónica de um país imaginário». Está a esgotar o crédito de confiança que os portugueses lhe manifestaram. Provou que só sabe navegar com o vento a favor. Ainda tem dificuldades em admitir que se engana, mas, seguramente, já começou a ter dúvidas e talvez por isso tenha anunciado que ainda não sabe se se volta a candidatar
Os portugueses, esses, têm confiança em si próprios, mas já não têm confiança no Governo.
Os portugueses podem e devem ter confiança no futuro, mas não com este Primeiro-Ministro, com este Governo e com esta política.

Aplausos do PS.

O Sr Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Guterres, esperávamos o seu discurso.

Risos do PS.

Compreendemos o riso da bancada do Partido Socialista para quem, primeiramente, o discurso era destinado. A necessidade de afirmação política do Sr. Eng.º António Guterres é, em primeiro lugar, em relação à sua própria bancada.

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

Não tinha qualquer intenção de dizer Isso se os senhores não se rissem, portanto pagam o ónus do riso porque o vosso comportamento, em relação à nossa apreciação do discurso do vosso líder, é o melhor sintoma do respeito que tenho por esse mesmo discurso.
Mas, Srs. Deputados, queria dizer que não me rio do discurso do Sr. Deputado António Guterres. E não o faço, em primeiro lugar, porque já o conhecemos. Desde 1987 que o Partido Socialista faz, ou pela boca do Sr. Deputado António Guterres ou pela de outros seus dirigentes, exactamente o mesmo discurso. É um discurso que tem a característica de conter poucas ideias. Isso, enfim, até se podia admitir, mas o pior de tudo é de que, em 1993, é um discurso que não tem nem expectativas nem esperança!...

Risos do PS.

É um discurso que olha para o País sem qualquer sentimento de esperança em relação ao próprio País.

O Sr. José Silva Pinto (PS): - Cuidado!

O Orador: - É um discurso pelo qual o principal partido da oposição, aquele que é a alternância natural do Partido Social-Democrata, fala sobre o seu próprio País, discute o estado da Nação na base daquilo que poderia ser o discurso da mera oposição à acção governativa. Não vai mais longe do que os artigos dos jornais e pedia-se ao líder da oposição que, francamente, fosse mais longe do que fazer um mero inventário daquilo que .são, sem dúvida, os incidentes, os conflitos, as dificuldades, as necessidades da nossa democracia.
Fazer o inventário dos conflitos, das necessidades, dos incidentes, não é política, é pura e simplesmente um inventario. Por isso, algo faltou ao discurso do Sr. Deputado António Guterres, que é, no fundo, o mais tecnocrático dos discursos que ouvimos até hoje. Com efeito, este é que é um discurso tecnocrático porque é o discurso que olha para o País sem nada que transcenda as dificuldades que todos admitimos, sem nada que transcenda as erros que também admitimos, e que, com certeza, cometemos, e que olha para o País sem esperança alguma.
Aliás, essa falta de esperança é talvez o principal ónus do Partido Socialista em relação à sua tentativa de ser governo.
É um discurso que tem o pior dos defeitos dos discursos da oposição porque se baseia não no estado da possibilidade mas no estado da necessidade. É um discurso que fala, apenas, daquilo que é preciso - e nós reconhecemos também aquilo quê é preciso - e não diz uma única coisa sobre aquilo que é possível. E o que caracterizou o discurso do Primeiro-Ministro foi que, sendo um discurso feito a partir da possibilidade - que é o que caracteriza um discurso de Estado -, foi também um discurso que admitiu a necessidade e que fez um apelo às expectativas, à esperanças e ao futuro, não do ponto de vista do nosso próprio interesse partidário mas do ponto de vista de uma esperança, que deve ser colectiva, de quem é responsável pela política em relação aos portugueses.
Quero ainda fazer um comentário de método final em relação ao discurso do Sr. Deputado António Guterres que é o seguinte: fiquei muito surpreendido quando, o vi silencioso e não o vi inscrever-se para fazer perguntas ao Sr. Primeiro-Ministro. E fiquei surpreendido porque o Sr. Deputado António Guterres, que é líder partidário e nem sequer é líder da bancada, que tinha tido o exemplo de um líder partidário aqui presente, o Sr. Deputado Carlos Carvalhas que muito bem questionou o Sr. Primeiro-Ministro, ficou silencioso quando todos os dias pede para debater com ele, na televisão.

Aplausos do PSD.

Aqui Sr. Deputado António Guterres, para um partido que sempre se apresentou como o primeiro defensor do parlamentarismo, aqui é que é o local do debate institucional. E