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3008 I SÉRIE - NÚMERO 91

curso respeita a coisas que se passaram nos últimos seis meses.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Isso não quer dizer, nada!

O Orador: - Assim sendo, a sua intervenção é, desde logo, em termos factuais, um disparate.
Depois, em matéria de pobreza de ideias, quer discurso mais pobre de ideias do que aquele que aqui foi feito pelo Sr. Primeiro-Ministro, durante mais de 50 minutos? É capaz de indicar alguma ideia nova que ele, hoje, aqui tenha apresentado?

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Várias!

O Orador: - Terá de fazer um enorme esforço para o conseguir. Eu não consegui encontrar nenhuma.

Protestos do PSD.

Em matéria de alternativas, apontei um sistema, global e coerente, de reforma do Estado e da vida política.

Risos do PSD.

Em relação a essa reforma, global e coerente, do Estado e da vida política, a única coisa de que, no discurso sobre o estado da Nação, o Primeiro-Ministro mais uma vez í falou foi da sua fixação obsessiva no voto dos emigrantes nas eleições presidenciais. É esta a visão do PSD para a reforma do Estado?
Descentralização? Zero!

Vozes do PS: - Zero! !!

O Orador: - Leis eleitorais para as autarquias e para a Assembleia da República? Zero!

Vozes do PS: - Zero!

O Orador: - Transparência na vida pública e nos jactos administrativos? Zero!

Vozes do PS: - Zero!

O Orador: - Reforma administrativa? Zero!

Vozes do PS: - Zero!

Risos do PSD.

O Orador: - Então? É Isto que é um discurso sobre ò estado da Nação, cheio de ideias e posições?

Protestos do PSD.

Em matéria económica, a questão central da esperança é a de que não há esperança para quem não vê a gravidade dos problemas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Enquanto este Governo não reconhecer a gravidade desta crise, não será capaz de a resolver. Por isso, não tenho esperança na capacidade do Governo para ía resolver.
Mas apontámos caminhos para essa resolução, nomeadamente no domínio da política económica de curto prazo, com a correcção que se fez e que desde há muito tempo vínhamos recomendando em relação à política monetária...

O Sr. Presidente: - Peco-lhe, Sr. Deputado António Guterres, que tenha em atenção o tempo, já esgotado, de que dispunha para a sua intervenção.

O Orador: - Já esperava. Sr. Presidente, por esta sua interrupção, tão pontual.

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Já passaram mais de três minutos, Sr. Deputado!

O Orador: - Passaram apenas 24 segundos. Srs. Deputados. O Sr. Presidente: - É a mesma coisa. Sr. Deputado.

O Orador: - Dizia eu que pugnámos pela alteração da política monetária e cambial, que vimos defendendo, com inteira razão, desde há vários meses. Viram os Srs. Deputados vários ministros dizer aqui, no ano passado, que o comércio externo ia lindamente, que não havia qualquer problema no comércio externo. Agora estão calados e nem falam disso, porque sabem que tínhamos razão.
Por isso, a esperança está connosco, com quem soube prever e analisar a tempo, porque só quem sabe prever e analisar a tempo será capaz de a tempo, resolver.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Estamos hoje num claro quadro de degradação da democracia política, de crise e recessão e de acentuada degradação social. É este, hoje, o estado da Nação.
Numa postura previamente encenada para show off, o Sr. Primeiro-Ministro veio a esta Assembleia, em fim de sessão legislativa, não para falar do País, dos problemas e carências que os portugueses sentem e sofrem e das soluções urgentes e necessárias mas para os mistificar e desvalorizar e proceder a malabarismos de autoglorificação governamental.
Foi obrigado a reconhecer alguns problemas - são tão evidentes-, mas, no essencial, pairou sobre o País real, sobre os difíceis caminhos que temos pela frente, sobre as aflitivas, situações em que boje se encontram milhares de famílias portuguesas. Pairou sobre as angústias e os receios de muitos trabalhadores, que não sabem o que será o dia de 'amanhã.
Quanto ao futuro, prometeu, pois sabe que prometer é fácil. É, aliás, uma técnica que o Sr. Primeiro-Ministro domina com facilidade. Dir-se-ia que a sua intervenção foi inspirada pelo Sr. Ministro das Finanças quando, num daqueles seus momentos de êxtase, se deslumbra com as suas miragens, de que é pérola simbólica a famosa teoria do oásis.
Mas, como de promessas e visões cor-de-rosa está o povo farto, sendo talvez mesmo a produção mais excedentária do País, o que se esperaria é que o Sr. Primeiro-Ministro descesse à Terra e aqui apresentasse medidas urgentes e calendarizadas para tirar o aparelho produtivo do atoleiro em que