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1078 I SÉRIE-NÚMERO 32

operadores de importação, para uma certa cartelização, por forma a colocá-lo no mercado a preços que não seriam, no fundo, inferiores aos já praticados. Nesse sentido, foi para nós importante conseguirmos que Bruxelas aceitasse a proposta de a importação desse milho pelo INGA ser até ao montante de 350 000 t, para ser vendido cá ao preço de intervenção.

0 Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

0 Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Agricultura, começo por fazer uma pequena nota.

Não é por coincidência que nesta segunda tentativa de interpelação ao Governo, na Assembleia, sobre a agricultura, o PSD pretende desvalorizá-la e quase, diria eu, remetê-la ao silêncio.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Em Julho, aquando da nossa interpelação, o que se passou foi, exactamente, o seguinte: logo a seguir à intervenção do Ministro da Agricultura, o PSD pediu uma longa interrupção, para dar uma conferência de imprensa sobre um tema partidário, «puxando», deste modo, a comunicação social, o que levou o CDS-PP, como devem estar lembrados - tenho aqui o Diário da Assembleia da República dessa reunião -, a desistir da interpelação. Já não valia a pena, depois da interrupção pedida pelo PSD, que deveria ser de 20 minutos, mas que nunca é menos de uma hora, pois queria dar mais relevo a um pequeno assunto partidário do que à interpelação ao Governo sobre a agricultura feita pelo CDS-PP. Hoje, com o silêncio feito depois da intervenção do Sr. Deputado António Campos, houve mais uma tentativa para não discutir, a sério, problemas da agricultura,...

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - ... porque a bancada do PSD não tem capacidade para os discutir aqui, a céu aberto, no Plenário. É a segunda vez que, e não é coincidência, o PSD lança mão desta técnica obstrucionista.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Ainda uma outra coisa, Sr. Ministro, não lhe faria a injúria de, através de si, responder ao Sr. Primeiro-Ministro, porque, no outro dia, quando um Deputado da minha bancada fez uma pergunta, o Sr. Primeiro-Ministro disse: «Vou responder ao seu líder». Hoje, vem V. Ex.ª responder ao meu líder.
Na chamada Campanha da Terra, Manuel Monteiro, pedia, há mais de um ano, todas estas medidas anunciadas hoje por V. Ex.ª como se fossem novas. Entenderam, então, VV. Ex.ªs, como há pouco tempo entendeu o Sr. Primeiro-Ministro, que essas eram medidas demagógicas e que, por isso mesmo, não podiam ser satisfeitas. Ainda bem que V. Ex.ª vem hoje anunciar com pompa exactamente as medidas sobre o juro, a energia, as bonificações, etc., reivindicadas por Manuel Monteiro, dando voz aos agricultores. 15to mostra que o tempo acaba por realmente dar razão àqueles que a têm, não sendo preciso chamar a ninguém ignorante, demagógico, e, principalmente aos membros da oposição, para, passados tempos, vir dar-lhes razão.

Portanto, fica o Sr. Primeiro-Ministro, agora, com a resposta, através do Sr. Ministro, de que a Campanha da Terra não era demagogia e de que aquilo que se pediu eram medidas necessárias que VV. Ex.ªs, o Governo, acabam hoje por anunciar em tom triunfalista.
Disse ainda V. Ex.ª que um dos pontos da modificação estrutural que se está a proceder, quanto à agricultura, era a privatização da terra, tanto no Ribatejo como no Alentejo. Pergunto: Sr. Ministro da Agricultura, já se encontram pagas todas as indemnizações devidas aos proprietários do Alentejo que foram expropriados durante a reforma agrária gonçalvista, na qual também pôs a assinatura um então militante ilustre do PSD, Ministro desse Governo provisório, o Dr. Magalhães Mota!

Repito: já foram pagas todas as indemnizações devidas aos proprietários esbulhados com a reforma agrária? Pensa V. Ex.ª pagá-las ou também será, como dizia o outro ministro das Finanças, um custo da revolução que o Governo não pode tomar sobre si?!

0 Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Costa e Oliveira.

0 Sr. Costa e Oliveira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Ministro da Agricultura, confesso que não estava à espera de que fosse o Sr. Deputado António Campos a abrir este debate. Pelo que conheço do sector, pelo meu dia-a-dia, por aquilo que converso com as pessoas, tenho constatado não ser muito grande a aceitação do Sr. Deputado no mundo rural e, em particular, no mundo agrícola.

Aplausos do PSD.

Protestos do Deputado do PS António Campos.

Ao longo de algum tempo, tem o Sr. Deputado António Campos enxovalhado, denegrido tudo o que é agricultor, tudo o que é trabalhador, tudo o que é funcionário da agricultura deste país.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - E a minha surpresa Srs. Deputados, aumentou com o conteúdo do discurso do Sr. Deputado António Campos. Ouvi-o com a máxima das atenções e ao fim da 14.ª imprecisão política e técnica, inserida no seu discurso, confesso, deixei de tomar apontamentos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - 0 Sr. Deputado António Campos apela constantemente ao diálogo e à discussão, mas - permita-me que lho diga - noto no seu discurso um total bloqueio a essa mesma discussão; noto uma total falta de abertura para aceitar e compreender aquilo que, de positivo, agricultores, trabalhadores e funcionários têm conseguido fazer nestes anos na agricultura portuguesa.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - É por notar esse bloqueio, Sr. Deputado, que tenho dificuldades em o interpelar. Eu não poderia vir, aqui, dizer-lhe que os ditos 1000 milhões de contos não foram devorados, Sr. Deputado...

Protestos do Deputado do PS António Campos.