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1082 I SÉRIE-NÚMERO 32

cara a cara, olhos nos olhos, para me demonstrar que eu próprio sou o «coveiro» da agricultura portuguesa, pois afirmou - não tinha condições para discutir aqui. 0 que não lhe admito é que venha aqui e fuja à discussão essencial do problema essencial. 0 que não lhe admito é que ande com «coisinhas» laterais para se «raspar» da interpelação.

Aplausos.

0 que não aceito é que o seu grupo parlamentar ande, junto dos outros, a dizer: «calem-se, para o António Campos não poder "chatear" o Ministro»! 15so é que não aceito.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - 0 Sr. Ministro tem de explicar aqui, porque isto é uma democracia, e, por mais que fuja, tem de ser responsável pelas suas atitudes e tem de nos dizer como vai resolver o problema. É um sector prioritário nacional, é um sector decisivo nacional e o Sr. Ministro não pode andar aqui a arranjar «coisinhas». Tem de nos explicar como é que vai solucionar a questão.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Ministro da Agricultura.

0 Sr. Ministro da Agricultura: - Sr. Deputado António Campos, responderei rapidamente e com muita serenidade.

Se o Sr. Presidente me permite este comentário, penso que devia ser toda a Assembleia e todos os Srs. Deputados a pedirem a defesa da honra, e até os seus próprios colegas de bancada, perante aquilo que o senhor fez...

0 Sr. António Campos (PS): - Não saia da questão essencial, que é a agricultura!

Uma voz do PSD: - Cale-se! 0 senhor é um arruaceiro!

Protestos do Deputado do PS António Campos.

0 Orador: - Tenha calma, Sr. Deputado. É preciso ter calma, olhe que ainda lhe pode dar um ataque cardíaco! E nós não queremos que tenha um ataque cardíaco.

Protestos do PS.

0 Sr. Presidente: - Srs. Deputados, todos aqueles que estão no uso da palavra têm direito a ser ouvidos. E todos os que estão na Sala têm direito a ouvir quem está no uso da palavra.

0 Orador: - Sr. Deputado, o que se passa é que, por mais respeito que tenhamos pela imprensa - e é muito grande esse respeito - as relações entre órgãos de soberania não se estabelecem pela imprensa, mas nos fora próprios. Ora bem, aqui estamos nós para debater esses problemas, Sr. Deputado. Fiz aqui a minha intervenção, respondi a todas as questões que me colocaram, vim aqui anunciar com detalhe as grandes prioridades da política agrícola para o futuro, não fiz um discurso de generalidades, não fiz um discurso de chicanas, não ataquei ninguém nem andei a falar lá fora antes de vir aqui precisamente debater estes assuntos porque respeito esta Assembleia.

Aplausos do PSD.

0 Sr. Presidente: - Para responder à intervenção do Sr. Deputado Costa e Oliveira, tem a palavra o Sr. Deputado António Campos.

0 Sr. António Campos (PS): - Sr. Deputado Costa e Oliveira, eu compreendi a sua intervenção, dado que o «puseram na rua» lá do Ministério...

Risos do PS

Compreendi a sua intervenção como um forma de «fazer as pazes» com o seu amigo Amaro, o Sr. Secretário de Estado.

Risos do PS.

0 senhor não é capaz de me dizer qual é plano de rega colectivo (que é o que eu digo no meu texto) que arrancou nestes oito anos. Se for capaz... Mas nem sequer é capaz, hoje, de falar em Alqueva. E isto por uma razão muito simples: porque o Sr. Ministro andou a negociar uma política agrícola comum que permite agora, por exemplo, ao lobby francês chegar às negociações e dizer: «mas este Ministro não tem juízo!? Então, agora vem pedir a irrigação quando foi ele que andou a negociar uma lei para não produzir? A irrigação é aumento de produção. A lei que ele assinou é o contrário daquilo que ele está aqui a pedir.» É com isto que ele está confrontado agora em relação ao Alqueva. E o senhor não é capaz de me responder!

0 seu Governo diz que irrigou 120 mil lia de poços, de charcas, de furos, lá na sua terra do Algarve, com 100 ou 200 metros de profundidade, e aquilo que digo no texto é que nós precisamos de planos de aproveitamento das bacias hidrográficas nacionais esses é que são os grandes planos. E eu desafio-o a dizer aqui qual foi o plano lançado e qual é o estado de andamento nessa matéria.

A segunda questão a que o senhor se refere é a da comercialização: o Governo português gastou 103 milhões de contos e desafio-o a dizer qual foi o mercado abastecedor que foi feito em Portugal com esse dinheiro. Restaurado o do Porto? Mas esse já existe há muitos anos. Não há nenhum mercado abastecedor. E o senhor sabe que não há nenhuma zona de grande concentração. Foi feito o Mercado de Origem de Alcobaça, que não é uma zona de grande concentração.

E hoje é de tal maneira ridículo que o Ministro pega em dez funcionários e põe-nos junto das grandes superfícies e diz: «resolvi o problema comercial». Dos dois, ou três ou cinco mil funcionários que lá tem, pegou em dez, chegou ali, fez uma coisa pública e diz: «está resolvida a ligação entre as grandes superfícies e a agricultura». 0 senhor sabe que isto é demagogia pura! Que os 103 milhões de contos, hoje, na maioria, estão utilizados para a recepção de importações e aquilo que era fundamental - as grandes zonas de concentração, com centros de embalagem, com centros de calibragem, com centros para a formação de marketing sobre os produtos existentes
não foi feito.

Das tais irregularidades a que se referiu, o senhor não é capaz de apontar uma única. Acuso o Sr. Ministro de ter feito uma política anti-portuguesa e ele não foi capaz de dizer aqui uma única palavra. Acuso-o de ter colocado o sector na derrocada, dou os elementos, e ele cala-se e foge à discussão. Ele é tão incapaz de se defender como é incapaz na governação. E o Sr. Deputado, se quiser «fazer as pazes» com o seu amigo Amaro, vai pegar no texto e dizer-me, concretamente: «foi isto e isto que nós fizemos»