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28 I SÉRIE - NÚMERO 2

O Orador: - Só uma citação e não farei outra até ao fim. Vou começar com a citação: «Entendo que sempre que se fala em cenários de dissolução, se está a pensar mais no futuro político dos dirigentes partidários do que propriamente no futuro da Nação». «Os portugueses votaram numa maioria em 1991 e, mal ou bem, essa maioria deverá ser responsável pelos destinos do País até 1995. É em 1995 que deve fazer-se o balanço do que foi feito e, se a oposição tiver capacidade para se impor nas legislativas de 1995, ganhará ao PSD. Agora, estar a deitar abaixo maiorias através de engenharia politiqueira desenhada em gabinetes ou palácios e algo que não terá o apoio do CDS-PP.»

Aplausos do PSD.

Citei declarações do líder do partido proponente da presente moção de censura, proferidas na comunicação social há precisamente um ano.
Já sabíamos que todos os Deputados do CDS na anterior legislatura do Parlamento Europeu se afastaram do partido por lhes repugnar o radicalismo e o extremismo populista propagandeado pela nova liderança.
Já sabíamos que os populares europeus viam, no novo CDS, um partido cujas atitudes eram contrárias e em muito desacreditavam a sua imagem de empenhamento sério na construção europeia e, por isso, se sentindo incomodados com a sua presença na família democrata-cristã europeia.
Já sabíamos que o Partido Popular Europeu se viu forçado a tomar uma decisão, raríssima em organizações partidárias internacionais, só encarável em casos muito extraordinários e seguramente graves: expulsar o CDS-PP do Partido Popular Europeu.
Já sabíamos que este CDS-PP, sob a capa de um nacionalismo populista e radical, outra coisa não faz do que defender atitudes face à Europa que, irresponsavelmente, liquidariam os verdadeiros interesses dos industriais, agricultores, comerciantes, trabalhadores portugueses, pondo em causa o emprego, as perspectivas de modernização do País e a afirmação de Portugal no Mundo.
Já sabíamos que as posições que o CDS-PP defende, se fossem por diante, enfraqueceriam a nossa posição na União Europeia, retirando-nos quaisquer condições para fazer valer os nossos interesses numa economia global e integrada, deixando Portugal sem parceiros, sem voz, a caminhar irreversivelmente para o empobrecimento e para o isolamento.
Já sabíamos, como ficou demonstrado nas últimas eleições europeias, que o novo CDS se revê numa Europa de divisões, de barreiras, de tensões e de conflitos. Não numa Europa de paz, de segurança, de cooperação e de solidariedade; não uma Europa com uma voz mais forte no Mundo, particularmente face aos Estados Unidos e ao Japão.
Já sabíamos que ao novo CDS importa pouco que os portugueses gozem de uma cidadania europeia, em adição à cidadania nacional, desprezando as vantagens que daí resultam para mais de um milhão de compatriotas nossos que vivem nos outros países da União Europeia, e minando uma condição que em muito potência a defesa dos interesses e da segurança das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo
Tudo isto já sabíamos; tudo isto os portugueses já sabiam, ficamos agora também a saber que, a esses radicalismo e incoerência com o ideário dos seus fundadores, o CDS-PP, dando o dito por não dito, mesmo desdizendo hoje o que afirmou há um ano, alia uma atracção irreprimível pelo protagonismo e pela engenharia politiqueira, ao ponto de, irresponsavelmente, pretender criar instabilidade ou fomentar uma crise na governação do País.
Sejamos claros, sejamos muito claros: se o CDS-PP apresenta, convictamente, uma moção de censura, é porque deseja derrubar o Governo. É essa a implicação constitucional necessária de uma moção de censura: lançar o País numa crise política, com todas as consequências graves que daí advêm para o bem-estar dos portugueses e para a defesa dos interesses de Portugal.

O Sr. Silva Marques (PSD)- - Muito bem!

O Orador: - Se o CDS-PP, ao invés, apresenta, com ligeireza, uma moção de censura mas não quer o derrube do Governo, então, temos de denunciar veementemente perante os portugueses a sua leviandade e a sua falta de sentido de Estado, a sua apetência pela baixa política e, tal como sucede com outros, o seu total distanciamento dos requisitos da verdade, da nobreza de princípios e do espírito de responsabilidade.

Aplausos do PSD.

Quer se queira quer não, uma coisa fica clara aos olhos dos portugueses: gostam de falar contra os políticos, contra a classe política, contra as manobras dos políticos, mas actuam, na prática, com maior ligeireza, maior artificialismo, maior irresponsabilidade e maior politiquice do que aquela que costumam criticar e aos outros recriminar.

Aplausos do PSD.

Um partido responsável não brinca com as instituições e muito menos com os interesses de Portugal.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Pela sua história, pelo contributo que deu para a instauração da democracia, exigir-se-ia do CDS-PP que se comportasse como um partido adulto e responsável, que procura no debate político e na acentuação de uma visão diferente dos problemas a afirmação do seu projecto para Portugal.
O que não podemos nem queremos aceitar é que para este CDS-PP todos os meios sejam válidos para se colocar sob os holofotes da actualidade mediática.
O que nos custa a admitir é que seja inigualável em demagogia e em populismo fácil, em retórica desenfreada e inconsequente.
O que o País tem de saber é que, fazendo tábua rasa dos princípios, para este CDS-PP todos os meios servem para os fins que pretende conseguir.
Portugal e os portugueses merecem ser melhor respeitados. O País precisa de forças políticas que encarem a sua acção como um trabalho sério. Uma política para o País não é, Srs. Deputados, uma mera soma de recortes de jornais ou um conjunto de encenações, mais ou menos conseguidas, em frente às objectivas da televisão.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Para o CDS-PP e para outros agentes políticos de nada interessa que a taxa de inflação continue a baixar, situando-se em valores a que o País já não assistia há, pelo menos, 25 anos, e que esteja já bem próxima da média comunitária, um resultado tão determinante para o nosso futuro colectivo. Pelo contrário, não