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21 DE OUTUBRO DE 1994 29

só não lhe dão valor como ainda parece que esse excelente resultado lhe causa desconforto e até incomodidade.
Para o CDS-PP e para outros agentes políticos, de nada interessa que se continue a assistir a um gradual e sistemático abaixamento das taxas de juro, com todas as vantagens que daí resultam para as pessoas e para as empresas, para o aumento do investimento e para a criação de mais postos de trabalho. Pelo contrário, até parece que estes ganhos significativos saio obra do acaso e lhes causam incompreensível infortúnio.
Para o CDS-PP e para outros agentes políticos de nada interessa que a recuperação económica se consolide, que a criação de emprego seja estimulada, que o poder de compra das pensões aumente de forma consistente e sustentada. Pelo contrário, para eles a recuperação da economia é uma desgraça, causa-lhes apreensão, as boas noticiai constituem pesadelos insuportáveis, a melhoria das condições de vida dos portugueses cria-lhes indisfarçável angústia e desespero.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Vale tudo!

O Orador: - E porque será que nada disto lhes interessa, que são incapazes de valorizar o muito que há de positivo ou, então, simplesmente, de estimular e apoiar o esforço nacional para o desenvolvimento do País?
A resposta é dura, mas é simples e clara: para eles, tanto para o CDS-PP como para outros agentes políticos, o que é bom para Portugal afronta os seus desígnios partidários e a sua felicidade só existe quando vive paredes meias com a infelicidade dos portugueses.
É triste, mas e verdade.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Isto é uma coisa inconcebível!

O Orador: - Quem mais fala de interesse nacional é quem menos o pratica,...

Vozes do PS: - É verdade!

O Orador: - .. quem mais apregoa a soberania é quem menos a defende, quem mais advoga a ética, a moral e os princípios, e quem mais cai na manobra e na politiquice,...

Vozes do PS: - É verdade!

O Orador: - ... quem mais esbraceja contra os políticos é quem mais cai na tentação de usar e abusar, na política, do que ela tem de menos nobre e de menos digno.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Isso é uma autocrítica!

O Orador: - O critério do interesse nacional e o progresso do País são facilmente relegados para lista de espera se, em troca, puder ganhar-se a abertura de um qualquer telejornal.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Segunda autocrítica!

O Orador: - A própria dignidade das instituições democráticas e imolada no altar da auto-promoção e do marketing político.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Terceira autocrítica!

O Orador: - Quem sonharia ver um líder de um partido responsável chamar aos Deputados da Nação, a todos os Deputados, aos seus próprios Deputados, sanguessugas, em clara desqualificação dirigida à instituição parlamentar e à democracia representativa?!

Aplausos do PSD.

Quem imaginaria ver um dirigente partidário responsável declarar que a classe política mente todos os dias, sem sombra de vergonha da sua própria condição pessoal?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quem admitiria, algum dia, ver um partido que, no passado, se afirmou pelo seu sentido de responsabilidade usar, hoje, objectivamente, métodos de actuação e de intervenção política em tudo próprios do radicalismo da extrema esquerda?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Por tudo isto, também por tudo isto, uma coisa quero deixar clara: não trocarei nunca a coerência e a verdade por qualquer porção de votos, não hipotecarei nunca o futuro do meu País por qualquer fatia de popularidade fácil,...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Boa piada!

O Orador:- ... não governarei nunca Portugal ao sabor das modas, das circunstâncias do momento ou da demagogia que outros teimam em idolatrar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É bom lembrar a alguns agentes políticos que também na política, e sobretudo na política, os fins não justificam os meios.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: As eleições autárquicas e as eleições para o Parlamento Europeu terão defraudado, em muito, as previsões que a generalidade da oposição e alguns comentadores vaticinavam para o partido que apoia o Governo.
A frustração que os assaltou pela realidade dos resultados apurados tem vindo a revelar-se muito má conselheira.
Para além da pompa e circunstância então evidenciadas, terá ficado uma mal disfarçada descrença nas capacidades próprias para atingir os seus objectivos de chegada ao poder, nas eleições que terão lugar no final da actual legislatura.
A essa frustração acrescem dois outros dados, que, sendo excelentes notícias para Portugal e para os portugueses, estão, manifestamente, em rota de colisão com esse objectivo da oposição. Refiro-me à entrada em execução do Plano de Desenvolvimento Regional de 1994 a 1999, com a aplicação plena do II Quadro Comunitário de Apoio que lhe está associado, e aos visíveis sintomas de que a economia nacional iniciou já o seu processo de recuperação, o que irá permitir às famílias e às empresas portuguesas retomarem o ritmo de aproximação aos níveis de rendimento dos nossos parceiros mais avançados, a que nos habituámos nos últimos nove anos.
Neste quadro, o que é que faz a oposição?