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I SÉRIE - NÚMERO 13 438

para o eleitorado é saber se vai ou não manter-se a atitude política fundamental do PSD na condução do País através da acção governativa, é saber se, no plano interno, o uso que o PSD vai fazer do poder continuará a ser o mesmo que tem feito nos últimos anos, é saber se, nas relações externas, a condução da integração europeia de Portugal continuará a ser efectuada da mesma forma E isto que nos preocupa!
Claro que, para o PSD, não será a mesma coisa apresentar um determinado candidato a primeiro-ministro ou um outro. Aliás, eles próprios confessam, eles próprios dizem para o exterior que se o actual Primeiro-Ministro não se recandidatar ao lugar o resultado das eleições será bastante pior e o partido não terá hipótese de aspirar a uma vitória eleitoral. Mas essa é uma questão que diz respeito ao PSD.
A este propósito, chamo a atenção do Sr. Deputado José Lamego para o facto de, nos últimos comentários sobre esta matéria veiculados na comunicação social, termos visto alguns sociais democratas influentes, pensadores do partido, alertando para o seguinte: com esta tentativa de introdução de alguma ansiedade no País, e até no partido, acerca da sua continuação no cargo para a próxima Legislatura, o Primeiro-Ministro conseguiu desviar as atenções gerais, da comunicação social e dos comentadores relativamente ao PSD e também as dos partidos da oposição, que, como lhes compete, estavam a atrair a atenção de todos para a preparação das alternativas.
Assim, pergunto ao Sr. Deputado José Lamego se, ao trazer este assunto à Assembleia da República, não estará a colaborar com essa táctica que apelidou de «maoísta». Pessoalmente, ignoro se a táctica é ou não maoísta, tal como não sei se o Sr. Deputado foi ou não maoísta, mas devo dizer que também assisto divertido a essa comparação que fez.
Portanto, repito a pergunta que lhe fiz: o Sr. Deputado não estará a colaborar objectivamente nessa «táctica maoísta» de desviar as atenções, até agora concentradas nos partidos da oposição, com esse ataque ao «quartel-general» do PSD, com esse fogo sobre o «quartel-general» social democrata? Não estará a concorrer para essa táctica de desviar as atenções para a vida interna do PSD, afastando-as da preparação das alternativas que os partidos da oposição estão a fazer, assim colaborando com os interesses objectivos do PSD?

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Lamego.

O Sr. José Lamego (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Queiró, repito que esta é uma questão menor e a intenção da minha intervenção é a de pôr termo a uma discussão que, além de menor, é ridícula.
De facto, não é importante para o País, embora seja para o Professor Cavaco Silva, saber se a sua escolha pessoal vai no sentido de ser candidato a Primeiro-Ministro ou a Presidente da República. O que nos parece interessante é que ele, que dramatizou a eventualidade da dissolução da Assembleia da República que o impediria de levar até ao fim o seu mandato, que dizia «deixem-me trabalhar», agora não quer trabalhar!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Correia Afonso, para pedir esclarecimentos.

O Sr. Correia Afonso (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Lamego, confesso que gostei, até fiquei embevecido, com a sua intervenção,...

Risos do PSD.

...porque senti que pertencia a um grande partido, que, apesar de tratar-se de questões menores, como referiu, lhe permite, com entusiasmo, correr um universo de ideias.
O Sr. Deputado falou de amor e no casamento do Professor Cavaco Silva com o partido, falou de electricidade, referindo que o partido é o fusível do Professor Cavaco Silva, falou de navegação, invocando o homem do leme, falou de filosofia, inspirando-se em Hegel e aprofundando as consciências. No fundo, tudo isto lhe foi permitido a propósito do meu partido, razão pela qual estou cheio de honra e embevecido depois de o ouvir.
Porém, gostava de ser esclarecido pois, confesso, tenho uma dúvida e não se trata de uma questão metafísica mas de algo muito concreto e terreno: há tempos, uns camaradas do Sr. Deputado José Lamego sugeriram o nome do Professor Cavaco Silva para Presidente da Comissão Europeia É claro que, por detrás dessa ideia, estava a vontade de que ele saísse do Governo e se fosse embora. Hoje, o Sr. Deputado disse: «Não, é preciso que ele fique e cumpra o mandato». Reconheço aí a hesitação habitual do Partido Socialista mas acho que tenho o direito de perguntar-lhe: o que quer o Partido Socialista? Que o Professor Cavaco Silva saia ou fique?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Lamego.

O Sr. José Lamego (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Correia Afonso, respondo-lhe de forma muito simples: que saia nas próximas eleições legislativas de Outubro de 1995!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, passamos ao ponto de antes da ordem do dia relativo ao tratamento de assuntos de interesse político relevante.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal.

O Sr. Carlos Caudal (PS): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Não vou produzir uma intervenção tão subtil, intelectual e enciclopédica como as anteriores; porventura, abordarei um tema de maior interesse prático imediato e mais sentido pelas populações, pelo menos, pelas da minha terra.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Então, é um socialista recuperado!

O Orador: - Não falo, tão-pouco, como socialista e espero mesmo que a minha tese mereça o apoio de todos os Deputados eleitos pelo distrito de Aveiro, sob pena de ter de entender, aprioristicamente, que talvez não tenham interiorizado bem o sentido da representação. Falo, pois, sem «emblema», de malmequer na lapela, sem que me tenha tornado um ecologista puro ou membro desse partido de muito interesse, Os Verdes.
As galerias estão recheadas com uma pequena parte das mais de 1800 pessoas, homens e mulheres, que vieram hoje aqui, à primeira instância do poder político, mostrar a sua preocupação e dar-me apoio. A maior parte não votou em mim nas últimas eleições, provavelmente, nunca votará em mim...

O Sr. Álvaro Viegas (PSD): - É gente de bom senso!