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I SÉRIE - NÚMERO 42 1490

regional deverá ter em conta novos instrumentos selectivos, os quais terão de ser mais eficientes porque aqueles que actuam na região ainda não conseguiram relocalizar as actividades e os factores de produção.
De qualquer forma, quero dizer-vos que, hoje em dia, ao contrário do que o Sr. Deputado Almeida Santos dizia em tempos, a Guarda já não é «um cemitério de saudades» mas, sim, uma região que olha para o futuro com perspectivas de desenvolvimento.
Naturalmente, urge concretizar um apoio selectivo às empresas, prepará-las para a competitividade com o vizinho mercado espanhol. Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, nós, que escolhemos a Guarda para viver, que escolhemos a Guarda para trabalhar, que preferimos trabalhar no interior de Portugal, queremos dizer que urge desenvolver o interior para, embora com séculos de atraso, podermos finalmente cumprir Portugal.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Luís.

O Sr. Carlos Luís (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Júlio Sarmento, começo por saudar a presença de V. Ex.ª neste hemiciclo, por dizer-lhe que ouvi com atenção a sua intervenção e que nunca é demais trazer a esta Sala os problemas das regiões do interior, sobretudo de uma região como é a do distrito da Guarda, da Beira Interior, tão carenciada em infra-estruturas.
Falou V. Ex.ª em assimetrias regionais, em desenvolvimento do interior. Eu próprio, nesta mesma Câmara e em diversas circunstâncias, tenho dito que o que de positivo foi feito no distrito da Guarda e na região da Beira Interior deve-se ao poder local, independentemente da cor política do autarca que presida a um dado município. Ora, sendo V. Ex.ª o ilustre Presidente da Câmara Municipal de Trancoso - também o felicito nessa circunstância-conhece, tão bem como eu próprio, a realidade daquele distrito. Após 16 anos consecutivos de Governo do PSD, V. Ex.ª faz, ou deveria fazer, uma análise consciente do desenvolvimento estrutural e das condições que foram criadas às regiões do interior.
V. Ex.ª falou no tecido empresarial e certamente conhece a actual situação da indústria, nomeadamente a dos lanifícios, do maciço central da Serra da Estrela - Seia, Gouveia, Manteigas e cidade da Guarda. É que, à semelhança do que acontece no Vale do Ave, também em Seia há salários em atraso, também no distrito da Guarda há salários em atraso em empresas asfixiadas. Também aí o poder central não criou um único programa integrado de desenvolvimento, de modo a dar as mesmas oportunidades que foram concedidas a outros industriais e a outras regiões do interior.
V. Ex.ª não esconde igualmente a existência de um surto migratório nos anos 80 e 90, em direcção a França e à Suíça - e há quem compare este ao surto migratório ocorrido nos anos 60 -, que afectou o melhor património do distrito da Guarda que é a sua juventude, apesar da existência do Instituto Politécnico da Guarda, que reconheço ser um instrumento positivo para o desenvolvimento da região. Mesmo assim, pergunto a V. Ex.ª, quantos postos de trabalho são criados para levar à fixação dos jovens que são o melhor património que temos na nossa região? Faço-lhe esta pergunta porque estes últimos não procuram o distrito da Guarda para se fixarem, dado não terem aí condições de vida, antes atravessam os Pirinéus, continuando à procura das «novas Franças» e das «novas Suíças».
Sr. Deputado, quando olha para o PIDDAC para 1995, V. Ex.ª vê aquilo que é uma vergonha e uma humilhação para o distrito da Guarda: está na cauda dos 18 distritos nacionais, tendo sido contemplado com uma verba ridícula, não havendo um único investimento estrutural com vista ao seu desenvolvimento.
V. Ex.ª falou ainda em vias de comunicação. Ora, a construção do IP n.º 2 encontra-se atrasada quatro a cinco anos em relação à dos outros itinerários principais do País e nós bem sabemos porquê, Sr. Deputado. É que naquela região não se ganham eleições, ali não é o litoral e, por isso, o Governo proeurou investir no litoral, não tendo criado naquela região infra-estruturas com vista ao seu desenvolvimento.
Perante isto, Sr. Deputado, pergunto-lhe: em 16 anos consecutivos de Governo PSD, o que é que a Guarda, região do interior, deve ao PSD e aos governos do Professor Cavaco Silva?

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Júlio Sarmento.

O Sr. Júlio Sarmento (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Luís, meu prezado amigo, a verdade é que faltou uma coisa na minha intervenção. Foi o lamento incontido pela circunstância de, na Guarda, nos dividirem antigas querelas políticas que tão nefastas têm sido para aquele distrito, por nunca termos criado solidariedades, por termos privilegiado mais as divisões do que aquilo que naturalmente deve unir-nos. V. Ex.ª reconhecerá o lamento incontido do actual Presidente da Mesa da Assembleia Distrital por as reuniões que promove relativamente a estratégias de desenvolvimento acabarem por ficar desertas ou pouco comparecidas devido à falta de assunção articulada de políticas autárquicas. Faltou-me esse lamento - repito - porque, infelizmente, a Guarda continua a sofrer, para além dos seus poucos recursos, de uma grande falta de solidariedade, que é preciso ultrapassar.
Sr. Deputado, é óbvio que os problemas existem. Eu próprio vim aqui fazer uma intervenção para valorizar uma política de desenvolvimento regional porque os problemas do País exigem que se relocalizem no interior actividades, factores de produção e as próprias pessoas. Não escondi essas dificuldades, mas nós próprios somos, claramente, os principais culpados pela falta de solidariedade política e por querelas interpartidárias na actual situação deste distrito.
Mas, Sr. Deputado, também é preciso reconhecer que na Guarda existem vontades, que está a reconverter-se uma situação de sangria e de emigração, porque na Guarda estão a aparecer actividades, estão a surgir fenómenos de fixação das pessoas. Muito há a fazer, mas o principal é, realmente, criar as solidariedades necessárias e acabar com as querelas interpartidárias que tão nefastas têm sido para o distrito.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado João Cravinho, para uma intervenção.

O Sr. João Cravinho (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: No termo da legislatura, convirá avaliar da política macroeconómica do Governo, da sua política estrutural, da eficácia, da coerência, porventura, de todas essas medidas que deveriam fazer o nosso futuro. Como também convirá fazê-lo, tendo em atenção a sua projecção sobre o futuro, sobre o bem-estar dos portugueses.