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3094 I SÉRIE-NÚMERO 91

O Sr. Presidente: - Silêncio, Srs. Deputados.
Sr. Primeiro-Ministro, peço-lhe que conclua.

O Orador: - E passo a citar o relatório da OCDE, uma das organizações mais prestigiadas em todo o mundo, acolhida com aplausos em todos os parlamentos do mundo democrático, quer por Deputados do Governo quer por Deputados da oposição:

Aplausos do PSD.

E aí vai a citação: «Após a sua adesão à Comunidade Europeia, em 1986, Portugal reduziu significativamente os seus diferenciais de rendimento e produtividade relativamente aos outros países da União Europeia».

O Sr. José Magalhães (PS): -É só isso?!

O Orador: - Srs. Deputados, provámos que somos capazes. E, se continuarmos a apostar nos portugueses, na sua iniciativa, no seu empenho, na sua capacidade de trabalho, tenho confiança de que seremos capazes de ainda fazer mais e melhor para Portugal.

Aplausos do PSD. de pé.

O Sr Presidente: - Para pedir esclarecimentos ao Sr. Primeiro-Ministro, inscreveram-se vários Srs. Deputados.
Antes de enunciar os seus nomes, quero lembrar as regras que foram estabelecidas na Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares e que são as seguintes: cada interveniente dispõe, segundo o Regimento, de três minutos para pedir esclarecimentos, mas como esse tempo é considerado exíguo, sobretudo para que os líderes dos partidos, digamos assim, peçam esclarecimentos, eu anunciarei quando se completarem os três minutos e gostaria que cessassem a intervenção aos seis minutos. Dispõem depois de tempo para fazerem as intervenções. Trata-se agora de pedidos de esclarecimentos, para os quais se inscreveram os Srs. Deputados António Guterres, Carlos Carvalhas, Narana Coissoró, André Martins, Raul Castro e Mário Tomé.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Estava à espera de ouvi-lo, hoje, fazer aqui o discurso sobre o estado da Nação, mas vi-o fazer aquilo a que eu chamaria o discurso da desobriga.
Na aldeia onde passei parte da minha infância, as mulheres eram muito religiosas: iam à missa, onde chegavam cedo e enchiam a igreja de cânticos. Os homens eram-no menos: chegavam tarde, saíam cedo, participavam mais nas festas pagãs do que nas religiosas. Mas havia uma coisa que estes faziam sempre, para evitar o escândalo das beatas ou das religiosas mais fanáticas - como compreendo que, hoje, tenha tido de fazer aqui o Sr. Primeiro-Ministro, para evitar que a linha mais «nogueirista» do seu partido ponha em causa a sua candidatura às presidenciais -:...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... na Páscoa, contrafeitos e contravontade, lá iam à confissão fazer a sua desobriga.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Ora, foi essa desobriga que aqui tivemos. E, curiosamente, tal como os homens de então, que me diziam que faziam uma confissão pró-falso, pois o padre não tinha nada que saber o que era a vida deles, também o Sr. Primeiro-Ministro, hoje, falou muito pouco da vida do País...

Aplausos do PS.

e limitou-se, basicamente, a fazer um ataque de uma agressividade verbal imprópria, permita-me que lhe diga,...

Vozes do PSD: - Ah! ... de um verdadeiro homem de Estado...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador - .. em relação a uma oposição leal, patriótica e séria. É essa a posição que, nesta Câmara, sempre temos.

Aplausos do PS.

E eu compreendo que tenha falado pouco da situação do País, porque, quando a apresenta de forma rósea e a compara com as afirmações preocupadas, mas determinadas, que eu próprio faço, as portuguesas e os portugueses dão-me razão

A Sr.ª Maria Julieta Sampaio (PS): - Muito bem!

O Orador: - E fazem-no porque as portuguesas e os portugueses sabem o que é o desemprego, de que eles ou os seus filhos podem sofrer; as portuguesas e os portugueses sabem o que é a insegurança nas ruas e o que são as dificuldades do poder de compra; os comerciantes sabem que não vendem ou que vendem menos; os empresários sabem bem daquilo que têm de queixar-se em relação às políticas do seu Governo; as pessoas, em geral, sabem que, quando fala do País, dando uma imagem rósea

O Sr. Guilherme Silva (PSD) - Rósea? Rosa!

O Orador: - que não é verdadeira, os engana, e sabem que, quando nós falamos do País, com preocupação mas com vontade de vencer, falamos verdade e vamos ajudá-los a resolver os problemas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Agora, o que para mim é mais curioso...

O Sr. Presidente: - Completou três minutos, Sr. Deputado.

O Orador: - ... é que, se não falou do País, isso revela que, no fundo, tem consciência de que o seu projecto falhou,...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - .. não tanto nos primeiros anos da sua governação...

Vozes do PSD: - Ah'...

O Orador: - ... mas, claramente, nos últimos quatro desta legislatura. De facto, esta foi a Legislatura em que prometeu segurança e tem insegurança, em que prome-