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23 DE JUNHO DE 1995 3095

teu crescer mais depressa do que a Europa e cresceu menos, em que prometeu que a agricultura progrediria e ela retrocedeu, em que prometeu maravilhas à indústria e ela teve as maiores dificuldades, em que prometeu melhor educação e existe o descalabro no sistema educativo, em que prometeu menos pobreza e esta aumentou, em que prometeu mais tranquilidade nas ruas e melhor combate à droga e se deu precisamente o contrário.

Protestos do PSD.

Sr. Primeiro-Ministro, foi por saber que o seu projecto falhou, foi por saber que o seu modelo está esgotado que decidiu ir-se embora.

Aplausos do PS.

E não se vai embora, sobretudo, por ter medo de perder as eleições! Eu diria que se vai embora, sobretudo, por ter medo de ganhá-las, como explicou, de uma forma admirável, naquela sua entrevista ao jornal Diário de Notícias sobre o "n-1", na qual disse que saindo agora ainda podia sair bem, mas se saísse a meio do próximo mandato corria o risco de ser empurrado e sair mal. 0 senhor bem sabe em que estado deixa o País, para se ir embora neste momento!...

Aplausos do PS.

E não é também por acaso que, numa análise que Freud não deixaria de fazer do seu discurso, a palavra "fugir" foi das mais repetidas, a propósito de todos e de todas as coisas. É uma projecção sobre os outros da sua própria realidade psicológica.

Aplausos do PS.

Mas depois, Sr. Primeiro-Ministro, sobre o PS, sobre as oposições em geral, não houve nada que não tivesse dito de mal. Disse mesmo coisas que Maomé jamais se atreveria a dizer do presunto. Disse que o PS "atrasa o comboio da História", que o PS "é incompetente", que o PS "é irresponsável" - ...

Aplausos do PSD.

... esperem até ao fim que vão gostar!

O Sr. Presidente: - Completou seis minutos, Sr. Deputado.

O Orador: - ... que o PS "é desestabilizador".

Vozes do PSD: - É!

O Orador: - Disse que o PS é tudo isso...

Vozes do PSD: - É

O Orador: - Mas, então, se o PS é tudo isso, por que é que o Sr. Primeiro-Ministro disse, e repetiu, acrescentando "sem dúvida nenhuma", que preferiria um governo maioritário do PS a um governo minoritário do PSD?

Aplausos do PS.

Como é possível que o Sr. Primeiro-ministro entenda que é bom para este País um governo maioritário que atrase o comboio da História, que seja incompetente, irresponsável, desestabilizador e que não tenha patriotismo?!...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro, de duas uma: ou não soube o que disse hoje ou não tem sabido o que tem andado a dizer.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Rui Carp (PSD) - Olha quem fala!...

O Orador: - Por isso, no fim das tais confissões pouco sinceras e pouco convictas, o padre Brito lá das Donas achava que o melhor era não fazer escândalo e lá absolvia os que iam confessar-se, mandando-os em paz.
Sr. Primeiro-Ministro, não é a mim que compete absolvê-1o ou condená-lo. Essa tarefa caberia aos portugueses, se lhes tivesse dado essa oportunidade. Mas, tal como o padre Brito, digo-lhe: Sr. Primeiro-Ministro, vá em paz, nós cá ficamos para tratar dos problemas de Portugal.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, dou a palavra o Sr. Primeiro-Ministro. Chamo, de novo, a atenção de que aos três minutos avisarei e aos seis minutos pedirei para concluir.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Guterres, estamos em período pré-eleitoral e por isso, como eu próprio disse no discurso, é necessário algum desconto e até alguma compreensão.

Risos do PSD.

Por isso, é que até me surpreendeu que V. Ex.ª tenha feito um elogio aos primeiros anos do meu Governo

Vozes do PSD: - É verdade!

O Orador: - Não posso deixar de agradecer-lhe, porque, estando em período eleitoral, só se espera que V. Ex.ª diga mal e de forma agressiva.

Vozes do PS: - 15so é o que o senhor faz!

O Orador: - Sr. Deputado, referi no meu discurso as grandes dificuldades que tivemos de enfrentar ao longo deste anos, mas se tudo é tão negro como o senhor normalmente afirma, se tudo é tão negativo, então, gostaria que o senhor me explicasse como foi possível, apesar de tudo, que, em cada ano e em termos reais, o poder de compra das pensões subisse 9%, que, como sabe, nos tempos dos seus governos socialistas, tinha diminuído.

Vozes do PS: - Nos últimos quatro anos?!

O Orador: - Eu não interrompi há pouco o Sr. Deputado António Guterres.
Também gostaria que me explicasse como foi possível, então, que, em termos médios, o poder de compra dos salários subisse 3%, em termos reais.

Vozes do PS: - Nos últimos quatro anos?!

O Orador: - Como foi possível, no meio disso tudo, que, apesar de tudo, Portugal permanecesse como o país com menos desemprego dentro da União Europeia, para além do Luxemburgo e da Áustria?