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24 DE JANEIRO DE 1997 1141

Sintetizando, diria o seguinte: o Partido Popular, em relação a esta questão da moeda única e em nome da soberania nacional, teve algumas dúvidas em relação aos objectivos, aos métodos e aos calendários. O primeiro ponto que gostaria de deixar claro é que, em nome da soberania nacional, tivemos essas dúvidas concretas quantos aos objectivos, mas sobretudo quanto às metodologias e calendários.
Convencem-se os portugueses, todos os dias, de que, para esta caminhada, temos de avançar com a ideia de que o Céu é o nosso limite, para lá de todas as nossas forças e com um grau de exigência que é extensivo a todos os portugueses, pois este é o único desígnio nacional. É assim que hoje se fala de qualquer coisa que é meramente instrumental.
Numa acção de rua recente, notei que, neste momento, na cabeça das pessoas está enraizada a ideia trágica de que a moeda única é um desígnio nacional, e é o único porque não ouvimos falar de outro.
O que queria dizer ao Sr. Primeiro-Ministro é o seguinte: tenho grande consideração - penso que é generalizada -, do ponto de vista técnico, para além de uma amizade pessoal, pela Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, que defendeu e defende essa bandeira, tal como o Sr. Primeiro-Ministro, tendo-se empenhado e trabalhado nela. Porém, neste momento, revela algumas dúvidas sobre os resultados, tendo dito uma coisa muito importante: "diga lá o que é que vai fazer, para nós nos descolarmos, para que os portugueses saibam que não era isto que lhes íamos dar".
Ora, a minha bancada e os portugueses que ela representa, neste momento, só têm uma pergunta a fazer ao Sr. PrimeiroMinistro, que é a seguinte: se o Céu não estiver lá, se este desígnio nacional que pusemos na mão de, pelo menos, treze países e fundamentalmente de um, que é a Alemanha, não surtir efeito, não obstante todo o seu esforço e o senhor - permita-me a imagem ser um bom pastor conduzindo o seu rebanho,...

Risas gerais.

... o Sr. Primeiro-Ministro têm um plano de contingência para Portugal?

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, o plano já existe...

Risos gerais.

Sr.ª Deputada Maria José Nogueira Pinto, peço-lhe as maiores desculpas. Foi apenas uma associação de ideias, que se compreende facilmente.

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - Só me honra!

O Orador: - Sr.ª Deputada, não vejo as coisas em termos de Céu e de Inferno, porque tenho do Céu uma visão melhor do que a moeda única. De acordo com as minha convicções, penso que há um Céu melhor do que a moeda única.

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): Também eu, Graças a Deus! Mas só Graças a Deus!

O Orador: - Mas gostaria de lhe dizer o seguinte: já estamos a trabalhar nessa alternativa, que, aliás, não é uma alternativa mas, sim, uma complementaridade.
Qual é a situação que enfrentamos hoje? É uma situação de globalização da economia mundial. Nessa globalização da economia mundial a própria Europa se alarga e se abre. Essa globalização está a ser feita, muitas vezes, a um ritmo que não controlamos e por formas que combatemos. Há pouco falava dos aspectos da liberalização acelerada das trocas comerciais, nomeadamente em relação a países que não respeitam cláusulas sociais essenciais.
O que é que é preciso fazer nesta lógica de globalização? Em minha opinião, duas coisas: primeiro, a única forma de regular esta globalização é com blocos regionais fortes e por isso consideramos muito importante a União Europeia, como achamos fundamental que haja MERCOSUL e outros blocos regionais que possam "pactar" esta globalização; segundo, ao mesmo tempo que há um intenção decidida da nossa parte de estar no centro do bloco regional a que pertencemos, estamos a procurar lançar pontos de diversificação para outros blocos.
Dou-lhe um exemplo central que é o Brasil. Fui ao Brasil há menos de um ano e procurei mobilizar a economia portuguesa para a importância de redescobrir o Brasil. Na altura, o Brasil via Portugal como um país que se limitava a querer vender vinho e outros produtos tradicionais e hoje, um ano depois, não graças ao Governo mas, sim, graças a esta convergência de esforços da sociedade portuguesa, temos a EDP e a SONAE a investir no Brasil; temos o Banco Espírito Santo e um conjunto de outros bancos a querer investir no Brasil; temos a Portugal Telecom a fazer uma aliança estratégica com o Brasil, que, como sabe, custou muito a "arrancar" em termos de decisão no próprio Congresso brasileiro e temos um conjunto de outras empresas privadas, as mais variadas, a investir a sério no Brasil.
Hoje, começamos a ser olhados pelos brasileiros não como aqueles que, numa visão passadista, ali vendiam alguns produtos da saudade mas como quem compra fábricas de cimento e de aglomerados de madeira, redes de distribuição, entra para bancos e para auto-estradas, enfim, procura estar no centro da economia brasileira, porque só assim criaremos alternativas.
Somos o primeiro investidor mundial em Moçambique; estamos em Marrocos - e, quando digo estamos, refiro-me ao País e não ao Governo, porque o que procuramos fazer é sensibilizar as empresas portuguesas para isso -, pela primeira vez, a fazer um esforço significativo de investimento; estamos a criar redes que ultrapassam a dimensão europeia, porque isso é indispensável, porque não nos esgotamos na Europa.
Digo uma vez mais que a negociação intra-europeia vai ser duríssima e, se queremos estar no centro da Europa, temos de estar no centro dela olhando para o mundo e diversificando as nossas relações.
Mais: o recente crescimento das nossas exportações só foi possível, apesar das dificuldades europeias, porque em alguns destes mercados emergentes houve multiplicações de que, porventura, muitos duvidavam mas nas quais estamos a apostar frontalmente, numa visão que é a de um país pequeno, que não pode estar em toda a parte, mas que tem, pelo menos, uma comunidade onde se pode inserir, que é a comunidade dos países de língua portugue-