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2296 I SÉRIE - NÚMERO 65

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Exacto!

O Orador: - Ora, a verdade é que a realidade é o contrário!

Vozes do PSD: - Não é, não!

O Orador: - A realidade - e não sou eu que o digo, são todas instituições internacionais - é que o desemprego não cresce, que os preços estão em ritmo de crescimento cada vez mais reduzido, que o crescimento se acelera e, pior do que isso, acelera-se ao contrário do que acontece na Europa. E cito-lhe outra vez a mesma fonte.
No ano passado o PIB cresceu 3,3%, o que corresponde a uma aceleração de 1 % em relação a 1995. Esta evolução ocorreu num contexto de abrandamento da economia europeia. De acordo com as estimativas de Outono da Comissão Europeia, o PIB da União apresentou um crescimento de 1,6%, em 1996, ou seja, menos 0,9% do que em 1995.
Quer dizer, nós durante o vosso último Governo crescíamos menos do que a União Europeia...

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Só que a média não foi essa!

O Orador: - A partir de 1996 passamos a crescer o dobro da União Europeia em 1996 e mais a partir de agora...

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Não houve recessão na Europa?!

O Orador: - E o que é mais espantoso - e isso é único - é que esta inversão se dá no momento em que na União Europeia se verifica um abrandamento do crescimento económico.
Espero que a retoma desse mesmo crescimento, que agora se anuncia, venha a ajudar a tornar mais sustentável o nosso próprio desenvolvimento.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite tinha pedido a palavra para defesa da consideração da sua bancada. Faça favor.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, pedi a palavra para defesa da honra da bancada apenas para reafirmar o que tinha dito há pouco.
Relativamente à inflação, reafirmo que não está controlada na parte dos bens não transaccionáveis e é sobre estes que os senhores têm de responder caso haja alguma alteração externa. E o Sr. Primeiro-Ministro sabe perfeitamente que a instituição que citou tem uma enorme preocupação exactamente nessa área e que a inflação só baixou até 1995, data a partir da qual está estabilizada.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, não leve a mal que estejamos preocupados com um sector que, claramente, pode ter possibilidades de desencadear processos inflacionistas, situação que não desejamos, mas que pode acontecer. E, se acontecer, não tivemos qualquer instrumento para controlá-lo.
Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, eu não desejaria que fossem invocados temas sobre o desemprego, focando apenas as percentagens médias, pois, como é evidente, todos sabemos como são constituídas. Deveríamos talvez pensar que, na Área Metropolitana do Porto, o desemprego atingiu 12% e, ainda, que entre os jovens e os desempregados de longa duração não há redução do desemprego. Ora, talvez seja nessas áreas que existe o tal descontentamento.
Quanto aos impostos, Sr. Primeiro-Ministro, eu sempre disse que não é possível estar-se a aumentar a receita da maneira como se está a fazer sem ser através do aumento de impostos porque, evidentemente, o dinheiro tem de vir de algum lado.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - O dinheiro não cai do céu!

A Oradora: - Sr. Primeiro-Ministro, desejo sinceramente que estas minhas afirmações não se confirmem.
Por fim, gostaria de perguntar ao Sr. Primeiro-Ministro qual é a sua interpretação para o facto de, a despeito de todos esses valores que apontou e de todo esse "oásis" que reina no País neste momento, as pessoas não estarem satisfeitas com o Governo socialista.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, para dar explicações, querendo.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, começo por pedir-lhe que me cite uma sondagem em que o PSD esteja à frente do PS...

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Não tenho de responder porque não é essa a questão!

O Orador: - ... porque só assim poderá comprovar a sua tese.
Mas devo dizer-lhe que nós não governamos para as sondagens,...

Vozes do PSD: - Ah!

O Orador: - ... nós governamos para o País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O que é impressionante é que, enquanto passámos este debate afalar dos problemas dos portugueses, os senhores passaram-no a falar dos votos porque, no fundo, há uma coisa que não aceitam: os senhores entendem que, por uma espécie de "direito divino", deveriam estar no Governo e não aceitam estar na oposição. Esse é que é o vosso problema.

Aplausos do PS.

É que, não obstante toda a questão que levantou, o que a Sr.ª Deputada queria era que nós tivéssemos uma política para baixar os salários reais. É porque a Sr.ª Deputada sabe que se nós tivéssemos uma tal política, se calhar, independentemente de isso ser negativo para o consumo e para o crescimento, também nos faria perder votos. Por isso, assim como o que está por detrás do discurso do PCP