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2332 I SÉRIE - NÚMERO 67

suporte técnico à escala mundial. O facto de, hoje em dia, haver livros e enciclopédias que têm a referência a Portugal não significa que isto esteja ganho. As novas enciclopédias digitais que estão a ser produzidas e que, dentro de 10 anos, serão ás únicas a existir e a ser utilizadas em todas as escolas da maior parte do planeta têm de reactualizar essa informação. E essa reactualização não é uma simples cópia, é informação nova, é um combate novo pela memória histórica, pelo progresso, pela existência e identidade do País. Não chega dizermos que estamos com a sociedade da informação, interessa trabalhar dentro da sociedade da informação.
A rede de ciência, tecnologia e sociedade é uma exigência e uma determinação da qual o Sr. Deputado sabe perfeitamente que o Governo não abdicará nunca, quaisquer que sejam os ataques que sofra nesta matéria. É uma decisão que está tomada, que está no terreno e que está neste momento quase completamente concretizada.

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Carlos Coelho deu-me o prazer de ensaiar um género que acho, com toda a simpatia que me merece, um pouco indigno de si. É o género chocarreiro e fácil a que, nesta Câmara, no século XIX, se chamava o das metáforas literárias: quando há ideais, chama-se-lhes poesia; quando há análise, chama-se-lhes romance; quando há ambição, chama-se-lhes ficção.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Lamento muito ter de lhe dizer que a política científica é uma política de verdade e não se coaduna com piruetas. O Sr. Deputado entendeu que o facto. de eu ter dito que o livro tinha energia e quantidade de movimento era um pouco excessivo. Já que me permite uma alusão à física, além da energia e da quantidade de movimento, também há um momento angular, que é o andar à roda, próprio das piruetas. Espero que não tenha momento angular!

Risos do Deputado do PS José Magalhães.

O Sr. José Magalhães (PS): - Esta exige que se entre no domínio da física!

O Orador: - De facto, esta exige que se entre na sociedade da informação e do conhecimento!
Mas, pondo de lado este aparte jocoso, gostaria de lhe dizer o seguinte: há um problema concreto que colocou, que é o de como a sociedade portuguesa pode acelerar este movimento e partilhá-lo mais. Julgo que a prova está feita e de que é possível exercer e executar uma forma de política participada, participada em muitos sectores da sociedade, que não esqueça vários, os mais novos e os mais velhos, que não esqueça as empresas, que não esqueça os criadores culturais. Julgo que isso é possível. Foi essa a construção feita com o Livro Verde e muita da contratualização que é suposta existir para o plano de acção já está implícita neste Livro Verde. Uma parte é da responsabilidade exclusiva do Governo, nomeadamente aquela que a Sr.ª Deputada Maria José Nogueira Pinto referiu no que diz respeito à escola.
Quanto à questão da info-exclusão e da info-alfabetização - e com isto termino porque o tempo é curto e não quero abusar da sua oferta de tempo -, devo dizer que os computadores não se opõem nem ao livro, nem à escrita e é absolutamente indispensável começar por algum lado. Todos nós todos sabemos que a infra-estrutura não chega, mas, lamento muito, não se pode promover á leitura sem livros, não se pode promover a comunicação entre as pessoas, numa época em que há telefone, se não houver o telefone. Claro que o telefone não chega, claro que o livro não chega, mas este argumento de que, quando se faz alguma coisa, ela não chega é um dos argumentos mais destrutivos e menos produtivos que urge extirpar da sociedade portuguesa.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - É um argumento que não chega!

O Orador: - Pois é! Nem o argumento chega, nem nada do que está dentro do argumento chega!
Aliás, a questão que levantou parece-me crucial. O ensino tem de ser mais experimental, não tem de ser mais virtual, tem de ser mais técnico. Os computadores não se opõem a isso, contribuem para aumentar o acesso à informação. Por isso é que a decisão que tomámos da introdução de computadores em rede multimédia nas escolas começou pela biblioteca escolar, para deixar claro que a intenção é abrir uma nova janela na biblioteca, que, além de ter livros, tem revistas, tem cd-roms e tem, além disso,. algumas janelas de informação que só existem noutros países e noutros sítios. Por que não?! Não é nada de especial, é uma extensão normal e é um direito de cidadania que os nossos estudantes têm de ter, pois não podem tê-lo s6 aqueles, raros, que em casa têm essa possibilidade.
Claro que isto não chega, claro que é preciso formação, mas, em matéria de formação burocrática, julgo que estamos conversados porque as novas tecnologias de informação mostraram que a capacidade da juventude em se autoformar e em formar os mais velhos, nomeadamente em casa, nas famílias, era enorme. Não tenhamos, portanto, muito receio do poder que a juventude tem de se apropriar de novas tecnologias, de novos meios convenientemente orientados e de isso acabar de ser integrado no espaço. escolar. Saibamos é ir para a frente e resolver os problemas à medida que eles apareçam.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos passar ao tratamento de assuntos de interesse político relevante.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Gavino Paixão.

O Sr. Gavino Paixão (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sou originário e fui eleito por uma região do interior - a do Baixo Alentejo. Desde há vários anos, as suas gentes habituaram-se à rudeza do clima, à luta agreste do dia a dia e ao esquecimento do poder central. Permitam-me recordar que era na minha região, no "Alentejo profundo", que o Professor se isolava do frenesim criado pelo famoso tabu. O isolamento resultava em pleno! Encontrava-se numa das regiões mais pobres da Europa. As grandes vias de comunicação eram apenas miragens presenciadas nas televisões das aldeias desérticas. Imaginem, nem os telemóveis funcionavam! Enfim, um paraíso isolacionista para o Professor tabu. Felizmente, o povo do Baixo Alentejo ajudou Portugal: pela primeira vez, o PS ganhou, no distrito de Beja, a encaminhar-se por um caminho diferente.