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20 DE JUNHO DE 1997 2929

com aquela subtileza dialéctica que lhe conhecemos - e, aliás, com a seriedade intelectual que também lhe reconhecemos -, já utiliza esta subtileza que hoje aqui utilizou: «estamos a recuperar os salários reais». Ou seja, já não se atreve a dizer que estamos numa fase de expansão dos salários reais.
Mas, em contrapartida, o que aconteceu neste período...

Protestos do PS.

Sr. Presidente, peço desculpa, mas é completamente impossível continuar...

O Sr. Presidente: - Tem toda a razão, Sr. Deputado. Peço aos Srs. Deputados o favor de guardarem silêncio, como gostam que seja guardado quando estão no uso da palavra.
E gostaria de não ter de estar sempre a repetir esta exortação. que é dirigida a todos os grupos parlamentares, sem excepção, porque todos, em cada momento, violam a lei sagrada de ouvir em silêncio quem está no uso da palavra.
Faça favor de continuar, Sr. Deputado.

O Orador: - Mas esse não aumento dos salários reais não esconde o aumento dos impostos indirectos, o aumento da gasolina, o aumento dos medicamentos, a instituição de impostos injustos, a «caça ao bolso» dos contribuintes, através da cobrança antecipada de vários impostos.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - É só «sacar»!

O Orador: - Ninguém, com seriedade, pode fazer aquilo que o Sr. Ministro Ferro Rodrigues fez aqui hoje, ao comparar as performances de 1996 e 1997, ou seja, de uma fase de expansão da economia, com as performances de 1993 e 1994, ou seja, de uma fase de recessão - e uma das mais graves vividas pela Europa. Compare, sim, Sr. Ministro, 1996/97 com 1985/91. Dessa comparação é que se pode concluir que, em fase de expansão, os Governos do PSD fizeram mais e melhor do que os senhores!

Aplausos do PSD.

Quanto à morte do tecido produtivo e à necessidade de medidas voluntaristas para recuperá-lo e salvá-lo, o Plano Mateus, já hoje aqui falado, é o Guiness do insucesso de qualquer medida governativa, em todo o mundo: 0,01% de sucesso! Quase diria que quem deu aquela conferência de imprensa de balanço foi alguém mandado pelo Sr. Ministro das Finanças, para demonstrar que sempre discordou daquele Plano, como é conhecido pelo país.

Risos do PSD.

Mas o que vai acontecer, no futuro, às mais de 2400 empresas que não foram recuperadas por este Plano? Oxalá não tenhamos todos de vir a pagar essa factura de uma forma muito marcada!
Quanto ao desemprego, também já hoje aqui foi dito muita coisa. O Sr. Primeiro-Ministro disse que era possível resolvê-lo. Quando nós dizíamos que estávamos perante uma crise grave da Europa e que, apesar de tudo, tínhamos o segundo nível de desemprego mais baixo da Europa, o Sr. Secretário-Geral do PS, actual Primeiro-Ministro, dizia: «com o mal dos outros podemos nós bem, temos de ter menos, muito menos». E, hoje, a subtileza de linguagem do Sr. Primeiro-Ministro e dos restantes ministros já não é dizer que estamos a aumentar o emprego, mas que está a haver uma desaceleração do aumento do desemprego.

Protestos do PS.

Ou seja, em período de «vacas gordas», o desemprego continua a aumentar. Devagar, mas continua!

Vozes do PS: - É falso!

O Orador: - Enquanto que, quando houve expansão económica em Portugal, entre 1985 e 1991, o desemprego desceu para níveis residuais abaixo dos 5%! Esta é que é a realidade.

Vozes do PS: - Não é!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro, não vamos pedir-lhe que despeça a Sr.ª Ministra para a Qualificação e o Emprego, mas deixe-a acabar o mandato com dignidade. Aliás, quando a Sr.ª Ministra, há pouco, dizia que os nossos governos não tinham estratégia e que os últimos anos foram muito maus, suspeito que a Sr.ª Ministra, nessa altura, tinha demasiada influência no nosso Ministério do Emprego.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, quanto a vender Portugal ao estrangeiro, tinha aqui algumas declarações do Sr. Primeiro-Ministro, feitas em interpelações deste tipo, em que falava dos casos do Totta & Açores e da Petrogal. Sr. Primeiro-Ministro, sabe o que é grave, neste momento? É que Portugal, para crescer mais do que os outros países da Europa, para crescer como a Irlanda ou a Holanda, precisa de investimento privado e de investimento estrangeiro. E V. Ex.ª sabe o que está a acontecer com o investimento estrangeiro, em Portugal? Em 1990, foi de 446 milhões de contos; em 1993, no auge da crise, foi de 258 milhões de contos: a previsão para este ano é de menos de 100 milhões de contos! Pela primeira vez, está a falar-se de desinvestimento e o investimento a ser canalizado de Portugal para Espanha. Os empresários a quem é perguntado por que fazem isto, dizem que a burocracia e a falta de eficácia e rigor do Estado português a isto obrigam. O paraíso do Engenheiro Guterres não é visto lá de fora por investidores internacionais neutrais, que sabem onde devem investir o seu dinheiro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à insegurança e à droga, decorrentes da tal situação social, era a «menina dos olhos» do Sr. Primeiro-Ministro. Ainda nos lembramos dos roubos às caixas das esmolas, em Lisboa, das conferências de imprensa espontâneas de alguns párocos, dos cães do Dr. Gomes, dos «chutos» em directo do Casal Ventoso na televisão, da realidade virtual que foi criada. Porém, o relatório oficial do Ministério da Administração Interna de 1996 refere: «agravamento da delinquência juvenil - tem sido detectado o recurso crescente a menores de 16 anos no pequeno tráfico de drogas, explorando a sua inimputa-