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11 DE JULHO DE 1997 3285

com a vantagem de ficarmos a saber quem os costuma escrever.
Na verdade, a ausência de críticas concretas é, por si só, o sintoma da fraqueza da posição política do PCP. O PCP não vem aqui criticar directamente a questão do emprego, porque sabe que o emprego está a aumentar, porque sabe que está a diminuir, em Portugal, o número de desempregados.

O Sr. António Filipe (PCP): - Isso é no PS!

O Orador: - O PCP não vem aqui criticar a falta de sensibilidade do Governo em relação às populações mais necessitadas, porque sabe que este Governo criou o rendimento mínimo garantido, porque sabe que, em termos de prestações sociais, têm sido introduzidas as primeiras modificações, no sentido de uma maior justiça social e também sabe que, pela primeira vez, está a ser discutida de forma aberta na sociedade portuguesa a reforma da segurança social, de modo a garantir o seu futuro, que é essencial para os trabalhadores.
Na verdade, o Sr. Deputado Carlos Carvalhas veio aqui fazer um discurso dirigido para dentro do Partido Comunista, para os seus próprios militantes e simpatizantes,...

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Bem observado!

O Orador: - ... preocupado como está em justificar aos militantes e, sobretudo, aos votantes do Partido Comunista por que é que cada vez mais o Partido Comunista está a fazer convergir os seus votos com os dos partidos da direita contra um Governo de esquerda, um Governo socialista.

Aplausos do PS.

Esse é que é o principal problema que se coloca ao Sr. Deputado Carlos Carvalhas!
Portanto, Sr. Deputado, devo dizer-lhe que as suas críticas surgiram ao lado e, já que falou ou pretendeu falar em nome da esquerda, manifestam uma visão fechada e retrógrada. A esquerda, hoje, Sr. Deputado, não se limita a fazer críticas para deixar outros governar. A esquerda, hoje, quer governar e assumir as responsabilidades do País. A esquerda, hoje, não se limita a lamentar o desemprego, procura resolver o problema do desemprego, assumindo responsabilidades, como fez este Governo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - A esquerda, hoje, não fala apenas dos problemas da segurança social, propõe políticas responsáveis que levem a segurança social para alem do ano de
2015 e a mantenham como uma segurança dos trabalhadores. Isso é que é a verdadeira política de esquerda!
Mas deixe-me dizer-lhe uma última coisa: as críticas do PCP perderam o último sal e pimenta que ainda tinham, que era o da questão europeia. Mas também aí compreendo o embaraço: não vá entrar em contradição com o Partido Comunista francês, porque isto de ter partidos irmãos sempre trouxe muitos problemas ao PCP.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Queiró.

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Carvalhas, hesitei alguma coisa em meter-me nesta «guerra» entre a esquerda, mas, apesar de tudo, vou aqui meter uma pequena «colherada», passe a expressão, para salientar a importância do seu discurso.
Julgo que é importante que o Partido Comunista Português, de vez em quando, neste Parlamento, faça um discurso ideológico de fundo para marcar bem as diferenças entre si e as soluções que propõe e os outros partidos.
Tanto mais, quando há, muitas vezes, uma tendência de outras bancadas para tentar confundir os nossos eleitorados, dizendo que há alguma confluência de posições ou de interesses.

Risos de alguns Deputados do PS.

Quero dizer-lhe, com toda a franqueza e com toda a sinceridade, o seguinte: há causas que são comuns e até á problemas relativamente aos quais temos a mesma sensibilidade, mas o que fica claro é que há uma diferença profundíssima quanto ao modo de os abordar e às soluções que para eles consideramos as melhores.
É esta manifesta impossibilidade de o PCP compreender as economias abertas e a forma de resolver os problemas sociais e até políticos nessas economias que faz muita impressão e que, com certeza, fez o Sr. Ministro falar ainda nos muretes que se mamem como réplicas do Muro de Berlim.
Mas há um problema concreto que não quero deixar de lhe suscitar. O Sr. Deputado, recorrentemente, voltou a falar nas privatizações. Não há partido que mais sofra com uma privatização! Sofre, vem aqui manifestar a sua dor e o seu sofrimento e, no entanto, ao mesmo tempo, o Sr. Deputado refere, e muito bem, critica e denuncia a política constituinte de colocação de boys nos jobs.
Ora, quero dizer-lhe que, sempre que o senhor se opõe
a uma privatização, também está a propor a manutenção de um boy num job.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Vários boys e vários jobs.

O Orador: - Quando nós propomos a entrega de uma empresa à economia privada, à racionalidade, à promoção pelo mérito, à criação de riqueza e de emprego, o que é que o senhor propõe em contrário? Uma economia fechada e sempre controlada pelos boys nos seus jobs, pelos boys do Governo que está em funções.
Com certeza, V. Ex.ª vai ter oportunidade de me explicar esta contradição do seu discurso.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado, Joel Hasse Ferreira.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Carvalhas, em primeiro lugar, quero fazer uma pergunta muito concreta a V. Ex.ª, que tem uma formação económica sólida: se não concorda que têm existido sérios progressos económicos e financeiros, como é que analisa um crescimento económico superior ao da média europeia? Como é que analisa a redução do défice orçamental, se não considera que é positiva a diminuição das taxas de juro e a diminuição da taxa de desemprego?