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3286 I SÉRIE - NÚMERO 92

Ou seja, quando V. Ex.ª procura contundir o PS e o PSD não estará a sofrer de um erro de paralaxe?
Segunda questão: acha que o consumo privado diminuiu em Portugal nos últimos dois anos?
Terceira questão: não acha que o rendimento disponível das famílias cresceu?
Quarta questão: não acha que o progresso da integração dos trabalhadores da Função Pública em situação precária é positivo do ponto de vista político e social?
Peço-lhe que se pronuncie sobre questões concretas e abandone os lugares comuns de uma retórica estafada.
Quinta questão: não considera mais importante do que fazer manifestações de «agitprop», aplicar o rendimento mínimo familiar?
Sexta questão: não considera que é mais importante proceder ao aumento mais forte das pensões sobre os mais desfavorecidos do que fazer manifestações de rua e exigindo sempre alguns pontos acima do que o Governo efectivamente pode aplicar?
Sétima questão: não considera sério o processo em curso de preparação da reforma da segurança social?
Oitava questão: referiu a questão dos lobbies económicos. Com seriedade, diga-nos: não considera que, independentemente de opções políticas - e as nossas são felizmente muito diferente das vossas! -, a política e os critérios de privatizações seguidos por este Governo não reflectem uma transparência completamente diferente do que se passou no «cavaquismo»? Pronuncie-se com rigor
e diga a sua opinião sobre isto.
Nona questão: Maastricht. Até onde é que o Sr. Deputado quer levar o défice orçamental? Deixe-me só dizer-lhe que é contra Maastricht ontem e hoje contra Amsterdão. Até onde quer levar o défice e para quê? Quais seriam os efeitos positivos que veria, na área económica, dessa subida?
Sr. Deputado, há uma grande diferença entre nós. V. Ex.ª defendeu uma concepção estatizante, o modelo ideológico, político e económico que caiu fragorosamente em todo o mundo. Vocês, em Portugal, neste momento, procuram ser os gestores das reivindicações, uma união dos descontentes. O nosso projecto é diferente, visa transformar com realismo, a sociedade portuguesa.
Sr. Deputado Carlos Carvalhas, esperava de V. Ex.ª um discurso político, económico e social. Há-de concordar comigo que, por razões que podemos entender mas não aceitamos, o seu discurso foi essencialmente uma peça de «agitprop».

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Elisa Damião.

A Sr.ª Elisa Damião (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Carvalhas, é com alguma tristeza que ouvimos o seu discurso. Muitos de nós esperávamos que o PCP
desempenhasse, na vida política portuguesa, um papel importante que fizesse equilibrar os pratos da balança em determinado sentido. Estamos muito desiludidos com o papel que o PCP escolheu, e valha a intervenção do Sr.
Deputado Luís Queiró que diz que ainda bem que os senhores esclarecem e fazem, de vez em quando, um discurso ideológico, porque corriam o risco de confundir o
eleitorado e de parecer que, à esquerda e à direita do PS, há o mesmo discurso, os mesmos anseios na opinião pública.
É verdade, Sr. Deputado. Nas acções políticas determinantes, o PCP está de facto muito bem acompanhado pela direita. Lamentavelmente, o PCP não ajuda a credibilizar a esquerda nem os governos de esquerda, que são de facto a alternativa à direita, nem ajuda a credibilizar-se a si próprio. Em primeiro lugar, porque o PCP não tem uma palavra de estímulo para tudo o que de positivo o Governo faz - e, em muitas coisas, muitos militantes do PCP, nessas reformas, dão o seu contributo, dão a sua comparticipação, envergonhada, é certo, para não serem censurados no partido.
De facto, não gozam dos privilégios do PS de terem opiniões livres e de livremente, se expressarem, porque senão assumiriam muitas mais vezes a sua posição ao lado do PS nas grandes reformas que o PS se propõe fazer, desde logo, na Administração Pública.
É estranho que um partido de esquerda, que se reclama de esquerda, venha fazer coro com a direita, dizendo que o PS ocupa os cargos públicos. É ilegítimo que um partido nomeie os seus quadros ou faça confiança nos seus quadros para ocupar cargos públicos?

Vozes do PCP: - Ali, não...?!

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Não, querem lá os da direita!

A Oradora: - Pelos vistos, temos de continuar a manter a direita que os senhores querem no poder! O que os senhores não querem é militantes do Partido Socialista.

Risos do PCP.

Acalmem-se! Os senhores querem manter a Administração Pública exactamente como ela estava, porque querem continuar a ter capital de queixa. Os senhores não
querem modernizar a Administração Pública.
Em segundo lugar, Sr. Deputado, gostaria que nos explicasse concretamente o que é que os senhores pretendem em relação à segurança social. Qual é a reforma que
pretendem para a segurança social? Aliás, julgávamos que iriam aproveitar a oportunidade para anunciar ao país as vossas propostas concretas nessa matéria, nomeadamente sobre as eternas questões das privatizações, como se o não
existir privatizações tivesse impedido o desemprego nalgumas dessas áreas, nomeadamente na indústria naval. Não me parece que V. Ex.ª possa dizer que o modelo de gestão dessas empresas tenha preservado a economia, a tecnologia e os próprios postos de trabalho.
Portanto, esperávamos que o Sr. Deputado viesse aqui para sublinhar os aspectos positivos, ajudando eventualmente a corrigir outros.
Sobre a reforma fiscal, os senhores não dizem nada!
Falam sempre de equidade na reforma fiscal, mas V. Ex.ª teve uma ocasião para propor medidas concretas, medidas que acentuassem a equidade fiscal na sociedade portuguesa.

O Sr. Presidente: - Tem de terminar, Sr.ª Deputada.

A Oradora: - O Sr. Deputado não deixa de aproveitar as ocasiões para sublinhar as fragilidades de um governo minoritário, que as tem e não as nega, mas são
fragilidades que os senhores acentuam, para as quais contribuem e sempre, sempre ao lado da direita português.

Aplausos do PS.