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3288 I SÉRIE - NÚMERO 92

Sr.ª Ministra para a Qualificação e o Emprego, faça-ma lá esta pequenina conta. O INE diz que se criaram, em 1996, 29 mil empregos. Verdade ou mentira?

A Sr.ª Ministra para a Qualificação e o Emprego (Maria João Rodrigues): - Mentira!

O Orador: - Depois, diz-se em documento oficial do Governo que 65 000 estudantes saem do secundário, 55 000 do ensino superior, reformas são 55 000... E os
cerca de 30 000 que faltam, como é que os encontra? Para onde é que foram?

Os Srs. Deputados poderão negar que tem aumentado o desemprego de longa duração, os vínculos precários...

Vozes do PCP: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - ..., que têm diminuído, todos os anos, infelizmente, os vínculos estáveis?

Vozes do PS: - Não é verdade!

O Orador: - Sr.ª Deputada Elisa Damião, percebo a sua tristeza. Aliás, creio que até tem uma iniciativa para acabar com alguma tristeza na questão das 40 horas. Oxalá seja uma boa iniciativa! Terá também o nosso apoio se avançar com ela, para, de facto, acabar com essa tristeza, que é a tristeza das 40 horas.
Uma última questão, aproveitando o tempo, em relação ao Sr. Ministro da Presidência. Creio que a folhinha que lhe chegou do L'Humanité é capaz de lhe ter sido dada por algum cardeal, sacristão, que não lha mostrou bem.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Só quero dizer-lhe que quem mudou, em França, não foi o Partido Comunista, foi o Partido Socialista Francês! Não é o Tony Blair, é o Sr. Jospin...
Por isso, se a União Económica e Monetária foi discutida na última cimeira não foi por iniciativa do Sr. Engenheiro Guterres, Primeiro-Ministro de Portugal, foi o Sr. Primeiro-Ministro francês que tomou essa iniciativa, naturalmente impulsionado pelo movimento de massas na Europa. Esta é que é a questão central.

Aplausos do PCP.

Por último, quero ainda dizer-lhe o seguinte: então, como é que queria que o PCP viesse aqui, agora, pedir a demissão do Governo? Os senhores, de dois em dois
meses, dizem que se demitem!

Aplausos do PCP.

Entretanto, assumiu a Presidência o Sr. Vice-Presidente João Amaral.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, Srs. Jornalistas e público em geral, tenho de fazer um aviso sobre a necessidade de desligarem os telemóveis porque provocam interferências no sistema de som da Sala.
Segue-se o período de pedidos de esclarecimento ao Sr. Ministro da Presidência e da Defesa Nacional, que responderá a grupos de três perguntas.

Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, se eu utilizasse a mesma fraseologia que V. Ex.ª utilizou no início da sua intervenção, poderia dizer, com muito mais razão: «venho, de dois em dois meses, ao Parlamento, logo sou Ministro da Presidência!»

Vozes do PCP: - Boa!

O Orador: - E, certamente, o Sr. Ministro Jorge Coelho rir-se-ia bastante dessa afirmação!

O Sr. Ministro fez uma intervenção pensando e admitindo que o Secretário-Geral do PCP iria fazer um determinado discurso, mas saíram-lhe os cálculos errados!
De qualquer forma, já estava e, então sim, o Sr. Ministro António Vitorino começou a despejar o catálogo de A a Z...
Mas, ao despejar esse catálogo, fez-me lembrar algo que gostaria de focar em termos de pergunta: há uns tempos atrás, foi publicitado um balanço das grandes realizações do Governo - houve um semanário que publicitou esse balanço das grandes realizações do Governo. Só que, depois, desapareceu! Nunca mais se ouviu falar nele! Sr. Ministro, o Governo meteu-o na gaveta porque aquilo era um pouco, como direi, vergonhoso para sustentar uma política de sucesso do Governo do PS?
Disse o Sr. Ministro que estava a falar à esquerda, Sr. Ministro, quando diz «falar à esquerda», e virado como estava para a direita, corre sempre o risco de ficar com um torcicolo! Por isso, tenha cuidado, esqueça essas afirmações que não correspondem à realidade e faça aquilo que faz quando governa, como todo o seu Governo.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Ele fala à esquerda, mas, como está de costas pura o povo, resulta que é à direita!

O Orador: - Sr. Ministro, a parte final da sua intervenção, essa sim, foi interessante! E foi clarificadora do momento que atravessamos, o Sr. Ministro veio aqui mostrar, por um lado, que o Governo está, de facto, com receio da oposição do PCP.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Exactamente!

O Orador: - O Sr. Ministro voltou a fazer um discurso, tal como os discursos que temos ouvido nos últimos dias, tão anticomunista como há muitos anos não se
ouvia em Portugal.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): Muito bem!

O Orador: - O Sr. Ministro afirmou que o PCP está a fazer ao Governo do PS uma oposição drástica, nunca antes vista! Sr. Ministro, se, por exemplo, nós
fizéssemos, neste momento - já que falou nas coligações negativas -, na Assembleia da República, aquilo que nós os dois, em termos de partidos, fizemos ao primeiro Governo de Cavaco Silva, no Orçamento do Estado para 1986, o que é que chamaria a isso, se chama agora oposição drástica do PCP ao Governo do PS?
Sr. Ministro, a questão é que o problema não é o de o PCP se converter à viragem à direita que o PS fez. O problema é a viragem à direita do PS! Essa é que é a
grande questão!