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11 DE JULHO DE 1997 3289

Diz o Sr. Ministro que nós ainda não chegámos ao fim do caminho. Sr. Ministro, o PS já chegou! Já chegou ao fim do caminho, já chegou ao liberalismo, já chegou à
direita!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria José Nogueira Pinto.

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, penso que se poderia dizer que o Sr. Ministro julga que, como governa, existe. Mas também não governa, e existe porque fala! Por acaso não fala mal, e foi isso, a sua graça, que tomou o seu discurso interessante. Mas isto não é para ter graça!
O que eu queria dizer é que este «admirável mundo novo» a que o senhor se referiu e estas modificações que ocorreram em vinte anos não se devem em nada ao Partido Socialista. Isso, pelo menos, tem de reconhecer e deve doer-lhe. Se alguma mudança se processou, no mundo e em Portugal, não se ficou a dever nem à esquerda nem ao Partido Socialista.

Protestos do PS.

Em nada! Em nada, nada, nada! Não contribuiu em nada para a mudança! E precisamente porque não contribuíram em nada para a mudança, os senhores não sabem gerir este período de mudança. Essa é a minha preocupação, diferente da do PCP. Reconheço que estamos em mudança, reconheço que a globalização da economia é um dado, reconheço que é na Europa que estamos, e a minha preocupação é a de que acho que, neste momento, temos um Governo que não sabe gerir a mudança.
O seu discurso pretendeu dar-nos a ideia de que o PS é a esquerda moderna, a esquerda renovada, a esquerda possível. Mas não é! E, nomeadamente, não o é o seu Governo porque o seu partido não o deixa ser.
Gostava de citar aqui o Primeiro-Ministro inglês, que talvez tenha a oportunidade de personificar a esquerda moderna, quando diz que é preciso deixar as guerras antigas. Os senhores não deixam as guerras antigas, os senhores trazem para a sociedade portuguesa as guerras arcaicas, tão dinossáuricas como tudo aquilo que, enquanto dinossáurico, o Sr. Ministro referiu!
O Primeiro-Ministro inglês diz que é preciso reforçar a família. O PS não quer reforçar a família, o PS tem vergonha de reforçar a família, o PS trouxe para a sociedade portuguesa as uniões de facto como se isso fosse mais importante, analisado fosse por que ângulo fosse!
O Primeiro-Ministro inglês diz que é preciso combater a criminalidade porque são os pobres as principais vítimas dos comportamentos anti-sociais. O Governo de V. Ex.ª não vê nisso uma grande prioridade nem um grande objectivo.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Essa é boa!

A Oradora: - Essa é boa, não! Isto é exactamente assim como estou a dizer.

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Não é boa, não! Essa é má, muito má!

A Oradora: - Diz também o Primeiro-Ministro inglês, e é interessante, que é preciso combater os sistemas sociais que servem para ajudar os que nada fazem. Aquilo que o Partido Socialista e o seu Governo têm feito é uma política social assistencialista, não tem feito uma política social ao serviço daqueles que querem trabalhar.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

A Oradora: - Outra coisa que fizeram, muito grave, é o abandono total da classe média. Estou a falar a linguagem da esquerda moderna, Sr. Ministro...

Risos do PS e do Sr. Ministro da Presidência e da Defesa Nacional.

É esta, Sr. Ministro! Já está escrita, já está publicada, para não termos confusões. Temos aí uma esquerda, temos aqui outra esquerda e temos além outra esquerda...

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Três, não! Só há uma!

A Oradora: - Não, conseguimos ter três! Sr. Ministro, uma vez que a classe média está abandonada e que as fracturas ideológicas a nível das reformas sociais, que o Sr. Ministro e o seu Governo referem à saciedade e que são visíveis na própria Comissão do Livro Verde, que foram amplamente constatadas e vencedoras, infelizmente, na revisão constitucional, num momento em que, na saúde, está tudo à espera e o seu discurso é apenas «talo, logo existo», pergunto-lhe: o que é que vai fazer? Perante estas situações concretas, de estarmos onde estamos, eventualmente até bem, de termos de avançar por onde temos de avançar, naturalmente porque não há outra alternativa, gostava que me respondesse nessa
perspectiva. Não está a responder ao PCP, está a responder para este lado e eu já lhe citei o Primeiro-Ministro inglês para lhe dizer que a esquerda, hoje, quando quer governar neste contexto, governa desta maneira e os senhores afastaram-se sistematicamente de tudo isto.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Tem a palavra o Sr. Deputado Guilherme Silva.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o Sr. Ministro António Vitorino veio aqui, à Assembleia, fazer o discurso que já é comum aos membros do Governo quando aqui vêm: é o discurso do «mar de rosas», é o discurso do sucesso, é o discurso das grandes linhas macroeconómicas, dos grandes números, é o discurso do «vai tudo bem»! Mas é o discurso que talvez tenha esticado a dificuldade que o Sr. Deputado Octávio Teixeira teve de saber se V. Ex.ª fazia o tal discurso à esquerda ou à direita, porque é um discurso de costas voltadas para o povo - daí a confusão que V. Ex.ª bem registou!

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Mas a realidade, aquilo que as pessoas sentem no seu dia-a-dia, na pele, é exactamente o oposto do que V. Ex.ª aqui refere: sentem mais impostos - é a colecta mínima do IVA, são as colectas mínimas do IRS e do IRC, que aí vêm... Já agora, era bom que V. Ex.ª, constitucionalista ilustre, explicasse como é que vão fazer