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560 I SÉRIE - NÚMERO 15

do, tem de fazê-lo de forma adequada que permita não só a satisfação das necessidades quantitativas mas, sobretudo, que as satisfaça de uma forma adequada.
Por isso, porque a política também vive de símbolos e de imagem, associamo-nos com gosto à celebração simples deste Dia Mundial da Qualidade com base nesta cultura de responsabilidade e de futuro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos passar à votação deste voto n.º 93/VII - De congratulação pela passagem do Dia da Qualidade, subscrito pelo PS, PSD, CDS-PP, PCP e Os Verdes.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Este voto vai ser transmitido ao Sr. Ministro da Economia.
Srs. Deputados, entretanto, deu entrada na Mesa, e foi distribuído, um outro voto, ao qual foi atribuído o n.º 94/VII, subscrito pela Deputada do PSD, Teresa Patrício Gouveia, de pesar pelo falecimento do Professor Doutor Orlando Ribeiro que, como sabem, foi uma grande figura de pedagogo, académico, cientista e escritor cujo falecimento representa, de facto, uma grande perda cultural para o nosso país.
Para proceder à leitura do voto, tem a palavra o Sr. Secretário.

O Sr. Secretário (Artur Penedos): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto n.º 94/VII é do seguinte teor:
«Orlando Ribeiro foi o último de um conjunto de personalidades suas contemporâneas e seus colegas de magistério como Lindley Cintra, Borges de Macedo, Mário Chicó, Manuel Antunes, Delfim Santos ou Jorge Dias que ensinaram e, certamente, marcaram sucessivas gerações em Portugal.
Orlando Ribeiro deixou-nos uma obra com um significado único nas Ciências Humanas em Portugal.
Introdutor do estudo da Geografia no nosso país, Orlando Ribeiro estudou e cultivou esta ciência como um lugar onde se cruzaram vários saberes e desafios, olhar para o território e para a paisagem portuguesa, nelas fazendo convergir a história e a sociedade, numa síntese verdadeiramente iluminadora.
Por isso, a sua obra e a sua personalidade humanista transcenderam a disciplina da Geografia, «ciência de ver e agir», como ele próprio a definiu.
O seu livro Portugal Mediterrânico e o Atlântico, entre a sua vasta obra, fica entre nós como um retracto sempre dinâmico, no qual os portugueses se podem ver na sua diversidade e na sua unidade, testemunhando a interacção entre os constrangimentos da geografia e a liberdade dos homens.
Pode dizer-se que talvez nenhum outro contributo individual tenha, neste sentido, oferecido aos portugueses um tão profundo conhecimento de si próprios, do seu território, da sua civilização.
A Assembleia da República, no momento em que Orlando Ribeiro nos deixou, presta-lhe uma sentida homenagem».

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Patrício Gouveia.

A Sr.ª Teresa Patrício Gouveia (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Professor Orlando Ribeiro foi uma das grandes personalidades da cultura e da ciência em Portugal. Pertenceu a um conjunto de estudiosos e professores com que muitos tiveram o privilégio de conviver, como foram Manuel Antunes, Lindley Cintra, Jorge Dias, Borges de Macedo ou Mário Chicó.
As suas aulas e as páginas dos seus livros constituem o património espiritual e cultural de muitos em Portugal e no estrangeiro, onde também foi professor. A veemência da sua personalidade e a luminosidade da sua obra tocaram várias gerações de estudantes e de leitores.
Essa obra teve a originalidade que resultou da inteligência e da frescura com que olhou os sítios, o território e a paisagem e daí ascendendo ao homem, não só na sua vida hodierna, mas como longa caminhada que as civilizações percorreram no tempo, «enriquecendo-se ou deteriorando-se», para usar palavras suas,
Orlando Ribeiro deixou-nos uma das mais iluminadoras sínteses sobre a terra portuguesa e sobre o homem que a habita. Infelizmente, a sua obra é pouco conhecida, quando, na realidade, deveria ser obrigatória em todas as escolas portuguesas, pelo conhecimento que proporciona sobre a própria identidade cultural do País e do território.
Os seus escritos foram sempre ao arrepio do politicamente correcto, qualquer que ele fosse. A sua obra desfez lugares comuns que os regimes e as oportunidades políticas pretenderam, sucessivamente, projectar sobre a realidade nacional, ou com que a quiseram interpretar, esses lugares comuns foram sempre subvertidos pelo rigor da sua investigação, pelo seu olhar certeiro, pela sua palavra livre e belíssima.
Seria bom tê-lo hoje como companheiro de reflexão em muitas das questões que se discutem na sociedade portuguesa e nos ocupam aqui, nesta Casa, e que dizem respeito ao debate político sobre o território, a diversidade e a identidade nacional. A sua ponderação e saber, a sua chamada ao terreno e ao real mitigariam, com a humildade dos cientistas e dos estudiosos, algum voluntarismo próprio dos políticos que somos todos nós.
Parafraseando Borges de Macedo, o seu companheiro de faculdade, «a sua autoridade científica provaria indispensáveis as advertências que a história e a ciência trazem para a vida contemporânea». Na sua ausência, ficamos com a riqueza dos seus livros que, certamente, nos acompanharão.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Calçada.

O Sr. José Calçada (PCP): - Sr. Presidente. Srs. Deputados: Geografia e Orlando Ribeiro são praticamente sinónimos em Portugal; geografia e geografia humana são, em Orlando Ribeiro, praticamente sinónimos.
Para Orlando Ribeiro o que sempre contou e conta, porque as suas obras continuam connosco, é o homem no espaço, na geografia e, deste modo, a geografia do ser humano. Por isso, Orlando Ribeiro é o paradigma do geógrafo que não é entendedor apenas de Geografia porque, se o fosse, nada dela entenderia.
Orlando Ribeiro levou toda a sua vida a dizer-nos que a Geografia é habitada pelos homens e que, em bom rigor, não faz qualquer sentido sem eles. Foi deste modo que Orlando Ribeiro deu um contributo inestimável para a construção da nossa própria identidade enquanto pessoas, enquanto povo, enquanto povo português.