O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DE FEVEREIRO DE 1998 1233

o Governo vier definir, de forma inequívoca, os seus critérios nacionais de classificação de eixos rodoviários em vias rápidas ou auto-estradas e ainda, quanto a estas, as que devem ser pagas ou gratuitas - as sofisticadas portagens virtuais.
No outro dia ouvi na rádio que o Governo tinha acabado de inaugurar um troço na região da Gardunha destinado a portagens virtuais. Interroguei-me: porquê?! Porque aquela via passará perto da porta do Sr. Primeiro-Ministro?
Enquanto este Governo não explicitar os seus critérios, o assunto não está encerrado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Ficamos à espera. É preciso que o Governo explicite estes critérios, o que ainda não fez, e, mais, quando os explicitar, é preciso que eles sejam convincentes, porque enquanto isso não acontecer esta paz não passará de uma paz podre, assente numa montanha de equívocos e num vulcão de novas e revoltantes surpresas.

Vozes do PSD: - Promessas! Promessas!

O Orador: - A defesa dos interesses das populações da região do Oeste e Leiria só não alcançou maiores e mais seguros resultados porque os socialistas - deputados, autarcas, governador civil - abandonaram completamente a causa das suas gentes, remetendo-se a uma posição de surpreendente e chocante passividade, de cega e absoluta apologética do Governo, de que, aliás, acabámos de ter, quase combinado, um exemplo flagrante, exibido pelo Sr. Deputado Henrique Neto.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Justiça seja feita ao Sr. Deputado Arnaldo Rebelo, também socialista, que, apesar do ambiente hostil criado pela cruzada fundamentalista do Sr. Deputado Henrique Neto pelo «pagamos tudo e já», não se vergou, mantendo-se distanciado e crítico. Mas se o compromisso a que o Governo se obrigou vier, de facto, a ser cumprido, não podemos deixar de expressar a nossa satisfação pelo mesmo, que representa um real e iniludível recuo do Ministro Cravinho.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Assim ele seja cumprido e executado integralmente e de boa fé!
O Sr. Ministro já disse que estará tudo feito dentro de curtos meses. Tanto melhor! Muitos lugares e populações verão, muito antes do que se poderia imaginar e, sobretudo, muito antes da luta que foi travada, consideravelmente melhorada uma estrada que lhes passa à porta, hoje intransitável.
De qualquer modo, cá estaremos para ver e ajuizar da execução, pelo Governo, do compromisso agora assumido.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Neste momento, eu diria - aliás, não seria necessário dizê-lo, vimo-lo - que o mais insatisfeito de todos nós será de certo o Sr. Deputado Henrique Neto, que a esta hora se contorce seguramente em espasmos de insatisfação e revolta. Afinal, ele queria pagar já e não paga!

Risos e aplausos do PSD.

E, quando pagar, estarão afinal feitas obras que nem mesmo a sua sempre fértil e ágil imaginação poderia adivinhar e menos ainda nelas pensar. Como não pensou obcecado como estava pela sua intrépida cruzada do «pagamos já, pagamos tudo, pagamos mesmo!»...

Risos do PSD.

Mais tarde, o Sr. Deputado Henrique Neto virá a ter ocasião de explicar aos habitantes da Marinha Grande, de Alcobaça e de outras terras por que razão pagarão, para se deslocarem a Lisboa, 1.400$00 por um carro ligeiro e 3.500$00 por um pesado. Será um momento de glória para o Sr. Deputado Henrique Neto.

Risos do PSD.

Nessa altura, a região terá, graças à obsessão socialista pelas portagens, não uma auto-estrada subaproveitada, como actualmente, mas duas. Eis a original via socialista para o progresso: devagar ou caro!
0 Governo recuou, na sequência da intervenção do Sr. Presidente da República. Mas teria o Governo recuado se outro tivesse sido o resultado eleitoral do PSD nas últimas e bem recentes eleições autárquicas? Se o eleitorado, em vez de ter desfeiteado o Sr. Primeiro-Ministro, como desfeiteou, tivesse mesmo exibido o tal e tão reclamado cartão amarelo ao PSD? 0 que penso é que não, e que hoje, em vez de em paz, estaríamos numa fuga para a frente de arrogância e pesporrência por parte do Governo.

Aplausos do PSD.

O que aconteceu é que, de facto, o eleitorado desfeiteou as pretensões do PS e deu nota positiva à política e às posições do PSD - isto à escala nacional; mas, mais ainda, à escala regional. Porque, no Distrito de Leiria, região directamente envolvida na querela, o eleitorado, em vez de penalizar a famigerada obstrução do PSD ao progresso (no dizer do Deputado Henrique Neto), o que lhe deu foi uma vitória histórica.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não tenhamos dúvidas: foi o eleitorado que atemorizou o Governo e o fez recuar o «socialismo democrático», uma vez mais, mesmo nesta sua experiência de inédita liderança católica, continua prisioneiro dos seus pecados ancestrais: a incoerência, que sempre o fez cair na tentação da demagogia, prometendo uma coisa e fazendo outra; e a propensão para, aquilo que eu designaria de despotismo das virtudes cívicas, uma variante de vanguardismo, que o leva com excessiva facilidade ao sectarismo, à discricionaridade e ao abuso do poder.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:. - Veja-se só com que rapidez o «betão a mais», do tempo em que o PS era oposição, se transformou no «betão a menos», em que é agora Governo; de como passou com tanta ligeireza do «não pagamos nada»,