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1234 I SÉRIE - NÚMERO 37

do tempo da oposição, para o «pagamos tudo», agora que é Governo.

Risos do PSD.

Aliás, um «pagamos tudo» com língua de palmo!

Risos do PSD.

E o diálogo - a outra grande vertente? Bem, o diálogo são as ameaças dó Ministro Cravinho e o fundamentalismo místico das campanhas apologéticas do Deputado Henrique Neto.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O célebre diálogo socialista está hoje reduzido à inacção, quando muito ao «nim», quase sempre à claudicação perante grupos de interesses e de pressão, e não raro à decisão desabrida, discricionária e pesporrente.

Aplausos do PSD.

Por isso, esta governação atrabiliária, sem rumo, que teme os fortes e desdenha dos fracos, que fere a dignidade dos humildes e provoca a raiva dos injustiçados! Se nos quisermos manter no ponto que hoje nós ocupa, e que constitui um flagrante exemplo do que caracteriza o caminho do Governo socialista, teremos de constatar que a, actuação do Ministro Cravinho não representa apenas a ausência de diálogo. Ela é muito pior do que isso! Ela constitui um acto deliberado de arrogância plena, absoluta e brutal, de tentativa assumida de humilhação dos seus críticos e opositores, de espezinhamente puro e simples. Sem esquecermos, Srs. Deputados, a acção simultânea e envolvente desenvolvida por grupos económicos e de pressão!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Razões de sobra para continuarmos atentos. Atentos à execução deste compromisso. Atentos às opções futuras do Governo. Nelas sobressai a localização na OTA - ou não - do futuro aeroporto internacional:

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Muito bem!

O Orador: - O Ministro João Cravinho deixou de ter pretextos para ameaças chantagistas sobre este ponto. Mas nunca se sabe! Correm rumores de que grupos privados tentam inflectir as soluções. As nossas preocupações não podem, pois, ser maiores. A actuação do Governo, de cedência aos grupos financeiros, obriga-nos a reforçar a vigilância. Queremos transparência. Queremos um dossier aberto. Queremos decisões ditadas, pelo interesse do País e dos portugueses, e não pelo. de grupos económicos e de pressão. Se necessário, Srs. Deputados socialistas e Sr. Deputado Henrique Neto, as populações voltarão à luta e à rua. Mas, desta vez não apenas no Oeste. Provavelmente, no País inteiro.

Protestos do PS.

Os senhores não estão habituados à rua! Os senhores, depois de ganharem as eleições, só andam de automóvel!

Risos e aplausos do PSD.

Enfim, alguns não andavam a pé - andavam de carroça...! De qualquer modo, o automóvel é um progresso desta sociedade de consumo...!
Desafiamo-vos, Srs. Deputados socialistas, desafiamos os socialistas a juntarem-se a esta luta. Nós não somos ciumentos! Se o fizerem, não deixaremos de vos aplaudir e de vos acompanhar. Se, em questão tão decisiva para o País, e muito em especial para a região, o Governo ceder uma vez mais a interesses e pressões de grupo, a luta voltará. Desta vez ainda com mais força e amplidão. Es; taremos atentos, Srs. Deputados! Se este Governo quiser paz, não a terá graças aos meios policiais e às leis repressivas, que tanto tem privilegiado - veja-se o caso da penalização, dos cortes de estrada. Se quiser paz, Srs. Deputados, se este Governo quiser paz, tem de trazer justiça. Ou não a terá!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Henrique Neto.

O Sr. Henrique Neto (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, o discurso de V. Ex.ª dividiu-se em duas áreas: a área do humor e a área mais séria, das questões mais sérias. Em relação à primeira, não vou bater-me com V. Ex.ª ganhar-me-ia, com certeza, já que leva uma longa experiência, que só posso admirar, não faço mais do que isso. Quanto à segunda, à da razão, essa sim, gostaria de dizer algumas coisas, até porque reconheço que na sua intervenção fez algumas observações sérias, justificadas e que devem ser ponderadas.
Começo pelo facto de que a guerra das portagens do Oeste acabou - regozijo-me com isso, até porque nunca deveria ter começado. V. Ex.ª falou no interesse das populações. Eu sou sensível ao interesse das populações, mas pergunto a V. Ex.ª quais populações? Apenas as do Bombarral? De toda a região do Oeste? Ou do Pais inteiro? É legítimo levar às últimas consequências o interesse das populações de uma pequena região, pondo em causa todo um sistema, que está organizado, do sistema rodoviário, que se baseia (goste-se ou não, seja ou não justificado) no pagamento de portagens? Essa é a verdadeira questão. Por isso, eu não sou adepto de que se pague portagens em abstracto; sou adepto do desenvolvimento do País, da modernização do País, e pagar portagens é um instrumento essencial desse processo.
V. Ex.ª disse uma outra coisa com a qual eu concordo: é importante que, quando se inova, quando o - Sr. Ministro João Cravinho - lamento que V. Ex.ª não o conheça melhor; eu conheço-o há muitos anos e lamento que, sobre ele, tenha uma ideia errada - avança para soluções diferentes, modernas, para resolver problemas de forma diferente do passado - que é o que está a procurar fazer-se - existem dúvidas, e dúvidas legítimas. Portanto, estou certo de que se esta Câmara chamar o Sr. Ministro João Cravinho para esclarecer esses temas, nomeadamente em Comissão, pessoalmente acharia da maior utilidade...

O Sr. Gonçalo Ribeiro da Costa (CDS-PP): - Ele nunca vem!

O Orador: - Não tenho dúvida de que ele o fará com toda a naturalidade e que todas as dúvidas de V. Ex.ª