O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

27 DE MARÇO DE 1998 1791

ordem do dia, temos ainda tempo para dar a palavra ao Sr. Deputado Mendes Bota, ao abrigo do artigo 8l.º, n.º 2, do Regimento. Porém, como hoje temos uma ordem de trabalhos muito exigente - temos ainda dois votos para ler e discutir -, peço a compreensão do Sr. Deputado Mendes Bota, perguntando-lhe se seria possível que a sua intervenção ficasse para o próximo dia, tanto mais que, como o seu pedido já vem tão de trás, Sr. Deputado, aguardar mais uma sessão ou outra...

O Sr. Mendes Bota (PSD): - Com certeza, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Muito obrigado, Sr. Deputado, agradeço a sua compreensão.
Srs. Deputados, vamos então passar à leitura do voto n.º 105/VII - De pesar pelo falecimento de Sua Eminência Reverendíssima o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, subscrito pelo Presidente da Assembleia da República, na sequência de um acordo feito na Conferência de Representantes dos Grupos Parlamentares, e que é do seguinte teor:

"Faleceu Sua Eminência Reverendíssima o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro.
Prelado eminente - um verdadeiro príncipe da Igreja exerceu durante décadas, com excepcional elevação, sentido de Estado e superior serenidade, o seu múnus sacerdotal.
O País habituou-se à sua imagem serena, à sua palavra eloquente e ao seu conselho avisado, nomeadamente nos momentos mais delicados da história recente. A sua morte deixa Portugal de luto.
A Assembleia da República, após ter querido associar-se ao luto nacional, cancelando a sua sessão plenária do dia de ontem, aprovou, por unanimidade, na sessão de hoje, um voto de profundo pesar, endereçando à Igreja Católica, ao Patriarcado de Lisboa e à família enlutada as suas mais sentidas condolências."

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa de Melo. Dispõe de três minutos.

O Sr. Barbosa de Meio (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PSD inclina-se, com profunda emoção e respeito, perante D. António Ribeiro, Cardeal Patriarca de Lisboa, associando-se ao voto de pesar pelo seu falecimento apresentado pelo Sr. Presidente da Assembleia da República.
Nas missões e ministérios a que foi chamado na Igreja Católica, universal e portuguesa, e na Diocese de Lisboa, D. António Ribeiro é, a muitos títulos, uma figura exemplar.
Homem superiormente inteligente e culto e, ao mesmo tempo, extraordinariamente discreto e simples, assumiu-se como prelado corajoso e esclarecido na promoção e defesa do património espiritual da Igreja Católica e na afirmação da liberdade dela perante os "poderes do Mundo"; soube estar atento ao fluir da vida e captar, com sagacidade e a tempo, o sentido das mudanças históricas de que foi testemunha e os desafios novos que trouxeram 3/4 e estão a trazer 3/4 à cultura humanista e cristã e à sua transmissão às gerações futuras; foi mestre inexcedível na gestão das crises, ou das ameaças de crise, nas relações entre a Igreja e o Estado, quer antes quer depois do 25 de Abril, combatendo com igual intensidade as tentações do cesarismo e do clericalismo.
Este filho ilustre do povo português, profundamente ligado à terra onde nasceu e à vocação universal da sua fé e da sua razão, desempenhou, de corpo e alma, as tarefas altamente honrosas que lhe foram cometidas com a serenidade, a magnanimidade e a discrição de um príncipe 3/4 um príncipe da Igreja, como diz V. Ex.ª no voto de pesar que escreveu.
Ele poderia decerto dizer, como reza o salmo: "Não escondi a vossa justiça no fundo do coração, proclamei a vossa fidelidade e salvação."
À Igreja Católica, universal e portuguesa, à Diocese de Lisboa e à família enlutada, o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata apresenta sentidas condolências pelo falecimento do Sr. D. António Ribeiro, Cardeal Patriarca de Lisboa.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS-PP): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, sentimos ontem que Portugal perdeu um cidadão exemplar, um cidadão que amou apaixonadamente o seu povo e o seu País, mas também sentimos que todos ganhámos com os muitos méritos que o sofrimento inenarrável do Sr. Cardeal D. António Ribeiro sofreu em silêncio, nos últimos tempos da sua vida, e que quis oferecer por todos nós, pelo seu povo, pelos seus concidadãos, pelo seu País. Portugal e a Igreja Católica ganharam também, Sr. Presidente, um desses heróis silenciosos a que o povo chama "santos".
Todos recordamos a importância decisiva que o Cardeal D. António Ribeiro teve na construção e na consolidação do País livre e democrático que hoje temos e de que nos orgulhamos. Tive o privilégio de ser testemunha presencial do empenho com que o Sr. D. António Ribeiro preparou, desde os recuados anos 60, alguns dos homens que tiveram uma importância decisiva nesta evolução pacífica que fizemos. Recordo aqui o José Pedro Pinto Leite, o João Pinto Leite, o José Manuel Pinto Correia e o Francisco Lino Neto, todos amigos do coração e que só refiro porque todos eles já morreram. Mas muitos outros foram formados para a opção que hoje se chama "dos desprotegidos" e que os marcou a todos num zelo e num amor, primeiro, aos que mais sofriam e mais precisavam. Ao Sr. D. António Ribeiro, Portugal deve a formação desses homens.
Fê-lo em silêncio, fê-lo como viveu e como morreu, e é no silêncio, Sr. Presidente, que os homens são grandes, que os homens demonstram que para entrar na História não precisam de espelhos nem de elogios, precisam apenas de uma coisa mais preciosa: a coerência permanente, e durante toda a sua vida, com aquilo quer amam e em que acreditam.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, também o Grupo Parlamentar do PCP se associa sentidamente ao voto de pesar por V. Ex.ª apresentado em memória de D. António Ribeiro, Cardeal Patriarca de Lisboa.
Ao expressarmos a nossa consternação, recordamos a figura que marcou a história da igreja portuguesa nos úl-